Veja como ele tem fé nos computadores! É evidente que é bom que as escolas tenham computadores suficientes para todos os alunos. Mas será necessário um plano para comprar computadores para as escolas? E é necessário tanta propaganda? Não deveria isso ser um processo tão natural como a aquisição de qualquer outro recurso? Eu trabalho com computadores há mais de vinte anos e uso a Internet praticamente desde que ela se tornou acessível no nosso país e sei que não existe relação directa entre o uso dos computadores e melhor desempenho dos alunos. Há muitos alunos para quem a Internet é apenas uma alternativa ao estudo. Há até alunos que faltam sistematicamente às aulas e continuam a ir todos os dias à escola com o objectivo de socializarem, comerem à borla e navegarem na Net. Só quem é novato ou nunca usou a Internet é que pode afirmar que o uso dos computadores contribui decisivamente para modernizar os processos de ensino e aprendizagem. Como qualquer tecnologia pode servir para melhorar o ensino ou para o piorar. Já havia o Plano da Matemática, o Plano das Ciências, o Plano do Português e o Plano da Leitura. Agora passa a haver também o Plano Tecnológico da Educação. Já imaginaram a quantidade de tecnoburocratas que gravitam em torno destes planos? Todo um exército de burocratas a ditar sentenças, a dizerem como se faz e a exigirem aos produtores que façam desta maneira e não daquela? Não são planos a mais? Fazem lembrar os planos quinquenais do tempo de Staline. Viu-se naquilo que deram. Naquele tempo, os planos eram o instrumento para construir o socialismo. Agora, são apresentados como a panaceia para construir a modernidade. Uma modernidade que criou a geração dos 500 euros? Os exploradores de mão de obra barata estão a lucrar bastante com essa noção de modernidade.
A este certeiro e excelente comentário de Ramiro Marques só faltam uns pozinhos para a perfeição:
O Plano Tecnológico da Educação é a designação que os socialistas inventaram para não dar nas vistas o actual PEMEE - Processo de Esbanjamento dos Milhões de Euros da Europa - que já está em curso. Escreva Ramiro: O PTE, as Cartas Educativas, os Computadores Portáteis e tantos outros projectos não são mais que negócios - chorudos negócios - fomentados pelo Governo em que, à sombra do Estado, dezenas de particulares e empresas vão chupar avidamente milhões de euros europeus. Não teremos de esperar cinco anos para que os poderes -políticos e económicos - de hoje e que são, grosso modo, os mesmos de 1986, venham dizer com a mágoa e o pesar que só os artistas conseguem transmitir na TV:
-Portugal desperdiçou as verbas do QREN, não fomos capazes de aproveitar as imensas verbas vindas da europa para nos modernizarmos, para aumentar a produtividade e para nos aproximarmos dos restantes países europeus. Foi uma pena. Se tivessem sido bem investidas, se tiuvesse havido ficalização na aplicação das verbas do QREN, muito se teria feito. Agora, com o novo Quadro Comunitário de apoio, o Q.A.C.P. - Quadro de Apoio aos Chupa-Milhões - é que vai ser. Agora poderemos modernizar o país e desenvolver-nos. Temos de apostar nas pessoas, na formação e na educação, blá, blá, blá...E, nós, Ramiro, vamo-nos recordar do que aqui escrevo hoje, vamo-nos recordar do que aconteceu ao FSE, ao QREN e a todos os Projectos propagandeados popr este Governo.
Quer apostar?
Reitor
Não aposto porque sei que ia perder. Nem mais. Tudo o que diz vai concretizar-se. É por isso que a banca e algumas multinacionais do entretenimento e dos computadores são tão amigas dos socialistas. Sabem quem lhes traz bions negócios! Em nome da modernidade, dizem eles! Para bem dos modernaços, digo eu.
ResponderEliminarRamiro