sábado, 20 de março de 2010

De Como Uns Fabricadores De "Proj€ctos" Enfaixam Infantes, Promovendo-os A Galináceos Delatores

Num bonito artigo de opinião, que o seu pupilo trouxe à luz do dia, o Professor Joaquim Azevedo disserta sobre galinhas, facas e violência escolar, num feliz e propositado encadeamento que leva os seus leitores até à exemplar Escola de Beiriz.
O projecto "faixas verdes" é um brilhante exemplo de combate à violência escolar. E de fácil execução:
1 - põe-se a faixa verde (a cor é fundamental) em torno da cintura do aluno infante
2 - a faixa verde transforma o infante, enfaixado, em delator fardado
3 - Os restantes infantes - que não têm direito às faixas verdes -passam à condição de galinhas às espera que lhe passem o gume pelo pescoço.
Simples e eficaz.
Se bem compreendi a lição do professor Azevedo, este proj€cto abalizado científica e pedagogicamente pela Universidade Católica, constitui-se como a melhor forma de combater a violência escolar (tal com o Projecto F€nix combate o insucesso escolar).

Caso os alunos detentores das faixas verifiquem qualquer situação de conflitualidade/violência deverão participar imediatamente aos agentes escolares (funcionários, professores, Conselho Executivo, SPO), salvaguardando-se de agir por iniciativa própria;

Ao ler este trecho, não resisti, estendi o braço e cantei.

1.
Lá vamos, cantando e rindo
Levados, levados, sim
Pela voz de som tremendo
Das tubas, clamor sem fim.

2.
Lá vamos, que o sonho é lindo!
Torres e torres erguendo.
Rasgões, clareiras, abrindo!

3.
Alva da Luz imortal,
Roxas névoas despedaça
Doira o céu de Portugal!

4.
Querer! Querer! E lá vamos!
Tronco em flor, estende os ramos
À Mocidade que passa.

5.
Cale-se a voz que, turbada,
De si mesma se espanta,
Cesse dos ventos a insânia,
Ante a clara madrugada,
Em nossas almas nascida.
E, por nós, oh! Lusitânia,
-- Corpo de Amor, terra santa --
Pátria! Serás celebrada,
E por nós serás erguida,
Erguida ao alto da Vida!

(Repete: 1 a 4)

6.
Querer é a nossa divisa.
Querer, palavra que vem
Das mais profundas raízes.
Deslumbra a sombra indecisa
Transcende as nuvens de além...
Querer, palavra da Graça
Grito das almas felizes

7.
Querer! Querer! E lá vamos
Tronco em flor estende os ramos
À Mocidade que passa.


Reitor

7 comentários:

  1. E os infantes enfaixados devem ser bem cheirosos!

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  2. A inveja é fodida! E as salas de professores est6ão cheias de invejosos (daqueles que não fodem nem deixam foder).

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  3. Eu ainda não percebi como é que um professor pode ter um blogue com a frase do Popper como lema e apresentar sistematicamente postagens de maldizer. E ainda de forma anónima, porque quem assina Reitor e não diz nada realmente sobre si próprio publicamente, gosta e quer manter o anonimato.
    Pensei realmente em não dizer nada, mas fui alertada por alguém para este post. Além disso ataca, com uma absoluta falta de respeito por todos o que trabalham e cooperam com o Agrupamento de Beiriz, do qual faço parte e fá-lo de uma forma totalmente leviana - porque desconhece em absoluto o nosso trabalho - achei por bem vir aqui deixar o meu protesto e a minha indignação.

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  4. Boa tarde, professora Susana.
    Você, permita-me que a trate assim, diz que não percebeu. Vou tentar explicar.
    Desde logo, lamento não poder confirmar se "sou" ou "não sou" professor. A minha profissão não é importante, por isso não a torno pública.
    Depois, devo dizer-lhe que não vislumbro relação entre Popper e a maldição.
    Pelo contrário, a citação de Popper que encima o blogue ajusta-se perfeitamente ao "caso" das "faixas" e dos outros projectos "inovadores" e de "magníficos-resultados-de-que-não-há-registos-fiáveis-nem escrutináveis", como o TurmaMais, o Fénix e outras patetices pedagógicas de idêntico calibre. "Respostas sem perguntas, perguntas sem respostas".

    Não se sinta, nem se sintam no agrupamento de Beiriz atacados por um pobre blogger anónimo.
    Aconselho-a vivamente a fazer o seu trabalho bem feito. E, sinceramente, não duvido que deve ser um trabalho válido.

    Foram vocês (e não eu) que escreveram isto sobre o Vosso Projecto Faixas Verdes:
    "Caso os alunos detentores das faixas verifiquem qualquer situação de conflitualidade/violência deverão participar imediatamente aos agentes escolares (funcionários, professores, Conselho Executivo, SPO), salvaguardando-se de agir por iniciativa própria"

    E foram os especialistas que connvosco trabalham e connvosco cooperam (€) - você percebe - que vieram gabar o vosso projecto, faixas verdes. Não fui eu.
    Se fosse eu a gabar o projecto faixas verdes, aí sim, poderia dizer-se que tinha ensandecido, ou até que estava a atacar-vos e a faltar-vos ao respeito.

    Fique a saber, Sra. professora Susana, que o vosso projecto "Faixas Verdes", tal como Vocês o descrevem, é um projecto de delação institucional e institucionalizada de crianças e jovens.
    A faixa verde que lhes colocam sobre os ombros, à cintura ou sobre a testa, é indiferente, é o ferrete da delação.
    Não se pode aceitar uma educação das crianças em que algumas delas -escolhidas, talvez, de entre os filhos das boas famílias de Beiriz - são incentivadas a "participar" das outras.

    Você deve ser muito jovem. Não deve ter vivido na altura da PIDE e da Mocidade Portuguesa, aposto.

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  5. Caro Reitor,

    Ao ler os últimos desenvolvimentos referentes a esta questão, parece-me importante cumprir o seguinte esclarecimento:

    Este projecto existe há vários anos na escola, e tem como objectivo motivar os alunos que utilizam a fita verde para cooperarem com os agentes educativos na manutenção de um bom clima escolar. Eles próprios deverão também assumir uma postura de exemplo no relacionamento com os pares e no seu comportamento dentro e fora da sala de aula.

    Ao contrário do que pressupõe, não existe qualquer tipo de distinção na utilização destas fitas, estas são usadas por todas as turmas do 2º e 3º ciclos, tal como foi mencionado no artigo.
    Este projecto é avaliado nas reuniões gerais de delegados e subdelegados de turma, pela Associação de Pais e encarregados de educação, e, acredite também por nós docentes.

    Quanto ao que designa de delação, creia que o que acontece não é mais do que alertar os agentes de educação para alguma situação de eventual perigo. Todos os alunos conhecem o projecto, e todos assumem, em determinado momento a fita verde. Não existe qualquer tipo de postura do género que tenta transmitir.

    A responsabilidade é colectiva e o objectivo essencial é educar os alunos no respeito por si próprios e pelo outro.

    Agradeço a possibilidade de ter podido esclarecer algumas questões.

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  6. Obrigado pelos esclarecimentos, Ana.

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  7. Apesar dos esclarecimentos também torço o nariz ao projecto. Há um "tomar conta" dos outros por determinação superior que não me parece formadora e que em caso de acidente ou situação grave pode marcar o tomador de conta.
    E há delação no processo, o que nunca é formador. Vejo os maus resultados do sistema naquelas turmas em que o DT nomeia o delegado como informador. Espicaça sempre os ânimos e tem péssimos resultados na relação entre os alunos.
    Os alunos com faixa devem ser modelos. Quando passam a faixa a outro podem asnear? Não devem todos, sem faixas, respeitar-se e respeitar os outros?
    Fui desde o 2º ano do liceu "chefe de turma" eleita para tal pelas colegas. Nunca aceitei ficar a tomar conta da turma; quando algum professor me propunha a tarefa por ter de se ausentar, respondia sempre que ali cada uma tomava conta de si própria. Em problemas disciplinares o único papel que desempenhava era o de "advogada de defesa" das colegas. Às vezes também comandava a asneira - fugíamos, por exemplo, sempre às aulas de substituição quando passava pela cabeça da reitora impô-las.
    Eduquei nestes termos os meus filhos. Chegaram a frequentar em simultâneo a mesma escola. Nunca nenhum ficou responsável por tomar conta, vigiar, fiscalizar outro, cada um era responsável por si próprio. Na escola, em casa, na rua. Cresceram bem, fizeram a solo ou em conjunto as necessárias asneiras e têm entre eles relações fortes de amizade e interajuda.

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