quinta-feira, 22 de maio de 2008

"Em que país vivo"?

Perguntou o Presidente da Câmara Municipal da Constância, António Mendes (CDU), reagindo às declarações do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, que ontem apontou para a próxima legislatura a eventual fusão dos 1º e 2º ciclos desde que assegurado um "razoável consenso" para a concretização da medida.

Há muitosmunicípios com cartas educativas aprovadas e homologadas pelo Ministério da Educação, com centros escolares concebidos apenas para acolherem salas do pré-escolar e do primeiro ciclo", disse, questionando o sentido de se "gastarem milhões sem sabermos muito bem o que estamos a fazer"

E António José Ganhão, presidente da Câmara Municipal de Benavente e vice-presidente da ANMP foi na mesma linha, pedindo "ponderação" a quem toma decisões. A eventual adopção da medida agora proposta irá mexer com todo o planeamento da rede escolar que está a ser feito, advertiu.


Recapitulando:
1 - Aprovaram-se Cartas Educativas em dezenas de concelhos do País.
2 - As Cartas Educativas definem, entre outros, os estabelecimentos de ensino existentes em cada concelho: os que devem encerrar, os que devem ser construídos, fundidos, amplidos, enfim, faz o diagnóstico educativo do concelho e prevê medidas e soluções para os problemas detectados.
3 - Na maioria dos casos, as Cartas prevêm a criação de Centros Educativos, normalmente pela junção de Escolas Primárias com Jardins de Infância em cada freguesia, ou agregando numa freguesia os que actualmente se dispersam por várias. A ideia tem sido a de juntar as salas de aula do Ensino Básico com as do Pré - Escolar formando unidades de ensino mais coerentes e racionais.
4 - Claro que as Cartas Educativas são condição sine qua non para o município se candidatar a fundos europeus do QREN.

Conclusão 1: O governo que estimula a criação de Centros Escolares é o mesmo que estimula a fusão dos 1º e 2º ciclos. E uma coisa é contrária à outra, como dizem os Presidentes de Câmara.

5 - Mas não é apenas com a fusão dos 1º e 2º ciclos que se deita dinheiro fora.
Repare-se o que está a acontecer também com as obras da “Parque Escolar, EPE”, empresa criada no ano passado pelo Governo para “planear, gerir e desenvolver o processo de modernização das instalações do ensino secundário" e que conta também com fundos comunitários”.
O Governo que criou a "Parque Escolar" para proceder a profundas remodelações nas escolas, algumas transformações totais, é o mesmo que financia, desde há 3 anos, obras importantes nas escolas, desde pinturas gerais, a arranjos de telhados e caixilharia. Note-se: em escolas que foram e noutras que vão ser alvo de obras da Parque Escolar.
6 - Já se diz por aí que há escolas com bibliotecas novas (Programa RBE) que vão ser substituídas por "modernas instalações" no âmbito das obras da Parque Escolar.

Conclusão 2: Os governos não têm uma ideia consistente e duradoura das necessidades do país. Fazem e desfazem obras com quem atira dinheiro ao vento, como se o dinheiro caísse do céu.

Porque é que se deita tanto dinheiro fora?
Porque é que somos governados por cataventos que fazem hoje para desfazer amanhã, qual Sísifo?

Reitor

1 comentário:

  1. "Já se diz por aí que há escolas com bibliotecas novas (Programa RBE) que vão ser substituídas por "modernas instalações" no âmbito das obras da Parque Escolar."

    É mesmo assim. Na maioria dos casos(das escolas que já têm projecto de intervenção) as Bibliotecas vão mudar de local.

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