terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Bajulador a toda a hora

Contudo, o presidente do Conselho das Escolas, Álvaro Almeida dos Santos, também à Rádio Renascença, sublinhou que “esta medida é fundamental para o funcionamento de muitas escolas”, pelo que a considera “globalmente positiva”.

Há vários anos que sucessivos Governos usam e abusam de um expediente - com o pomposo nome de "contrato de emprego e inserção" - para as escolas manterem abertas as suas portas: permitem que estas, anualmente, recrutem pessoal do Fundo de Desemprego para realizarem todas as tarefas que normalmente incumbem aos contínuos e ao pessoal das secretarias.

Segundo os sindicatos, são seis mil os desempregados que, neste momento mantêm as escolas a funcionar: desde as secretarias até aos auxiliares, todos os anos se renovam os rostos, todos os anos se perdem imensas horas em formação de pessoal indiferenciado, recrutado no Fundo de Desemprego para as mais variadas tarefas das escolas.

As escolas fingem que precisam destas pessoas para apoiar trabalho de carácter temporário ou para apoiar o seu pessoal em tarefas específicas.

Os Centros de Empregos ajudam as escolas a ludribiar o Estado colocando pessoal em "programas de ocupação", quando sabem perfeitamente que esse pessoal vai substituir o pessoal que as escolas vão perdendo para a reforma, por doença e por toda a sorte de mobilidade.

O Governo dá baixa desses "desempregados" que passam a trabalhar nas escolas mas continuam a ganhar subsídio de desemprego, intrujando as estatísticas e o povo.

E nesta podridão vai medrando a nova cultura do funcionalismo público: intrujice, mentira, faz-de-conta e irresponsabilidade.

E que deviam fazer os responsáveis pelas Escolas?

Os Directores deveriam denunciar o logro e responsabilizar o Governo por não ter uma política consistente de recursos humanos não docentes para as escolas.

Deveriam responsabilizar o Governo por uma quota-parte dos maus resultados escolares dos alunos, os quais têm a sua origem, também, na impreparação e mobilidade dos recursos humanos não docentes das escolas.

Deveriam dizer que o rei vai nu.

Mas não dizem.

Antes pelo contrário, soltaram o Director-Mor, Álvaro Almeida Santos, para, de chapéu na mão, agradecer ao Governo o favor de colocar nas escolas desempregados a fazer o papel de auxiliares de ensino. "É uma medida fundamental para o funcionamento de muitas escolas", diz o bajulador.

A mim parece-me o contrário: o recurso do Governo aos desempregados para manter as escolas em funcionamento é uma péssima medida de política educativa: prejudica as escolas que se vêem confrontadas com a colocação de pessoal desqualificado, diminui a qualidade do ensino e põe em causa a segurança dos alunos.

A mim parece-me que o facto de haver directores de escolas cuja primeira função não é a gestão da escola mas sim dar graxa ao poder, há-de contribuir para aumentar a taxa de desemprego dos engraxadores e, necessariamente, para que os resultados escolares dos alunos sejam o que são. Péssimos.

É na escola que os portugueses aprendem, não a defender com garra os seus direitos, não a exigir competência e responsabilidade aos seus governantes, nada disto. É na escola que, desde tenra idade, os portugueses aprendem a curvar a espinha e a estar sempre de mãos abertas aos favorzinhos de qualquer governozinho.

Pobres portugueses. Mereciam melhor.

Reitor

4 comentários:

  1. Os pontos de vista são diferentes: Para um o que importa é tratar de ter boa vidinha como antigamente, para o outro interessa ter a Escola a funcionar garantindo um nível que agrade aos utentes. Como poderiam estar de acordo?

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  2. Caro ex-titular.
    Você atira completamente ao lado. Está como daqueles directores mais papistas que o Papa.
    Não, não são pontos de vista diferentes. Um deles é um ponto de vista, o outro é areia que se lança para os olhos dos papalvos: o que interessa numa escola pública não é que a dita funcione de forma a agradar aos utentes. Isso interessa é às privadas.
    Nas escolas públicas o que interessa e promover uma educação de valores e de conhecimentos. Interessa também que se cumpra a lei e, porque é pública, que o seu proprietário lhe garanta os recursos humanos e materiais e financeiros necessários, não ao seu funcionamento, mas ao seu funcionamento em condições de qualidade, segurança, higiene e dignidade aceitáveis.
    Para um o que importa é que Portugal disponha de uma escola pública digna e de qualidade - sim, pode dizer, como antigamente. Para o outro, o que interessa é que a Escola Pública se continue a degradar e a Escola Privada a dignificar aos olhos de todos.

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  3. Na escola de antigamente havia mais respeito que na escola de agora

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