segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Conselho das Escolas nem é bom nem é mau: é uma m…

O Conselho das Escolas (CE) quando foi criado, nesta legislatura, suscitou algumas esperanças de que finalmente as escolas teriam um patamar de representação que se fizesse ouvir junto da Administração Central. Muitos apoiaram a sua formação como o aparecimento de um interlocutor junto do Governo que permitisse a este inteirar-se dos problemas, dos anseios, das expectativas de quem está no terreno e que sente quotidianamente o pulsar do sistema em funcionamento.
O CE seria, em suma, não um órgão sindical e reivindicativo das escolas, mas uma voz de aconselhamento, um fio ligado à terra que permitiria a tomada de decisões sopesando os interesses quer da Administração quer das escolas em concreto.
Cedo se esvaneceram as esperanças.
Cedo se verificou que o CE seria apenas a muleta manobrada a bel-prazer pelo Ministério da Educação para legitimar as suas medidas ao afirmar que estas mereciam o acordo do Conselho das Escolas. Se as próprias escolas, através dos seus “representantes” (CE), apoiavam as medidas preconizadas o que poderia o ME querer mais?
Cedo o ME começou a definir quais as agendas das reuniões de que é exemplo de, em plena crise da aplicação do Simplex 2, se convocar o CE para apreciar o voluntariado a prestar nas escolas pelos professores aposentados.
Sorte, também, teve o ME com a eleição do Presidente para o órgão. Desde cedo o inefável Álvaro Santos mostrou que o seu feitio era mais dado a ámens do que a afirmar-se como alguém que “os tivesse no sítio”.
E a prova “provada” está na vergonhosa história que Álvaro Santos protagonizou aquando da única vez (não há regra sem excepção) que o CE tomou uma decisão que contrariou os diktat’s da equipa ministerial. Todos nos lembramos de ver na TV a Ministra a sair da reunião do Conselho, convicta e antecipadamente afirmando que este apoiava as medidas sobre a ADD. Entretanto, reagindo a uma proposta do Conselheiro José Lemos, o Conselho aprova um parecer em que solicitava a suspensão da ADD e de tal se desse conhecimento à sr.a Ministra. Grande bronca! O Presidente Álvaro Santos ficou em pânico e sem saber o que fazer.
Ainda com a pernitas a tremer, veio declarar que, uma vez que a comunicação social já teria conhecimento do teor da recomendação aprovada não a iria entregar à Ministra. Por cobardia? Com medo que esta lhe desse um puxão de orelhas por não ter conseguido manter a trela nos conselheiros?
Fez mais Álvaro Santos? Fez! Vai a um programa da TV (Prós e Contras) na qualidade de Presidente do CE e acaba por produzir afirmações anódinas procurando desvalorizar, desvirtuar a posição do órgão que deveria representar: nhé, nhé, nhé, nhé, sim, mas… Tudo menos assertivamente dar conta do que o CE decidira. Que vergonha! Faltou ao respeito ao órgão que representa, por omissão mentiu, ultrajando os portugueses que o ouviam e tinham direito à verdade e, com aquele ar nem de carne nem de peixe, ainda faz prevalecer as suas opiniões pessoais que ninguém percebeu quais fossem, mas também ninguém estaria interessado.
O que aconteceria na reunião seguinte do CE se neste país se vivesse nos tempos em que se aplicava a velha ética republicana? Alguém levantar-se-ia e arriaria duas bengaladas bem dadas no lombo do Sr. Álvaro Santos que era para aprender a ser Homem.
Mas os tempos são outros. Tempos moles em que gente amolecida pelo deixa-andar, pelos interessezinhos instalados, pela falta carácter, pela fidelidade canina que não “chateia” o dono, pelos “porreiro, pá” levam a aceitar tudo e mais alguma coisa.
Contra este estado de coisas, remando contra essa maré, deu a cara apenas um conselheiro, agora ex-conselheiro: José Eduardo Lemos. Por isso se compreende bem a sua posição divulgada aqui: http://www.profblog.org/2009/02/pce-jose-eduardo-lemos-renuncia-ao.html. Não poderia, depois de tudo ter outra posição que não fosse dizer as verdades que todos conhecem mas ninguém foi capaz de assumir. Tomar outra posição, calando, engolindo em seco em nome de uma resistência estéril e condenada pelo cinismo de um presidente que faz o que faz sem que ninguém o chame à colação, mantendo o lugar só por manter, era compactuar com uma situação insustentável sob todos os pontos de vista.
Estamos certos que José Lemos depois de todas as denúncias que fez, e como há muito vinha fazendo, sobre os comportamentos e posições assumidas por Álvaro Santos, conhecendo como conhece o modus faciendi deste órgão, sabia ao propor uma moção de censura ao desempenho do presidente do CE, que o resultado só poderia ser o que foi. O que se passou no seio do órgão não foi, na minha opinião, uma luta pelo poder. Foi, antes, uma posição de verticalidade, como que a dizer “Basta!”, como que a dizer que não contassem com ele para representar na farsa.
Pelos vistos, apenas quinze elementos o acompanharam. A maioria dos membros do Conselho das Escolas terá o Presidente que merece. O órgão tem vindo a afundar-se no ridículo e perdeu uma boa ocasião de se higienizar e se afirmar perante aqueles que deveria representar. O seguidismo, a anulação dos princípios de honra e dignidade fizeram, mais uma vez, caminho.

Que a terra lhe seja leve!
Director-geral

6 comentários:

  1. Boa noite caro Director-geral.
    Não.
    Cá para mim, não é poder, nem verticalidade nem coragem...
    Também não é fuga às responsabilidades, nem fraqueza, nem desistência, como diz um dos comentadores do Ramiro
    Para mim, é simplesmente vergonha. O Lemos teve vergonha de se manter num órgão formado por uma maioria de pessoas que não têm vergonha na cara. Que aceitam bem um líder que as usa para alcançar os seus objectivos. Que aceitam bem dançar conforme a música do Governo.
    Que restava ao Lemos? Fazer parte do órgão que não ouvia a maioria das escolas? Ou, mesmo quando ouvisse a maioria das escolas, logo vinha o presidente silenciar todas as vozes que eram contrárias ao Governo? Se o Lemos se mantivesse no órgão depois das graves acusações que fez ao presidente, de duas uma: ou queria segurar o “tacho” ou ficaria a credibilizar o órgão e todas as asneiras que se fizessem no futuro.
    Fez bem. Havia muito lixo na areia...

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  2. Já trabalhei na escola do Álvaro e posso dizer que ele é muito simpático.
    Rita

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  3. A minha Avó tb é simpática e no entanto isso não é credencial suficiente para a tornar presidente do conselho de escolas

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  4. Tanta mediocridade e inveja. O Reitor e o Director-Geral começaram a atacar o Álvaro logo que foi eleito. Porquê? Algum deles votou noutro(a) candidato(a)? A alguns custa muito aceitar a democracia.

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  5. O Sobrinho Simões caracteriza muito bem estes Directores-Gerais e Reitores. Que têm contra o homem? Nem estariam à altura de lhe servirem à mesa. Quanto a questões de lealdade e verticalidade, ó Reitor, quem o conhece...

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  6. Todos podem dizer o que quiserem. Vivemos num país livre. Contudo, para aqueles que sabem das coisas apenas pelos jornais, televisões e pelo que se diz na sala do professores da escola, duas coisas são certas. O Álvaro tem sido um pau-mandado da directora regional dele, do Sarmento da DGRHE e dos três governantes. Dizem as más línguas aqui na escola que até a assessora da Ministra lhe dá ordens.
    Também fico com a ideia de que o Conselho das escolas nunca será capaz de tomar uma posição que incomode o governo. E se se "enganar" como aconteceu no pedido de suspensão da avaliação, o Alvaro tratará de arranjar um esquema para parecer que o conselho está do lado do governo.
    Não sei se é bom ou mau presidente. O que sei é que quando o ouvimos ficamos sem perceber qual é a posição do conselho.

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