quarta-feira, 30 de agosto de 2006

A mãe de todas as asneiras

A DGIDC – Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular é uma espécie de galinha poedeira do eduquês.
É a Isthar daquela babilónia designada por Ministério da Educação, em cujo ventre têm medrado todas as fantasiosas e rousseaunianas teses educativas que, desde pelo menos a revolução dos cravos, têm colocado Portugal e os portugueses nos últimos lugares de qualquer ranking dos conhecimentos e das performances educativas dos povos europeus e de outras regiões do mundo. Ficámos sempre em posição desonrosa. Voilá.
A DGIDC tem sido (tem mudado de nome ao longo dos tempos) a mãe de quase todos os males da educação dos portugueses e, pelo que se tem escrito, imbatível e inexpugnável, no confronto com todos os ministros do pós-25 de Abril.
Agora pariu mais uma poia educativa com o pomposo nome de Orientações relativas à Área de Projecto – cursos científico-humanísticos – e ao Projecto Tecnológico – cursos tecnológicos.
Um chorrilho de asneiras. Eis algumas pérolas:
A partir de uma concepção flexível de currículo, a ideia de projecto justifica-se como forma de trabalho cooperativo e interdisciplinar, incorporando nas estruturas curriculares a lógica da construção do currículo, mormente quando o projecto formativo é equacionado como um processo de deliberação decidido a diferentes níveis e fases, e não unicamente como um plano ou produto deixado nas mãos dos especialistas.
A concepção do currículo como processo e hipótese de trabalho em que o aluno é o seu sujeito principal, a concepção do processo de planificação como actividade flexível, interactiva e dinâmica e a concepção do projecto curricular articulado com outros projectos são alguns dos traços, que orientam a acção do professor num contexto de autonomia curricular e que pressupõem a leitura da própria realidade, a identificação de problemas e necessidades e o reconhecimento da utilidade dos projectos e planos de actuação( pp.6-7).
Com efeito, é essencial promover uma educação que confronte os alunos com a necessidade de compreender e agir no seio de múltiplas realidades dinâmicas e complexas, logo de difícil captação e compreensão. p.8

Compreenderam? Ou é de difícil captação e compreensão?
Arre!
Reitor

sábado, 26 de agosto de 2006

Perguntem-lhes pela liberdade

Aproxima-se a passos largos um novo ano escolar.
Já não há papelaria, livraria nem supermercado que não exibam uma imensa panóplia de material escolar. Agarram as crianças, manuseiam os adultos, tiram, põem, remexem... enfim, a oferta é tanta que se traz sempre alguma coisa para casa, normalmente de que não se precisa ou de fraca qualidade. É o consumismo estúpido...
Não demora nada aparecem na TV os entendidos na matéria a perorar sobre os custos da educação (enormes) e sobre a sua cada vez mais vincada natureza comercial, um autêntico negócio (excelente, pelo que se vê).
Daqui por quinze dias aparecerão os políticos. Será um momento decisivo e particularmente importante: todas as nossas dúvidas serão esclarecidas e todos os problemas resolvidos, de imediato, porque a seguir virão as chuvas...
Quando o inefável Secretário de Estado da Educação, o das faltas injustificadas, aparecer na TV dirá, inevitavelmente e após torcer bem, três coisas: que o ano lectivo arrancará com normalidade, que estarão colocados 99,9% dos professores e que, pela primeira vez 99,9% dos alunos terão uma escola a tempo inteiro. Aceitam-se apostas.
Por favor, senhores jornalistas, quando houver uma pequenina aberta entre as pingas da chuva discursiva, perguntem ao Secretário de Estado, ou à Ministra, se os cidadãos portugueses, pelo menos aqueles que vivem no estado de direito democrático, já poderão escolher a escola para os seus filhos. Obrigado.
Reitor