quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Esmiuçando a Proposta

Já dei uma vista de olhos à proposta da Sorrisos e ...nem para anedota serve.
Não tem nadinha que se aproveite.
Quanto ao "objecto, finalidades e objectivos ... de avaliação", balelas e redondilhas que são ditas e escritas apenas e só porque o P.S. está a fazer marcha à ré e vale tudo. Até escrever lapalissadas.
Mais à frente, onde começa a doer, a Sorrisos não surpreende:
1 - Querer avaliar as dimensões "social" e "ética" dos professores é uma asneira pegada que se perceberá melhor quando for estabelecido o quadro de referentes sociais e éticos associados ao desempenho profissional. Já para não falar naquele pormenor que vem sempre ao de cima e que tem a ver com aceitação de avaliadores que sejam exemplos de estatura ética e profissional.
Avaliar a dimensão ética e social dos professores vai tão fácil e instrutivo como avaliar políticos com base na sua honradez, no seu exemplo cívico e nas relações privadas. Os portugueses têm conseguido fazê-lo...
2 - Gosto particularmente da avaliação da "relação do professor com a comunidade". Vão-se safar os professores que tiverem boas relações com a vizinha do 5º andar, com o dono da mercearia e com o presidente da Junta.
3 - Os novos "instrumentos de avaliação" (Relatório de Auto Avaliação e, quando for o caso, a Observação de Aulas) também são demonstrativos da exigência e seriedade do novo modelo de avaliação.
4 - Exigência e seriedade atestadas pela intenção de se pôr o Conselho Pedagógico a avaliar os professores, retirando-se essa competência ao Director das Escolas que, a bem da verdade, nada terá a dizer sobre o desempenho dos professores que "dirige".
Não exactamente o CP, mas antes uma "comissão de coordenação da avaliação", um "júri de avaliação" e um "relator". Sorrio.
5 - E haverá um Júri Especial de Recurso constituído maioritariamente pelos membros do órgão recorrido - Júri de Avaliação. Uma gargalhada.

Portantos:
O ME não tem vergonha de apresentar um modelo de avaliação em tudo semelhante ao que vigorou até Agosto de 2005 e que o seu líder tanto criticou: um "Documento de Reflexão Crítica", agora designado relatório de auto-avaliação e um mecanismo para atribuir MB e Excelente (Observação de Aulas) com estava previsto no anterior ECD e que nunca foi totalmente regulado.
O ME retira a avaliação dos professores das mãos dos Directores que impôs como dirigentes máximos e únicos das escolas.
O ME coloca nas mão do Conselho Pedagógico a avaliação dos professores.

Colocar a avaliação dos professores no CP é um pouco como colocar o governo do país no Parlamento.
Fiquemos, pois, todos descansados.


Adenda: O Ramiro Marques faz uma leitura diferente da minha.
Sugere que há uma "falsa" deslocação do centro da avaliação do Director para o CP. Falsa porque o Director sendo o presidente do CP contuinua a avaliar.
Acho que o Ramito erra duplamente:
1 - Erra quando sugere que sendo o Presidente do CP a mesma pessoa que o Director, este participa na ADD. De facto, assim não é: é irrelevante se o Presidente do CP é o Director uma vez que o Presidente do CP integra e preside a uma estrutura colectiva de ADD. A sua palavra vale um voto em 5 ou 6. Enquanto a apreciação do Director, na qualidade de responsável máximo da escola, valia por si. Valia tudo ou quase tudo.
2 - Erra novamente quando sugere que a avaliação feita pelo CP é mais justa, mais isenta, mais equilibrada e melhor para os professores que a avaliação feita pelo Director. Não nos esqueçamos: o anterior modelo de ADD nunca foi contestado pelo lado do PCE mas sim pelo lado dos pares.
Em nenhum país do mundo, em nenhum organização humana se exclui o responsável máximo de avaliar os que de si dependem. E é por aqui que a proposta morrerá e perderá, já não digo a credibilidade que nunca teve, mas qualquer sinal de seriedade.

Reitor

4 comentários:

  1. Ó reitor, não me diga que estava à espera que aparecesse uma proposta de avaliacão decente. Não há. Será sempre pseudónimo para poupança. Claro que é tudo palhaçada, para rir. E eu posso rir que estou no fim da carreirinha. Para os que vão ficar por muitos anos nas escolas isto vai ser massacre. Desconfio que deixará de se poder gostar de ser professor

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  2. Isto vai acabar por "ir lá" pelo cansaço (nosso, é claro!).

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  3. Já somos duas Sectora! Eu para o ano digo adeus à escola, mas tenho pena dos que ficam... lá isso tenho!

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  4. Ó Setoras, Setores e Sôs Reitores!...

    Eu sou também dos que já devem tempo de serviço à aposentação!...

    Ainda assim, interesso-me, preocupo-me e sempre me envolvo na luta que já quase não é minha!...

    Quanto aos mais novos, aos que me parecem desligados destes assuntos, por conformismo, oportunismo ou "deixa andar, quero lá saber", a esses vai ser-lhes muito bem feito, no futuro, o futuro!....

    De Braga, com carinho.

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