A ESCOLA DO CRIME
Uma pessoa ouve estas erudições e pergunta-se se os respectivos autores as cometem por idiotia terminal ou má-fé. Na primeira hipótese, convinha averiguar qual o tipo de ensino que frequentaram, de maneira a encerrá-lo com urgência. Na segunda, convinha determinar clinicamente o perigo de semelhantes sociopatas para a comunidade. Em qualquer dos casos, até dói ter de lembrar duas ou três evidências.
Há alternativas? Há o ensino particular propriamente dito, presumivelmente mais competente e mais caro. E há as escolas privadas com "contratos de associação". Ou havia, até ao momento em que o senhor ministro do ramo descobriu uma piscina olímpica num colégio na Vila da Feira e resolveu acabar com a brincadeira. Num instante, hordas de indivíduos apaixonados pelo ensino público e que inscrevem a descendência no privado levantaram-se para aplaudir.
De seguida, a título de verdades incontestáveis, desataram a repetir uma série de incontestáveis aldrabices: ao financiar as escolas privadas com "contratos de associação", o Estado prejudica as escolas públicas; as escolas privadas com "contratos de associação" ficam caríssimas ao contribuinte por comparação com o ensino gratuito; as escolas privadas com "contratos de associação" exibem sinais exteriores de riqueza, ao passo que as escolas públicas se limitam ao essencial; as escolas privadas com "contratos de associação" são para ricos e egoístas em geral, enquanto as escolas públicas são para os pobres e as pessoas com consciência social; ao contrário da iniciativa privada, cega pela vertigem do lucro, o Estado vela pelo bem comum; etc
Do mesmo modo, o luxo repugnante do colégio que "atraiu a atenção" do intrépido ministro traduz-se na qualidade das instalações (salas de informática e multimédia, laboratórios, campo de squash e a tal piscina), construídas ao longo de 25 anos mediante financiamentos similares aos de um liceu comum - a atenção de governantes sem distúrbios hormonais teria sido atraída pelos sinais exteriores de desleixo dos estabelecimentos estatais: onde foram parar as verbas?
Num brilhante texto, Alberto Gonçalves desmonta uma série de "argumentos" que têm sido apresentados pelos defensores das escolas públicas, desde logo:
1 - Nas escolas públicas também há charlatães a ensinar e a lavar cérebros às crianças. Não menos que nas privadas.
2 - As escolas públicas não ficam mais baratas ao contribuinte, antes pelo contrário.
3 - É preciso perceber porque é que as escolas privadas têm excelentes instalações, que até causam inveja ao ministro e as públicas estão a cair aos pedaços tendo, sendo financiadas, presume-se, com os mesmos valores por turma que as privadas 80.500 euros/turma.
4 - É um absurdo patrocinar as escolas públicas e privadas. O Estado não tem de financiar escolas, mas sim financiar a educação dos cidadãos.
5 - O estado financia escolas porque a sua preocupação e interesse não é a educação das crianças, nem a justiça, nem a equidade, nem... O Estado financia as escolas para controlar a ascensão social e para domesticar as almas no projeto totalitário das esquerdas.
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