segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Liberdade, Mercado, Desenvolvimento e Qualidade da Educação

"Adam Smith observou que a liberdade de empreendimento e a concorrência geram uma disciplina severa - quando comparada com a indisciplina gerada pela tutela estatal. Quando os preços são livres, não são arbitrários e, em regra, tendem a descer. Quando não são livres, tendem a ser arbitrários e, em regra, a subir.
Esta regra de ouro da economia de mercado pode ser observada em experiências muito simples. Todos sabemos que os preços de produtos fornecidos pelo sector privado em regime de concorrência tendem a baixar de geração em geração. Computadores, frigoríficos, máquinas de lavar ou televisores eram apenas acessíveis a uns poucos, há uma ou duas gerações. Ao longo deste período, tornaram-se cada vez mais acessíveis a um número sempre crescente de pessoas. O preço desses produtos, quando medido em número de horas de trabalho necessário para os adquirir, baixou dramática e ininterruptamente. O mais incrível é que essa descida dos preços foi em regra acompanhada da subida da qualidade. É, repito, o milagre da economia de mercado.

Em contrapartida, olhemos para o que se passa naqueles sectores em que os bens e serviços são fornecidos em regime condicionado ou dominado pelo Estado. A educação é um caso flagrante. A despesa pública neste sector não pára de aumentar, incluindo a despesa por aluno (a qual, sintomaticamente, é mais elevada na escola do Estado do que na escola privada). No entanto, a qualidade desce ou, pelo menos, não sobe.

James Buchanan e a escola da "Escolha Pública" argumentaram persuasivamente que a lógica dos agentes públicos é a de constantemente aumentar o orçamento dos seus departamentos. ...É isso que explica, por exemplo, o constante aumento dos custos das escolas estatais. E é esse tipo de aumento que explica o quase constante aumento dos impostos".

João Carlos Espada. Ler tudo aqui.

Reitor

8 comentários:

  1. Primeiro ponto: Se ler com atenão "A Riqueza das Nações", nos dois capítulos em que trata da educação (um deles, mais voltado para a "educação religiosa"), verá que Adam Smith é um dos principais teorizadores de uma indústria estatal para a educação de massas (não falo do que dizia A. S. sobre a educação das "classes superiores").
    Segundo ponto: a equiparação que os defensores da "capitalização" da actividade educativa fazem entre o "produto educativo" e produtos como televisões, computadores, etc., é o principal libelo acusatório contra tais defensores;
    Terceiro ponto: um dos preços que tem uma tendência crescente para baixar sob a concorrência capitalista, é o da força de trabalho (expresso no salário), e alguns dos preços que actualmente mais sobem por via da natureza capitalista (ou quase-capitalista) da sua produção, é o dos bens essenciais (bens alimentares, habitação, água, etc.), os quais muitos salários não conseguem adquirir.

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  2. Meu caro optimista.
    Vejo que a "Riqueza das Nações" ainda o empolga e desafia a uma boa discusão. Lamento não poder corresponder. Por manifesta falta de tempo, obviamente.

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  3. Eu ainda estou à espera de ver o Espada largar o seu emprego no estado, onde é bem pago para debitar banalidades, para vir demonstrar na prática a eficiência e a superioridade e mais não sei quê da economia capitalista.

    Mas é claro que mais vale esperar sentado...

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  4. Meus caros, o problema não está nos mensageiros, nem na mensagem. O problema está no Estado.

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  5. Ó Reitor, não nos lixe. O Adam Smith é do séc. XVIII. Rebate-se com o Marx, do séc. XIX.

    Mas nem um nem outro explicam inteiramente a realidade económica actual.

    Nenhuma cassete - e o neoliberalismo não passa disso - substitui o pensamento crítico e o olhar para a realidade tal como ela é.

    O Reitor reconheceu noutro comentário que não tem tempo para ler o que devia para evitar dizer disparates. Eu também não tenho tempo para ficar aqui a ensinar-lhe o b-a-bá, por isso deixo apenas uma sugestão:

    Se comprar hoje um carro ou um telemóvel paga menos e vai mais bem servido do que há uns 10 ou 20 anos atrás. Mas se precisar de fazer uma reparação ou simples manutenção no aparelho, paga incomparavelmente mais. Veja lá se o Adam Smith lhe explica isto...

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  6. Percebo, António Duarte, que se empolgue com a erudição que ostenta. Talvez seja o comentador mais sábio que por aqui aparece. Parabéns.
    Claro que a sabedoria em excesso também nos faz tropeçar, às vezes.
    Com que então, quer rebater o Adam Smith com o Marx? Os Bolcheviques também o fizeram...já no século XX, veja lá.
    Só temo que fique isolado nos seus rebates, pois até o PCP bate mais hoje no Marx que no Smith. Não lhe parece?
    Percebo que você não repare um telemóvel há 10 ou 20 anos. Há 20anos não existiam, pois não.
    Já o considero um felizardo por não precisar de reparar o automóvel. É que se tivesse de o fazer evitaria a asneira de afirmar que a reparação de um automóvel hoje é mais cara (incomparavelmente, diz você) que há 10 ou 20 anos.
    Há! Quanto a ensinar-me, não obrigado. Prefiro ser eu a escolher o professor

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  7. Breves esclarecimentos:

    1. Eu não me dedico a rebater pensadores; preocupo-me mais em compreender, sem preconceitos, as suas ideias, no contexto histórico em que foram produzidas. O erro dos neoliberais é olharem de forma dogmática para o liberalismo do séc. XIX como se fosse uma receita intemporal, incapazes de verem a injustiça e a desigualdade a que nos leva o capitalismo selvagem que em tempos se pensou ser o melhor dos mundos. Esta análise crítica foi feita brilhantemente por Marx, embora nem o marxismo nem o liberalismo sejam hoje aplicáveis tal e qual. Se é que alguma vez o foram.

    2. Telemóveis por acaso há 20 anos já existiam. É um pormenor irrelevante, que qualquer wikipedia lhe pode confirmar. Mas claro que há 10 já eram menos parecidos com tijolos e já se tinham tornado muito mais populares.

    3. Quanto a automóveis, de facto não são a minha especialidade, mas talvez um mecânico que já o fosse há 20 anos atrás lhe possa dar uma lista de reparações que na altura se faziam aos carros e hoje não se fazem porque o custo seria superior ao do próprio veículo. Não sei é se o Espada lhe consegue explicar o porquê destas coisas que não constam da "Riqueza das Nações".

    4. Quanto à minha sabedoria, erudição, ou falta dela, se a acha inconveniente, eu peço desde já desculpa pela intromissão nos domínios reitorais e prometo não voltar a incomodar.

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  8. #22:15
    Ó diabo. Parece que toquei nalguma corda mais sensível...
    Não fique aborrecido. É um prazer vê-lo por aqui

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