segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Não sou Mentiroso, nem Impostor, nem Falso, nem Intrujão, nem Hipócrita, nem...
- Engana-os porque lhes cria a ilusão de que ficam a saber mais;
- Engana-os porque lhes cria a ilusão de ficarem mais habilitados para arranjar emprego;
- Engana as estatísticas, portuguesas e europeias, inchando os números de diplomados;
- Engana os portugueses com um falso "investimento" na educação e na formação;
- Engana os portugueses que ainda pensam que os fundos europeus serão empregues em "Formação". Não. Não. Servirão, apenas, para encher os bolsos de milhares de xicos-espertos.
- Engana as escolas que, à procura de clientela, de computadores e verbas do QREN, instalam Centros Novas Oportunidades nas suas instalações. Estas escolas "CNO" ainda não perceberem o mal que fazem a si próprias, à educação e aos jovens que não precisam de "novas oportunidades". Participam elas próprias no engodo, transmitindo à sociedade a imagem de escolas de 2ª categoria, escolas em que não é necessário esforço para ter sucesso educativo; escolas onde bastam 3 meses para obter um diploma...
sábado, 22 de dezembro de 2007
Autonomia, Administração e Gestão das Escolas I
Começando pelo preâmbulo, destaco as 3 linhas que o governo assume como orientadoras deste projecto e com as quais concordo genericamente:
1 - Reforço da participação das famílias e das comunidades na direcção estratégica das escolas.
O governo transfere para um novo órgão a criar - Conselho Geral (CG) - uma espécie de Assembleia de Escola, competências claras de direcção: escolha do gestor da organização - director executivo (ainda se movem alguns fantasmas com a designação de "Reitor"). É neste órgão que estão representados os interesses da escola: alunos, professores, funcionários, pais, autarquia e comunidade local. Como já aqui , aqui e aqui defendi, é neste órgão, e não noutro, que se materializam os princípios da democracia e da representatividade, previstos na Constituição e LBSE. Concordo que os interessados na escola não são só os professores nem os que lá trabalham mas também aqueles que dela beneficiam: os alunos e os pais (que são constitucionalmente os responsáveis pela educação dos filhos menores); a comunidade onde está inserida (sim, sim, também os políticos têm importantes e legítimos interesses na escola que serve as suas populações).
Por isso, parece-me bem que sejam os interessados a dirigir a escola, a estabelecer-lhe metas e objectivos, a nomear (e não a "eleger") o gestor (concordo que deve ser um professor, qualquer um e não, como já li, apenas do sector público) e a demiti-lo ,sem apelo nem agravo, caso ele não cumpra os objectivos com que se comprometeu, ou se desvie daquilo que são os interesses da comunidade (alunos, professores, funcionários, pais, autarquia...), por ela, comunidade, definidos, e não por outros - órgão de gestão - como agora acontece.
2 - Reforço da liderança. Órgão unipessoal ao qual são assacadas responsabilidades pelos recuros geridos e resultados alcançados. Também concordo com este princípio assumido pelo Governo. É verdade que a história da gestão escolar desde o 25 de Abril convie com péssimas histórias de "gestão escolar democrática e colectiva". Também é verdade que são conhecidos excelentes casos de sucesso de lideranças "colectivas". Contudo, nestes casos, destaca-se sempre uma das figuras do órgão colectivo que "arrasta" a escola atrás de si. Ou seja, mesmo no modelo actual em que predominam esmagadoramente os órgãos colegiais, nas boas lideranças e nos bons exemplos, destaca-se sempre uma pessoa, um indivíduo. Mesmo nas "escolas de futuro".
Haver um rosto a quem assacar responsabilidades pelos resultados obtidos é fundamental para credibilizar a gestão das escolas. E a única forma de responsabilizar alguém.
Obviamente, a ser assim, deve ser o Director a nomear todos os responsáveis intermédios da gestão da escola, desde os coordenadores passando pelos directores de turma até aos chefes dos funcionários (e aqui vejo a primeira falha do projecto: nada diz quanto à nomeação desses importantes responsáveis intermédios que são os chefes dos funcionários).
3 - Maior autonomia das escolas. Também defendo a tese de que as escolas precisam de mais autonomia, ou seja, de mais poder de decisão, nomeadamente na gestão diária. Discordo do projecto na parte em se refere que "do reforço da autonomia das escolas tem de resultar uma melhoria do serviço público de educação". Não se pode permitir que a uma maior autonomia corresponda pior serviço público de educação. Mas também podemos não ter melhor. Bastará que o serviço não piore nem fique mais caro para já se justificar a autonomia.
Aliás, a autonomia não convém às DREs, às Direcções Gerais e aos Serviços Centrais, não porque o serviço público de educação possa melhorar ou piorar (estão-se nas tintas para isso), mas porque perderão pessoal, orçamento, poder e influência.
A autonomia não põe em causa a qualidade do serviço público de educação, mas o seu custo.
É aqui que bate.
Reitor
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Não olhes para o que eu digo...
À medida que se desenvolve o artigo, somos surpreendidos por algumas preocupantes curiosidades:
1 – Que o estudo assentou numa visita a “cinco estabelecimentos de ensino (três escolas públicas dos 2.º e 3.º ciclos e dois colégios privados) … próximos uns dos outros”
2 – Que a investigação levada a cabo durante essa visita permitiu se estabelecer as seguintes teses:
a) As escolas seleccionam alunos com base na “análise do percurso escolar
anterior – ao arrepio da legislação e da própria Constituição”, note-se
b)
Esta selecção faz com que existam estabelecimentos de ensino muito próximos com
populações estudantis muito distintas o que “dá origem a nichos de excelência
como a guetos de exclusão".
c) O comportamento selectivo das escolas é “pouco
democrático”, injusto e originador de graves “assimetrias na rede de ensino”,
agravadas pela diferenciação social na constituição de turmas.
d) A escolha
dos estabelecimentos de ensino [pelos pais] é, cada vez mais, objecto de lutas e
pressões sociais.
e) Que metade dos alunos de classes sociais desfavorecidas
tinham sido recusados por uma outra escola, frequentada por alunos das classes
média ou alta.
O investigador remata o seu estudo com duas inusitadas conclusões:
1 - O sistema educativo que deveria ser “supostamente igual para todos”, afinal cria nichos de excelência e guetos de exclusão, o que é um risco para a escola inclusiva e integradora”.
2- A constituição das turmas obedece a uma “lógica perversa”; por um lado, constituem-se turmas com "filhos de professores, médicos e juristas e outras onde predominam alunos problemáticos". Por outro, os professores mais velhos ficam "om as turmas de excelência, cabendo aos mais novos as restantes".
Para aqueles experts que defendem o status quo do actual sistema educativo e que se abespinham todos, mal se fala em qualquer reforma ou alteração, quer à forma como se organizam as escolas, quer à avaliação do professorado, quer à liberdade de escolha da escola, este “estudo” deveria ter causado um choque brutal.
Afinal, a escola actual não serve. É injusta, geradora de guetos, de assimetrias sociais, de desigualdades ...de iniquidades.
Deveria ter sido um choque, mas não foi. Numa entorse ideológica, vêm defender que, afinal, aquilo que está mal não é a escola actual, idealizada por uma esquerda aburguesada, dispersa pelo “centrão político”. Não. O que está mal é a escola que alguns opinadores ditos liberais defendem.
Preferem que se mantenha o actual (de décadas!) estado das coisas em que, apenas, alguns escolhem as escolas e os professores dos filhos: os “habilidosos”, os que conhecem bem os estreitos caminhos do favor, do interesse, da cunha.
Preferem as escolas sem autonomia, telecomandadas à distância pelos serviços desconcentrados do M.E., em que nunca nenhum (ir)responsável foi alguma vez condenado pelas actuais (de décadas!) práticas de segregação de alunos, de base social e económica, às escolas com autonomia com rostos, nomes e pessoas concretas a quem pedir responsabilidades pela prática destas injustiças e discriminações, se se viessem a verificar.
Ele há cada coisa...
Reitor
sábado, 15 de dezembro de 2007
Escolas, Democracia e Eleições - mais uma confusão.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Ora vamos lá à tréplica
PG - O Reitor engana-se - mesmo não existindo ainda qualquer diploma sobre a mesa - porque assume que o Director é o Gestor da Escola e o futuro Conselho Geral é a Direcção.
R – Posso estar enganado. Até porque não conheço, nem muito, nem pouco, nem nada, a proposta do Sócrates (nem sei se ele próprio a conhece…), mas a lógica do anunciado é esta: as escolas serão dirigidas por um órgão colegial de representação dos interesses (Conselho Geral / Assembleia / Conselho Municipal...). Ou seja uma espécie de Conselho de Administração que manda efectivamente na escola. Que lhe estabelece objectivos, traça as directrizes gerais, nomeia/demite gestor, aprova orçamento e contas, planos de actividades, regulamento interno, etc… Este é o órgão de representação de todos os interesses na escola. Logicamente, os professores, funcionários, alunos e pais, pelo menos, terão de estar representados pois têm interesses na escola (disse-o o PM). E, assim sendo, só por eleição de representantes. Não há outra forma. Também não são necessários mais órgãos de representação. Aliás, hoje acontece a mesma coisa: o único órgão de “representação” nas escolas é a Assembleia. Portanto, penso que não serei eu a estar enganado …
PG - ...Quanto ao Director afirma-se que será por concurso público, com base em candidaturas e currículos profissionais. Não me parece que aqui tenhamos, em qualquer momento, um processo que garanta a democraticidade exigida - bem ou mal não vem ao caso - pela LBSE.
R – Em momento algum a LBSE impõe que o Director da Escola seja eleito. Cito-lhe o nº 1 do artº 46º “ 1 - A administração e gestão do sistema educativo devem assegurar o pleno respeito pelas regras de democraticidade e de participação que visem a consecução de objectivos pedagógicos e educativos, nomeadamente no domínio da formação social e cívica”. Nada. Não se refere a palavra “eleição” em lado nenhum. E, por democraticidade não se pode entender “eleição do Director” porque, se assim fosse, para manter a democraticidade que V. defende, também se entenderia que os funcionários deveriam eleger os seus chefes e os alunos os seus professores e directores de turma, só para lhe três exemplos. E isto não acontece.
E, insisto, em momento algum o artº 48º refere a eleição do Director ou dos actuais Conselhos Executivos das Escolas. Posso continuar enganado, mas este artigo apenas exige que a “direcção” das escolas seja eleita democraticamente. Temo que se tivéssemos apostado, você iria pagar o almoço…
PG - ...Mesmo a questão da integração da comunidade educativa deve ser entendida mais no plano dos órgãos consultivos cuja existência se preconiza e não propriamente no âmbito dos órgãos de administração.
R – Erro que sistematicamente comete o eduquês (note que não o incluo nesta estirpe. Você tem contestado de forma lúcida e avisada estas doutrinas perniciosas) e que tem dado origem a que nos Conselhos Pedagógicos estejam, pais, alunos e funcionários!?!?: a comunidade (especialmente os pais) não devem participar nunca em órgãos consultivos – estes devem ser constituídos, apenas, por profissionais da educação. Os pais e a comunidade têm interesses superiores na escola. Interesses de direcção e de política escolar, não interesses de gestão.
PG - … O que me interessa é que não julgo que a adopção de um modelo do tipo director iluminado omnipotente seja a solução ideal para o nosso caso. Tanto pela fórmula, como pelo método de selecção que permanece desconhecido. E se os candidatos forem todos maus? Escolhe-se o mal menor? E quem faz a escolha? Que competência para essa função demonstrou?
R – O Director é escolhido por quem manda (dirige) na escola. É a direcção (Conselho Geral?) que nomeia e se responsabiliza pelos objectivos que a escola venha ou não a alcançar. Suponha que tem um empresa… Escolhe o gestor e, se ele não cumprir os objectivos que V. lhe estabelece e com que eles se compromete, você demite-o. Aqui é que está a maior responsabilização das escolas e das comunidades: o sucesso de cada escola dependerá das metas e objectivos que a sua Direcção lhe estabelecer.
PG -Repito: cada sistema educativo tem a sua história, o seu trajecto. O nosso é um enxerto de reformas sobre reformas, mesmo em período de ditadura (os anos 30 passaram em boa parte em sobressalto, nos anos 50 houve mudanças importantes, na sequência de uma maior abertura a influências externas como a OCDE e nos anos 60 novamente, ainda antes da projectada reforma de Veiga Simão). A necessidade de estabilidade que as escolas têm não é interna, é antes exógena e relaciona-se com a montanha russa do reformismo permanente e, para ficar com coisas eslavas, a roleta russa da legislação, que normalmente traz o carregador cheio de balas que nem são, nem deixam de ser. Não matam de vez o sistema, nem o salvam. Vão apenas moendo quem por lá passa e em especial quem lá fica mais tempo (os professores).
R – Concordo em absoluto com estas asserções.
PG - …É a segunda vez que o poder madeirense legisla sobre a matéria e também é a segunda vez que o Tribunal Constitucional (TC) reprova o modelo de gestão das escolas. Depois do decreto legislativo 4/2000/M foi a vez, agora, do diploma aprovado em 22 de Março do corrente pelo parlamento madeirense.
O representante da República entendeu que o nova lei regional chocava com os «princípios de democraticidade e participação» consagrados na Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE).
R – É verdade. Só que, não esqueça, o acórdão nº 262/2006, de 002/06/2006 é do Tribunal Constitucional e não do representante da República. E o TC, termina a sua fundamentação, nesse acórdão, desta forma exacta: Assim, nesta parte, importa concluir pela não violação da Lei de Bases do Sistema Educativo.
Vamos lá ver se a bátega lhe molhou a pólvora
Reitor
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Ui! Ui! Que confusão vai por aí
1 - Começou por citar a Lei de Bases do Sistema Educativo para alertar os menos informados de um presumível desrespeito da lei com a nomeação dos directores executivos. Primeiro tiro ao lado: são, precisamente, os números 2 e 4 do artº 48º da LBSE, que o Paulo sublinha para exemplificar esssa desconformidade legal, que permitem um modelo de administração e gestão escolar como Sócrates anunciou no Parlamento. Vejamos: por um lado, não se deve confundir direcção das escolas com gestão das escolas. O Director Executivo de Sócrates é o gestor da escola; o dito cujo Conselho Geral de Sócrates é a "direcção" da escola que, presumo eu, será constituída, na maioria dos casos, por eleição de representantes: caso dos pais, alunos, profs e funcionários. Portanto o modelo socretino assegura que a "direcção" da escola seja democraticamente eleita.
2 - O segundo tiro na água e que, aliás, perpassa nas suas opiniões do Paulo sobre gestão das escolas, tem a ver com a ideia de que quanto mas personalizada e individualizada a gestão das escolas, maiores as tendências "autoritárias" dos gestores e a tendência para se manterem agarrados à cadeira. Claro que a gestão das escolas é, também, uma questão de poder. Mas a eternização e o autoritarismo não têm nada a ver com eleições, órgãos colegiais/unipessoais e outros "esquerdismos" démodés. Aliás, em que países do mundo a gestão das escolas é parecida com a nossa? Nos países europeus, até na Europa de Leste e noutros países desenvolvidos do mundo, a gestão é entregue a um responsável de carreira (Reitor vai bem. Proviseur, pior), que é responsabilizado perante quem tem poder sobre a escola (o dono): o empresário privado, a cooperaqtiva, a comuna/cantão, ou o Estado ou outros. É nomeado e é demitido tal como o responsável por uma empresa/organização qualquer.
3 - O terceiro tiro (estava mesmo com azar) deve-se ao facto de ter acreditado que, da Madeira, vinha bom vento... Mas não vem. O sr. Secretário Regional da Educação e Cultura enganou-se, não disse tudo. O diploma de gestão escolar que Alberto João queria impôr nas ilhas foi considerado ilegal porque contrariava flagrantemente o RAAG (Dec. Lei nº 115-A/98) que regula a gestão escolar e que Sócrates quer alterar e não pela LBSE.
Acórdão nº 161/2003, DR Nº 104 de 06/05/2003
Nestes termos, o Tribunal Constitucional decide:
a) Declarar, com força obrigatória geral, a ilegalidade das normas constantes dos artigos 7º, nºs 2 e 6, 11º, nºs 3 a 8, 14º, nº 3, 17º, nºs 1 e 2, 18º a 29º, 63º, 67º e 76º do regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos de
educação e de ensino públicos da Região Autónoma da Madeira, aprovado
pelo Decreto Legislativo Regional nº 4/2000/M, de 31 de Janeiro, por
contrariarem os princípios fundamentais do regime de
autonomia, administração e gestão dosestabelecimentos da educação
pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, aprovado pelo Decreto-Lei nº 115-A/98, de 4 de Maio.
Ou seja, pela actual Lei de Bases é possível proceder à alteração do modelo de administração e gestão escolar (DL 115-A/98) tal como quer o nosso Primeiro. Mantendo o actual modelo de admistração e gestão escolar (DL 115-A/98) não é possível fazer o que queria fazer na Madeira Alberto João e sus muchachos . Percebe a diferença?!
Reitor
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
É passá-los a todos
(Jorge Pedreira, Público & DN, 05-12-2007)
domingo, 25 de novembro de 2007
Mais um prego...
domingo, 4 de novembro de 2007
Ai os oportunistas...
Consta por aí que, na execução de alguns programas e jogos pré-instalados, os PCs encravam de tal modo que têm de ser desligados com o botão on/off.
Mas o pior é que se liga para a TMN (que passou a factura e recebeu os 150 euros) e "não é nada connosco, o PC é da Fujitsu, portanto, é a eles que deve reclamar". Da Fujitsu: "não não é connosco. A TMN instalou software inapropriado e é por isso que o PC não funciona. O problema é deles". Ai os malandros... Então não é com ninguém.
Cheira-me a que vamos ter chuva.
Mais um projecto para ir aos bolsos de milhares de portugueses... Só em telefone e reclamações...
É devolver os PCs e pedir os euros.
Reitor
domingo, 28 de outubro de 2007
A Direcção dos Rankings
Reitor
Entre o parecer e o ser...
sábado, 29 de setembro de 2007
Impostor
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Mais Autonomia III - A "relação de inquirição"
domingo, 26 de agosto de 2007
Todos os nomes
que têm antenas dentro das suas instalações. Algumas estão mesmo localizadas no topo dos edifícios.
Está ou não está desligada? Eis a questão que preocupa a responsável pela escola do Viso.
Fala-se de tudo: das radiações, do cancro, de uma escola espanhola, da DREN, da Associação de Pais, da Óptimus; de medições, de contrapartidas, etc,, etc....
Só há uma pergunta que não é feita. Aliás, duas:
Afinal, quem deu autorização pela colocação e quem é responsável pela manutenção de uma antena de telemóveis no pátio de uma escola?
Estas perguntas e as respostas consequentes nem sequer foram afloradas na peça. E eram estas as questões a que urgia dar resposta.
Tão importante como saber se está a funcionar ou não, é saber os nomes das pessoas que autorizaram e permitiram que a antena esteja colocada num espaço público frequentado por crianças.
Reitor
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Mais uma cavadela e ...minhoca
Agora pariu outra: foi publicado hoje mesmo na DGRHE um despacho deste preclaro ajudante de governo que impõe a cessação do mandato dos Coordenadores de Departamento Curricular, eleitos nos termos do Decreto-Lei nº 115-A/98, alguns com mandato de 3 anos.
domingo, 15 de julho de 2007
Retrato do país
E o senhor de que freguesia é?
Sou de Famalicão.
Ah! E porque veio até aqui?
Vim numa excursão do partido socialista.
E a senhora, de que freguesia é?
E o senhor?
Sou de Teixoso.
E a senhora aqui ao lado. Também veio com o PS?
Vim. Sou do Arco de Baúlhe.
Não sei.
domingo, 8 de julho de 2007
O Conselho
E, por sinal, tantas novidades (e algumas delas curiosas) poderiam ser noticiadas:
- Esteve toda a equipa ministrial presente na tomada de posse e, também, no almoço que se lhe seguiu, nas próprias instalções na zona de Cascais. A minha amiga veio bem impressionada com o Valter (neste encontro achou-o muito distendido.
- Foi um almoço "tipo casamento": a Sra. ministra e ajudantes passeavam-se pelos corredores e pelas mesas convivendo em amenas cavaqueiras com os neófitos e ilustres conselheiros.
- Tiraram-se "fotos de família" para assinalar a efeméride (Estou mortinho para as ver. Já lhe pedi uma, mas disse-me que foi o serviço do ME que as tirou).
- Viram-se, antes e após o almoço, algumas movimentações de "candidatos" a Presidente do Conselho. Muitos sorrisos e simpatias, cumprimentos daqui e dali, enfim, pré-campanha.
- Apareceram 4 candidaturas a Presidente: uma do Porto; outra de Lisboa; outra de Setubal e outra de Santarém.
- Foi eleito à primeira o candidato do Porto. Foi um dos cabeças das listas do Porto, chamado Álvaro Almeida Santos (fiz busca, mas não encontro foto nenhuma na net. Encontrei que o dito é membro do Conselho Municipal de Educação de Vila Nova de Gaia e Presidente desta Escola).
Portanto, havia algumas coisas para dizer...
E sendo este Conselho um órgão de aconselhamento novo, criado pela própria ministra, até me admiro que o ministério, que é pródigo a noticiar o que ainda vai acontecer, esteja tão caladinho num contecimento destes.
O mais natural seria o ME dar publicidade (e que publicidade!) à coisa.
Será que esta ausência de publicidade é a medida da importância que o órgão vai ter?
Será que o silêncio do ME é o sinal da importância que concede a um órgão que ele próprio, ME, criou? Não me parece.
O Me deve estar a guardar o trunfo, para o apresentar em momento politicamente mais oportuno. Agora são os exames que estão na agenda... É preciso deixar render...
Quanto à importância do Conselho das Escolas, que o órgão não vai ter importância quase nenhuma, não tenho dúvida.
Se o ME não dá importância aos sindicatos (organizações que é obrigado a ouvir), porque a daria a um conselho de professores que ouvirá quando e para o que muito bem quiser?
Cá para mim, este conselho será um órgão a quem se pedirão os conselhos que interessam; a quem se incumbirá de pequenas e insignificantes coisas e que se cilindrará ao mais pequeno sinal de autonomia e voz própria.
Oxalá me engane.
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Poupança
O Custo dos exames nacionais será significativamente reduzido este ano
Continuamos a ler o resto da notícia, interessados, pois não é todos os dias que a administração pública vem dizer que está a poupar (!?!?!) e ficamos a saber qual o segredo desta poupança: por um lado, reduziu-se o número de provas que passou de 56 para 38 e, por outro, os critérios de classificação já não são distribuídos em papel, mas apenas disponibilizados na Internet.
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Números convenientes
sábado, 16 de junho de 2007
É desta, ou ainda demora?
No ano passado, por esta altura muitas vozes se levantaram contra o despacho do Secretário de Estado, Valter "excesso de faltas" Lemos, que permitiu que alguns alunos pudessem realizar exame na 1ª e 2ª fases, na mesma disciplina, escolhendo depois a melhor nota para acesso ao ensino superior. O que não era permitido a todos. Na altura, desconfiou-se que esta mudança pontual, localizada e intempestiva das regras dos exames nacionais, para além de manifestamente ilegal, parecia feita à medida de alguns candidatos ao ensino superior.
Um acórdão do Tribunal Constitucional classificou, terça-feira, como «inconstitucionais» as normas que permitiram repetir os exames de Física e de Química do 12º ano, no final do ano lectivo 2005/2006, apenas aos alunos que optaram pela primeira chamada.»
O dito despacho "contraria o princípio da segurança jurídica e o princípio da igualdade de oportunidades", segundo o TC. Ou seja, é ilegal. Não deveria ter sido aplicado.
Muito bem. E agora?
Que vão fazer os três governantes que juravam a pés juntos que o despacho era legal? Como se sentirão estes três políticos que, objectivamente, prejudicaram milhares de jovens não lhes dando uma 2ª oportunidade para realizar os exames como deram a outros jovens, igualmente portugueses, igualmente cidadãos?
Será que estes responsáveis pela educação não se sentem?
Os portugueses pagam bem aos seus políticos. Os políticos têm total liberdade de decisão. Até para cometer ilegalidadades. Saibam assumir os políticos as suas responsabilidades.
Vão-se embora, se fazem favor.
P.S. - Espero que ninguém envie um sms à dren - Dra? Margarida Elisa - informando-a daquilo que aqui escrevi hoje.
Reitor
quarta-feira, 23 de maio de 2007
Suave como uma pluma
Ao abrir um processo disciplinar a um funcionário com base numa piada dita por este, dá "nobre exemplo" educativo aos portugueses da firmeza e do rigor com que devem ser exercidas funções de direcção. Veremos se o processo se segura de pé?
Ao suspender o dito funcionário, sem proposta de instrutor nem decisão governamental nesse sentido é certo que ultrapassa a lei mas, por outro lado, dá uma "exemplo" educativo aos portugueses daquilo que deve ser o exercício de poder, na versão "solidária" e "justa" do PS mais paroquial e mesquinho de que há memória.
Margarida Moreira, de quem não se conhece uma única linha escrita, uma ideia, ou um pensamento sobre educação ou o que quer que seja, na ansia zelosa de proteger o eng? Sócrates deu-lhe mais um pequeno empurrão, colocando-o no lugar que é o dele: um indivíduo de duvidoso carácter que exerce as nobres funções de 1º ministro.
E, como comissária política do PS, que se preza, Margarida Moreira veio recolocar a atenção dos portugueses sobre um assunto que, de facto e ao contrário do que muitos dizem, também interessa ao país: a forma como o eng? Sócrates obteve as suas "habilitações", a forma como usou e permitiu que se usasse, indevida e censuravelmente, títulos que não possuía.
Mas ainda fez mais: veio lançar mais uma acha na fogueira da vaidade, da descortesia e tremenda falta de chá que, inexoravelmente, a vai consumindo de vitória em vitória até à derrota final.
Já falta pouco.
Reitor
terça-feira, 10 de abril de 2007
Senhor engenheiro
terça-feira, 27 de março de 2007
Mais te valia estar calado II
Será o governo ou serão os tribunais, interroga-se ele mais adiante.
Ao longo de todo o artigo faz a apologia de que os juízes tentam (e conseguem muitas vezes) ultrapassar o seu estatuto e funções e intrometer-se no campo do poder político - do Governo e do Parlamento: dá até alguns maus exemplos de “ingerência” do poder judicial no campo do poder político, como sejam os casos dos professores que têm reclamado (e vencido) sobre o pagamento extraordinário das horas de aulas dadas para além do seu horário, ou dos alunos que reclamaram (e têm vencido) do tratamento desigual relativamente aos exames de acesso ao ensino superior.
Resumidamente, MST, aconselha a que os tribunais não interfiram nas decisões políticas, nem quando essas decisões, de acordo com os interessados, desrespeitam a Constituição e as Leis.
Resumidamente, MST, é contrário aos direitos de defesa dos cidadãos que estariam, se fosse ele a mandar, à mercê dos políticos e das maiorias políticas conjunturais. Os professores e os alunos, nos casos referidos, deviam submeter-se aos desmandos dos actuais políticos e respeitar, serenamente, as suas “legítimas” decisões.
De acordo com a “teoria” de MST, após as eleições ou a escolha do governo, a nossa “obrigação” seria submetermo-nos à sua legitimidade e acolher, preferencialmente de boa cara, as suas decisões. Ou seja, o povo deveria resignar-se durante os 4 anos do mandato do governo e voltar a falar (contestar) apenas, nas próximas eleições.
MST devia saber que à questão “quem governa?” pode dar-se uma resposta similar à questão “quem exerce a ditadura?”. E a resposta quer a uma quer a outra não faz avançar a sociedade. Nem resolve qualquer problema político ou filosófico, pelo contrário, coloca-nos questões paradoxais.
Como muito bem defendeu Popper há cerca de 60 anos, a questão não é “quem governa?”, mas sim, como poderemos organizar as instituições políticas de forma a evitar que os governantes perniciosos ou incompetentes provoquem danos excessivos ?
Só há uma forma de o evitar: criar e manter instituições democráticas que equilibrem, fiscalizem e controlem o poder (governo).
E há várias instituições de controle nas democracias: o voto, o recurso, o Parlamento, os Tribunais e outros…
E, ao contrário do que defende MST, os tribunais não são um empecilho ao governo, nem um poder ilegítimo, nem devem abster-se de intervir em todo e qualquer assunto para o qual tenham competência legal. Até porque os tribunais são, também eles, instituições que se regem por leis feitas pelos políticos e se submetem, eles próprios, ao controle democrático.
domingo, 25 de março de 2007
Veja as diferenças
1 - Há escolas que têm critérios de avaliação dos alunos. Pode-se discordar, concordar, rebater ou apoiar mas... têm.
2 - Há outras que ostentam documentos designados "Critérios de Avaliação" dos alunos mas, ao folheá- los, nada consta sobre o assunto.
3 - Outras há que, no que toca a critérios de avaliação... nem vê-los.
A definição e divulgação dos critérios de avaliação é um serviço mínimo a que cada escola está obrigada - por questões de transparência e de equidade.
Ora, as escolas que não os publicitam e/ou não os definem (não afasto esta última possibilidade) deveriam ser penalizadas em eventual, futura e imprescindível avaliação externa.
Reitor
quinta-feira, 22 de março de 2007
Onde é que já vimos isto?
A reportagem procurava esclarecer muitas da referências negativas à "suspeita" licenciatura de José Sócrates tirada na Universidade Independente, a inenarrável escola dos Aroucas e Verdes; ou dos Verdes e dos Aroucas. Para este assunto, é o mesmo.
Como muito bem se diz na reportagem: ...o currículo académico de um político ou qualquer outra figura pública não é
critério para o avaliar nem como pessoa, nem para saber se é ou não competente para exercer o cargo que ocupa. O que está em causa não é saber se merece ou não o título com que se apresenta, mas para verificar se agiu sempre de forma limpa, leal e legal.
segunda-feira, 19 de março de 2007
Rejubilai, pois, todos vós...
Vamos lá a ver quem cava a sepultura a quem. Tão lépidos no seu afã de impor medidas neo-liberais que até se esquecem de resguardar as costas. Cá se fazem, cá se pagam.
Director-geral
quarta-feira, 14 de março de 2007
Última hora
sexta-feira, 9 de março de 2007
A forma e o conteúdo
o Ministério da Educação, com o famoso concurso a professor titular, premeia todos aqueles que exerceram cargos desde 1999, os que adquiriram formação complementar, os autores de manuais escolares, os que exerceram funções técnico-pedagógicas nos serviços do ME, etc. etc..
Ou seja, valoriza e premeia não o mérito, não as qualidades profissionais, não o relacionamento humano enquanto profissional, não a qualidade das prestações no exercício dos cargos, não a qualidade dos manuais escolares, não a qualidade das funções técnico-pedagógicas, mas o facto de se "ter sido" .
Mais uma vez, o ME pretende valorizar a forma e não o conteúdo.
O que interessa é ter sido coordenador de departamento, não se foi um coordenador medíocre.
O que interessa é ter sido presidente do conselho pedagógico, da assembleia ou do executivo, não interessa se foi uma mau presidente.
O que interessa é ter sido autor de um manual escolar. Se o manual tinha tantos erros que ninguém o adoptou, isso não é importante...
O que vale mesmo é ter sido manga de alpaca, numa pequena mesa, na DREN, na DREL na DGRHE ou no GEF (só para citar 4 de 40) durante alguns anos. Que interesse tem se, durante esses anos, se obteve calssificações regulares ou até negativas? Nenhum. (Obviamente, este último é um exemplo possível mas altamente improvável, uma vez que, estou certo, nenhum funcionário dos serviços regionais ou centrais do ME alguma vez teve classificação de serviço negativa).
Mais uma cavadela.
Reitor
quarta-feira, 7 de março de 2007
Procure as diferenças!
Este:
Relatório
Programa
de Ocupação Plena das Actividades Lectivas
Ano Lectivo:
2006/2007
Escolas
Secundárias do Grande Porto
E este:
PLANO ANUAL DE
OCUPAÇÃO PLENA DOS TEMPOS ESCOLARES
2006/2007
Compare as páginas 3 e 4 do primeiro com as primeiras páginas do segundo.
Não acredita, pois não?
Veja outra vez.
Reitor
Não percebo
terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
Aleluia
O GAAEIRS - Grupo de Avaliação e Acompanhamento da Implementação da Reforma do Ensino Secundário - apresentou ontem, cerca de ano e meio após a sua constituição, um conjunto de recomendações para melhoria do ensino secundário.
sábado, 24 de fevereiro de 2007
Ora aí está uma boa notícia
domingo, 11 de fevereiro de 2007
Mais te valia estar calado
Especialmente quando escreve sobre regionalização e autarcas...tem artigos fabulosos sobre esta temática.
O Miguel não é infalível, às vezes não tem razão e outras põe mesmo o pé na poça como, por exemplo, no feio artigo “Aborto, mentiras e vídeo” que escreveu no Expresso de 6ª feira, dia 09/02/2007.
Neste lamentável artigo de propaganda pelo sim ao aborto, MST mostra bem como a inteligência e o discernimento podem ficar perturbados quando emitimos opinião sobre causa em que temos interesse. Vamos ver:
1 - MST chama malabaristas aos juristas, alguns de nomeada como o ex-ministro socialista - Diogo Freitas do Amaral - que defendem ser possível o aborto sem crime e a mulher que aborta poder não ser penalizada judicialmente. Esta opinião é demasiado radical para uma articulista que se quer isento.
2 - MST é infeliz e, mais uma vez, radical quando afirma que o argumento financeiro avançado pelo António Borges é "chocante do ponto de vista político, humano e até cristão". Vejam bem, o "cristão" MST fica chocado com um argumento destes. E fica chocado porquê? Não porque tenha de esperar anos por uma cirurgia, meses por uma consulta, ou porque tenha de fazer fila durante horas nas urgências de muitos hospitais públicos. Não. MST parece ser daqueles que pode marcar consulta na hora e cirurgia para amanhã! Por isso é que acha chocante que o Estado, que tem por obrigação tratar dos doentes e dos enfermos - e trata deles muito mal e a más horas, pelo que se vê e ouve - vá agora utilizar os meios humanos, materiais e financeiros ao seu dispor para interromper gravidezes que decorrem normalmente em mulheres saudáveis. E assim eliminar fetos que são, indiscutivelmente, seres humanos em desenvolvimento.
3 - MST não poupa uma "pequena" falsidade para ajudar a sua argumentação. Vejam lá: "a questão da vida ou não vida do feto até às dez semanas, como se percebeu escutando os argumentos de ambos os lados, é muito mais filosófica e religiosa do que científica". Duplamente falso: a) porque não se ouviu nada disto escutando ambos os lados - mesmo aos defensores do sim nunca se ouviu dizer que um feto com dez semanas não era um ser vivo; b) porque não deve haver ninguém no mundo civilizado - cientistas ou não cientistas - que negue que um feto com dez semanas é um ser humano em desenvolvimento (ou seja é, indiscutivelmente, um ser vivo e, mais que isso, um ser humano). Por aqui se vê que, até os grandes jornalistas podem não ser sérios quando escrevem sobre temas de que perfilham uma posição.
4 – Mas há pior e, até, repugnante: MST diz que se deveria equacionar o direito de uma criança não vir ao mundo quando aquilo que a espera é uma vida indigna e miserável. E para dar como boa a sua tese, junta os abusos sexuais de pais sobre os filhos e filhos assassinados e escondidos ou mortos à pancada. Remata dizendo que há pais que nunca o deveriam ter sido.
Acho estas teses do MST, que respeito e de cuja escrita gosto, miseráveis pela vilania que transportam. Primeiro, porque mistura alhos com bugalhos, ou seja, se de facto há pais que nunca o deveriam ter sido e é verdade, esse facto nada tem a ver com o aborto, nem de longe nem de perto. O direito do feto à vida vale por si e não pelo que são ou por quem são os respectivos pais.
Pela parte que me toca, se fosse obrigado a escolher entre aplicar a pena de morte, que não defendo, a um assassino, parricida ou violador de crianças e autorizar ou aceitar um aborto numa mulher saudável e que desenvolve uma gravidez normal, não teria dúvidas nenhumas, nem a mínima hesitação: aceitaria mil vezes mais depressa a pena de morte para esses facínoras. Por conseguinte, o crime dos pais nada tem qualquer ligação com a defesa de uma vida que ainda está para nascer.
Mas MST é ainda mais perverso: diz que deveríamos equacionar o direito de uma criança vir ao mundo quando aquilo que a espera é uma vida indigna e miserável? Até cego só de ler isto!
Vamos lá ver: então porque é que o MST não deixa o feto desenvolver-se normamente, nascer, ser criança e, depois, ser Homem como ele e então sim, escolher sobre se preferia viver a vida miserável que, eventualmente, teria vivido ou se preferia que os pais o tivessem abortado? Quantos cidadãos portugueses, daqueles que vivem indigna e miseravelmente, optariam por não ter nascido?
Que pensaria MST se, por infelicidade ou tragédia - e ninguém está livre das tragédias que assolam este mundo (vejam os horrores da Bósnia) - os seus filhos ainda viessem a viver uma vida indigna e miserável?
Como não se lhes poderia retirar o direito de vir ao mundo, que nos proporia MST?
MST escreveu um artigo infeliz. Muito infeliz.
E eu dei por ele ontem…Era tarde. Já não poderia escrever isto antes de fechadas as urnas. Faço-o agora.
Reitor
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
Sim ou Não. Eis a questão!
Esta é a questão a que vamos responder no próximo Domingo, 11 de Fevereiro.
Analisemos....
1 – A questão.
Do meu ponto de vista, a questão é equívoca, simplesmente, porque não se trata de uma questão, mas antes de um item com, pelo menos, três questões principais e várias questões secundárias a estas associadas (os professores percebem bem o que digo). Colocam-se-nos as seguintes questões:
a – Se concordamos que se despenalize a gravidez
b – Se concordamos que a interrupção da gravidez seja uma opção da mulher, apenas.
c – Se concordamos que ocorra, apenas, durante as primeiras dez semanas de gravidez
Não é uma, mas sim um "pacote de três questões".
Para se perceber melhor:
Se um cidadão estiver de acordo com a despenalização – e parece-me uma opção sensata – mas não estiver de acordo que seja apenas a mulher a tomar essa opção, como deve responder: Sim ou Não?
Se um cidadão estiver de acordo com a despenalização e achar que 10 semanas é muito tempo ou então que é um prazo curto, como deverá responder? Sim ou Não?
Por outro lado, se nos ativermos àquilo que é essencial na questão que nos é colocada, concluiremos que o que se pretende e não se diz claramente é, tão só, liberalizar o aborto. Ou seja, torná-lo livre e um direito absoluto da mulher sobre o feto até às 10 semanas. Livre e sem qualquer encargo.
O limite das 10 semanas também é equívoco na sua raiz. Para mim, este limite foi estabelecido porque se considerou que, a partir deste lapso de tempo, o feto já teria adquirido uma espécie de “direito à vida” e, por conseguinte, a sociedade não poderia permitir à mulher que decidisse livremente sobre a interrupção desse processo (vida).
Era urgente clarificar o seguinte: qual a diferença de direitos, qual a diferença de estatuto jurídico, qual a diferença biológica e ética existente entre um ser humano em desenvolvimento às 10 semanas e um outro com 11 semanas de desenvolvimento?
2 - Porque somos chamados a responder a esta questão?
Porque se trata de um assunto demasiado sério, cuja decisão não pode ser delegada nos deputados na nação. Exactamente. Todos perceberam (obrigado Marcelo) que este assunto ultrapassava em muito a esfera de competências que o povo, normalmente, delega nos seus deputados.
Somos também chamados a responder porque se trata de um assunto que bole com a vida de um ser humano em desenvolvimento.
Somos chamados a responder porque é um assunto de consciência, de valores, de princípios (embora alguns nos queiram fazer crer que não).
O país é ligeiramente atrasado. Não protege devidamente os mais fracos. A educação, a saúde e a justiça estão ao alcance, cada vez mais, dos mais ricos e poderosos. Os cidadãos não optam, antes sujeitam-se aos serviços que o Estado fornece – muitas vezes fracos na qualidade e exíguos no alcance territorial.
Os cidadãos são educados a pedir apoios, a estender a mão ao subsídio, a dobrar a cerviz perante os variadíssimos poderes que se erguem, se desenvolvem e se mantêm à custa do Estado, à custa dos seus impostos.
É mais fácil encontrar um cidadão português a quem o Estado já bateu à porta oferecendo um subsídio que um cidadão que precisasse do Estado e obtivesse dele uma resposta justa e atempada. Às vezes até temos notícia de o Estado responder a quem por ele clama, apenas, após lhe ter passado a certidão de óbito.
Enfim, tudo isto para dizer que compreendo os argumentos daqueles que defendem que há mulheres que não têm condições psicológicas, nem sociais nem económicas para levar uma gravidez até ao fim.
Há sim senhor. No entanto, seria aqui que o Estado deveria intervir. Seria aqui que os portugueses teriam obrigação de ajudar com os seus impostos.
Apoiar as mulheres grávidas que precisam de apoio parece-me ser uma obrigação do Estado. Obrigação indiscutível que não precisa do voto dos portugueses para ser posta em prática.
Já não me parece lícito que o Estado, ao invés de apoiar as mulheres grávidas, protegendo-as e ao feto, se permita intervir, ajudando a mulher a interromper uma vida humana que se poderia desenvolver, normalmente, até ao fim. Até morrer de velhice.
A liberalização do aborto até às 10 semanas e a despenalização da mulher não resolve os problemas que diz resolver:
1 – Porque a mulher continuará a ser punida caso aborte depois das 10 semanas;
2 – Porque os abortos sendo mais fáceis, aumentarão em número;
3 – Porque se farão abortos (menos, certamente) em “vãos de escada”;
4 – Porque continuará a haver mulheres a dar entrada nos hospitais com problemas de saúde causados por práticas abortivas;
5 – Porque continuará a haver abortos clandestinos.
A única coisa que, verdadeiramente, mudará em Portugal, caso vença o Sim, é que o aborto será totalmente livre até às 10 semanas de gravidez.
A mulher terá o direito absoluto, ilimitado, de dispor da vida do feto até às 10 semanas.
Essa será a mudança imposta pelo sim no referendo.
"Ninguém cientificamente honesto pode negar ser [o aborto] a morte deliberada de seres humanos em desenvolvimento". Gentil Martins, "Público", 21 /12/2006.
Reitor
domingo, 4 de fevereiro de 2007
As chagas do insucesso e do abandono escolares
E tentando não fazer uma abordagem demasiado “complexa” que nos fizesse perder o “caminho de saída do problema”, apresentou-nos algumas ideias sobre as causas que justificam os crescentes abandono e insucesso escolares:
- Causas externas, a montante e em redor da escola
- Expectativas demasiado elevadas da população relativamente à escola
- A “juventude” da nossa escola de massas
- Os alunos ficam-se pelos resultados/objectivos mínimos
- Existe hoje uma espécie de psicose do mérito. O mérito é impopular e os alunos valorizam mais o mp3, o vestuário, o corte do cabelo e outras superficialidades.
Tenho para mim que 30 anos de democracia deveriam ter produzido mais sucesso escolar e menos abandono do que aqueles que temos. E estou convencido, cada vez mais, de que já não há espaço, nem pachorra, para se buscarem causas do atraso e do subdesenvolvimento dos portugueses aos idos da “velha senhora”, do antes de Abril.
Por outro lado, existe uma outra causa fundamental para as elevadas taxas de insucesso e de abandono escolares, para mim a mais importante: é o desinvestimento e a desvalorização social e económica, com que as famílias e a sociedade, acolitadas por todos os discursos e práticas dos governos do pós 25 de Abril, presentearam a educação e a escola.
O discurso depois do 25 de Abril deixou de estar centrado na escola e na importância do sucesso escolar para o futuro de qualquer jovem, para se centrar nos caminhos, quiça mais fáceis, da dependência, da subserviência e do subsídio.
O discurso e a prática política da democracia favoreceram o facilitismo, a preguiça e a aparência, em desfavor do trabalho, do esforço e do mérito – acabaram os exames, os quadros de honra e os chumbos. Enfim, agora até se entra na universidade sem o 12º Ano e, em alguns casos, como veio noticiado, basta o 9º Ano.
Por isso, qual a diferença entre um licenciado a trabalhar nas caixas do Modelo e um licenciado na Católica ?
Qual a diferença entre um licenciado com o 11º Ano mais um diploma RVCC e um licenciado de Coimbra?
Qual a diferença entre um licenciado com “habilitações a mais” para o lugar de administrativo na Câmara Municipal e o filho do Presidente da Junta que tinha o 11º ano incompleto e ficou com o lugar?
É a diferença da desvalorização: estudar para quê?
Foi esta desvalorização contínua da formação escolar que postergou a Educação e nos colocou no desonroso lugar que ocupamos hoje entre os nossos parceiros europeus.
sábado, 3 de fevereiro de 2007
E vão seis...
Tribunal dá razão a sexto aluno que quis repetir exame de Química
Já falta pouco para que os portugueses que foram sujeitos à discricionariedade do despacho interno nº 2-SEE/2006, de 13 de Julho, do Secretário de Estado da Educação, Valter "reprovado por faltas" Lemos, o tal que permitiu que alguns alunos do 12º Ano pudessem repetir exames de Física e Química, na 2ª fase, e utilizar a melhor das classificações para acederem à universidade. Ainda se havia de investigar quais os alunos que beneficiaram desta medida - acho que se encontrariam alguns com nome sonante, enfim...
Este despacho foi o texto governativo mais caprichoso que vi nos últimos anos. E, mesmo rodeado das maiores críticas e de parecer negativo da Comissão Nacional de Acresso ao Ensino Superior, mesmo contrariando o princípio constitucional da igualdade, mesmo assim, fez-se...
A maioria pode cegar. A maioria absoluta pode cegar absolutamente.
A questão é que, neste portugal, quem se entala sempre é o mexilhão.
O prejuízo ser, mais uma vez, dos jovens que não puderam ter a oportunidade dos colegas. Mesmo aqueles que vão ganhando nos tribunais aquilo que uns comissários políticos lhes esbulharam nos gabinetes do poder, ficam muito prejudicados: É provável que percam o ano escolar e, certamente, muito dinheiro.
Aos responsáveis nada acontece. Tivesse o Valter, e todos o que o acobertaram, de pagar idemnização à americana pelos prejuízos causados a todos aqueles alunos que não puderam utilizar as melhorias para ingressar na 1ª fase de acesso ao ensino superior e outro galo cantava.
O nosso país confronta-se com varadíssimos problemas, mas o maior mesmo é ter uma justiça séria e dura para os pilha-galinhas e uma justiça débil - inexistente - para os poderosos.
As decisões políticas (e quem a toma) deveriam ter duas quotas de responsabilidade: uma quota, a maior, de responsabilidade política e, outra, de responsabilidade cível e criminal. Por questões de higiene.
Da parte que me toca tenho por certo que, quando houver cinco condenações transitadas em julgado sobre esta matéria, mesmo aí, o Valter e companhia erguerão, firmes, a cabeça e assobiarão, alegremente, para o ar.
"Ninguém cientificamente honesto pode negar ser [o aborto] a morte deliberada de seres humanos em desenvolvimento". Gentil Martins, "Público", 21 /12/2006.
Reitor
terça-feira, 9 de janeiro de 2007
Governar Contra os Tribunais
Segundo ele,
"os juízes [nestes casos] revelam uma notável ignorância e incompreensão do que sejam as relações de trabalho nas empresas e no mundo normal, onde os trabalhadores se têm de bater continuamente para mostrar o seu valor e os patrões têm o direito de exigir o melhor a quem pagam…".
E utiliza um bom argumento, aliás, imbatível: Existirá alguma
“empresa que possa sobreviver, se quem nela manda não puder encarregar um trabalhador sem nada para fazer de se ocupar de uma tarefa a cargo de um outro que faltou? Ou se só o puder fazer se lhe pagar isso como trabalho extraordinário, apesar dele estar dentro do seu horário de trabalho”.
Tudo isto a propósito de dois tribunais terem decretado que o Ministério da Educação haveria de pagar as horas de trabalho de substituição (horas que os professores passariam na escola sem nada para fazer) como serviço extraordinário.
Na substância concordo com MST.
De facto, não se compreende que tendo de estar os docentes na escola num determinado horário e sem serviço específico atribuído, não possam substituir os colegas em falta.
Nem se compreende que os docentes aleguem não saber o que fazer com alunos que desconhecem e, ainda por cima, durante as aulas de disciplinas para as quais não estão capacitados a leccionar.
Não vou tão longe como o Miguel: nem todos estes professores serão “definitivamente incompetentes”. Estão a contrariar o governo: afinal, até aqui ganhavam o mesmo sem ter este trabalho adicional; estão fartos de que os tratem como tolos e, ainda por cima, como se fossem culpados pelo estado do país e pela ineficiência geral da Administração Pública. Estão desanimados e magoados com a feia propaganda que se tem feito à sua custa e contra a sua profissão, mas nem todos os que se recusam a substituir os colegas serão incompetentes.
Também concordo com MST quando afirma que a Ministra da Educação teve coragem política ao impor as aulas de substituição e reduzir, substancialmente e por esta via, as imensas faltas dadas por muitos professores.
Não posso é estar de acordo com o ataque cerrado que faz aos juízes e aos tribunais administrativos. Há vários juízes e vários tribunais a contestar o ME – não só nesta questão do pagamento das aulas de substituição como horas extraordinárias, mas também contestam o ME e dão razão aos alunos e às famílias no caso dos exames em que o ME deu 2ª oportunidade de realização a alguns alunos e não a todos.
Se estou de acordo com o MST na questão de fundo, não posso estar de acordo na questão da forma, pois não posso concordar que o Ministério da Educação esteja acima da lei.
E os tribunais, Miguel, têm dado razão aos alunos – no caso dos exames – porque é inadmissível num Estado de Direito seja o Governo a atropelar a lei, favorecendo objectivamente uns e prejudicando objectivamente outros, de acordo com interesses, digamos, difíceis de explicar. Repare-se que os tribunais consideram ter o ME violado o princípio da igualdade (Artº 13º da CRP).
O caso dos professores que querem receber horas extraordinárias pelas substituições que fizeram no ano passado e há dois anos (e é muita massa) é também um caso de justiça e legalidade, antes de ser um caso político (politicamente concordo com a Ministra). É que, Miguel, o Estatuto da Carreira Docente estabelece bem o que são substituições, estabelece que as mesmas se aplicam apenas aos alunos dos Ensinos Pré-Escolar e Básico e que serão pagas como serviço extraordinário. Essa é que é essa.
A Ministra atropelou a lei.
Os juízes limitaram-se a repôr a legalidade.
"Ninguém cientificamente honesto pode negar ser [o aborto] a morte deliberada de seres humanos em desenvolvimento". Gentil Martins, "Público", 21 /12/2006.
Reitor