segunda-feira, 23 de junho de 2008

E Porque Não Escolhermos Nós?

Em Portugal, há uma corrente ideológica, profunda e ainda maioritária, que vê o Estado como uma espécie de big father, protector dos portugueses. O Estado é percepcionado como um grande "pai" que cuida de todos nós . Um "pai" protector que trata da saúde de todos, que cuida da nossa segurança e da nossa reforma, que educa os nossos filhos..., enfim, um "pai" imenso, um "pai" infinitamente bom.
O credo no "Pai" Estado tem muitas semelhanças com o credo no "Pai" Deus.

Acontece, porém, que os portugueses também sabem que, embora queira cuidar de todos, o Estado não cuida de nenhum em particular. Ou seja, os portugueses "pressentem" que quando estiverem em dificuldades não terão o Estado por perto, nem a tempo e horas, nem gratuito como se esperaria. Milhares de portugueses já precisaram do Estado "pai" protector e nunca o encontraram. Ou esperaram tanto que, não aparecendo o Estado, desistiram de esperar.
O Estado é um "pai" protector de todos os portugueses em teoria, em abstracto, na Lei, nos discursos e nos programas políticos. Mas, na realidade, qualquer reflexão mínima nos confrontará com esta realidade: é materialmente impossível ao Estado cuidar de todos nós, gratuitamente e com elevada qualidade. Ou cuida de todos, gratuitamente ou quase, e o serviço prestado não tem qualidade (como acontece agora) ou cuida gratuitamente apenas daqueles que precisam e nas situações em que precisam (pobres e ricos, velhos e novos), garantindo, assim, um serviço de elevada qualidade, inclusivamente capaz de puxar para cima a qualidade dos serviços da concorrência.
E os cidadãos, individualmente, já perceberam que não há borlas. Sentem na própria pele a ineficiência e a falta de qualidade dos serviços públicos. Os portugueses ou, melhor, nenhum português é tratado pelo ESTADO com o respeito a que tem direito, com a celeridade devida, com a qualidade necessária e ao justo preço. A menos que tenha cunha, amigos influentes, familiares bem colocados...

Na verdade, as notícias que vemos, que lemos e que ouvimos são os mais eloquentes desmentidos à existência e à necessidade de um Estado providência como o que temos em Portugal; que nos trate com igualdade e com equidade, que assegure universal e gratuitamente os serviços de saúde, de educação e de apoio na velhice.

Não precisamos de um Estado "pai", demasidado gordo, infestado de compadrio e de nepotismo, que não cuida nem protege aqueles que mais precisam.

Precisamos de um Estado subsidiário que nos garanta a liberdade de escolher. Um "Estado Garantia" (feliz conceito de Fernando Adão da Fonseca, um socialista arejado), que se preocupe em garantir os meios para que todos os portugueses possam fazer as suas escolhas. Possam ser LIVRES.
Reitor

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