terça-feira, 16 de agosto de 2011

Por Que Razão Concordo Que Os Docentes Dos 8º e 9º Escalões Fiquem Isentos Da Percepção Da Totalidade Do 13º Mês?

O professor Ramiro Marques diz que a isenção de avaliação do desempenho dos docentes dos 8º e 9º escalões é uma boa medida do Governo (medida cuja paternidade é, conforme humildemente confessa, do próprio Professor Ramiro). Justa e humana, diz ele.

Não me vou deter nos aspectos primordiais da justiça e humanidade que sustentaram esta proposta do professor Ramiro, nem em aspectos secundários, nomeadamente o de saber porquê os do 8º e não os do 2º a ficarem isentos da ADD. Ou os do 1º e 4º. Ou os do 7º e 8º. Ou do 10º e 11º.

O professor Ramiro tratará, querendo, de explicar o porquê de uma coisa e não da outra.

O que me traz aqui é outra questão. Uma questão de justiça e de humanidade, sobretudo.
O Governo já anunciou um corte parcial no 13º mês (Subsídio de Natal) de todos os portugueses, quer o recebam quer não.
Acho que o Governo deveria ir mais longe na justiça e na humanidade de que se reveste esta medida, de forma a que o seu impacto seja mitigado no todo social.

Nesse sentido, defendo corte total no Subsídio de Natal (SN) dos professores que se encontra nos 8º e 9º escalões.m

Calma, eu explico as razões:

#1. Razões pedagógicas: esses professores já foram sobejamente beneficiados ao longo de uma carreira com mais de 30 anos de serviço. Em bom rigor, já receberam mais de 30 Subsídios de Natal pelo que podem facilmente prescindir do de 2011 dando, com esse gesto, uma lição de solidariedade aos seus alunos, aos pais, ao país e ao mundo.
Estes professores estão a dez anos da aposentação e a última fase do ciclo de vida da profissão docente caracteriza-se pela estabilidade, constância e serenidade, com bem diz o professor Ramiro. Os mais de 30 SN recebidos durante a longa carreira destes 30 mil professores (número do professor Ramiro) dão-lhes estabilidade, serenidade e folga orçamental suficientes para dar público exemplo de solidariedade.

#2. Razões financeiras: estando o país arruinado e obrigado a um rigoroso plano de redução da despesa pública (Portugal vai ter de cortar, em 2012, 10% nas despesas da Educação), só os irresponsáveis poderão exigir que o MEC gaste milhões de euros em SN a professores que estão no topo da carreira e que já o receberam mais de 30 vezes. Digo topo, em consciência. Quer os que estão no 8º quer os que estão no 9º, jamais irão progredir na carreira porque a carreira estará congelada pelo menos durante toda a década. 

Nota final: Sobre o ciclo de vida profissional dos professores, ver o estudo de Michael Huberman, The Professional Life Cycle of Teachers. O ciclo de vida integra as seguintes seis fases: descoberta, sobrevivência, estabilização, experimentação, desilusão e serenidade.

Os docentes situados nos 8º e 9º escalões estão na fase da "estabilização". Estabilização das práticas pedagógicas e estabilização no pecúlio financeiro acumulado ao longo de mais de 30 anos.



Reitor

9 comentários:

  1. O meu comentário é o seguinte:
    Uns tratam os assuntos com seriedade (é óbvio que, pelo menos, tentam) enquanto outros se limitam a ser engraçadinhos no tratamento dos mesmos.
    Enfim, no melhor pano cai a nódoa.

    Saudações

    Cruz

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  2. Só de devem tratar com seriedade assuntos sérios. A proposta de avaliação do so "crato" não é muito séria, convenhamos.

    Rui Jorge

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  3. Só não perceboo porquê os do 8º e 9º. Porque não também os do 7º. Ou só os do 9.
    Se não há 10º, nem vai haver, porque não se acaba com o artificial 7º?
    Tudo tem sido feito em cima do joelho, no desenrascanço. Mais uma vez.

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  4. Este texto é pura e simplesmente lamentável!

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  5. A nossa classe só tem aquilo que merece. Com este tipo de análises os professores mais "novos" vão conseguir um lindo enterro.
    Lembrem-se: o povo unido jamais será vencido.
    Não pertenço a nenhum partido.

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