sábado, 21 de novembro de 2009

Os Verdadeiros Vencedores

Com a aprovação da Resolução do PSD sobre o ECD e a avaliação dos professores pode-se já olhar para o campo de batalha e ver quem tombou e quem venceu, ainda que com algumas mazelas, a guerra governo-professores.

VENCEDORES
- Ganharam os professores com o fim anunciado da divisão da carreira. O P.S. acabou por votar a favor da resolução e, consequentemente, contra da divisão entre professores titulares e professores.
- Ganhou o P.S. porque não perdeu a face com a embrulhada que havia criado em torno da avaliação e consegue levar até ao fim o objectivo de diferenciar o desempenho dos professores, com base num modelo de avaliação cujos avaliadores não tinham competências para o efeito.
- Aliás, o P.S. vence esta disputa em toda a linha: mantém em vigor um modelo de avaliação declaradamente incapaz e mantém a divisão da carreira por mais uns tempos (ainda não se sabe até quando); mantém as quotas na avaliação dos professores e leva até ao fim - nas consequências e resultados - um dos maiores ataques que se fizeram aos professores portugueses. E tudo isto depois de perder a maioria no Parlamento e de os Partidos da oposição terem assinado declarações de intenção de suspensão da coisa.
- Vence o Governo, Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, não só por terem conseguido levar até ao fim a sua teimosia, mas também porque hão-de poder dizer, sem corar, que o modelo de avaliação deles era o único que conseguia diferenciar o mérito e o desempenho dos professores. Ao contrário do modelo que existia antes e do que veio a existir depois.
- Vencem os sindicatos de professores que, prevendo perder protagonismo na negociação protegeram a lagosta e deixaram o mexilhão à sua sorte. Como sempre, aliás.
- Vence a iniquidade, a ausência de escrúpulos, o ressentimento e a desconfiança que este modelo fez medrar entre os professores e que só uma medida poderia contrariar: A suspensão do modelo e a atribuição administrativa de BOM a todos os professores.
- Vence o Paulo Guinote que ensaiou e defendeu esta solução há cerca de um mês. Curiosamente a mesma solução que o P.S.D. viria a adoptar desde a semana passada... Por mero acaso, certamente.

VENCIDOS
- Perdeu o P.S.D. parte da pouca credibilidade de que já gozava junto dos professores. Não há qualificativo para um partido que coloca no seu programa eleitoral a suspensão do modelo de avaliação, a defende até 15 dias antes da votação e, numa espécie de flic-flac à rectaguarda, cede a outros interesses, não suspende nada e estatela-se ao comprido.
- Perdem as centenas de milhar de docentes que, genuinamente, marcharam em Lisboa contra este modelo de avaliação e viram o mesmo ser certificado por um Partido que, a bem da verdade, nunca soube o que queria.

CÚMULO DA DEMAGOGIA BACOCA
O cúmulo da demagogia e, talvez, a razão que tudo explica, está inteirinho nesta frase do Guinote "...Uma coisa que muita gente não reparou e que podia acontecer é que, se a avaliação fosse suspensa, milhares de professores podiam não progredir na carreira". Pois. Como vai acontecer na Madeira e nos Açores...
Alguém lhe lembre, porque não se trata de falta de inteligência, que o Parlamento legisla e as leis servem para isso mesmo: para fazer lei.

Reitor

16 comentários:

  1. Os professores marcharam contra o modelo de ADD ou contra a divisão da carreira, antes de mais?

    Quanto ao resto, anoto algum azedume.

    Divertido.

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  2. Caro Reitor,
    Subscrevo a 100%.
    E acho de uma incongruência e de uma falta de seriedade inusitadas (de que não estava à espera em alguns colegas) que se tenha qualificado o processo de avaliação como uma "mistificação" e agora se enverede pelo "faz de conta" e se lhe reconheça competência para diferenciar qualitativamente os professores. Além do mais, quando estas posições de meias-tintas vêm de quem não se incomoda nada em ter sido avaliado sem ter entregue a FAA, ao mesmo tempo que outros colegas que não entregaram a FAA se vêem privados de avaliação(enojou-me até a forma como a colega Ana Lima foi "gozada" e "insultada" em comentários colocados num blogue dado a guinadas de circunstância).
    Abraço

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  3. em absoluto...
    Tenho estranhado algumas posições de quem já foi incomodo, mas agora parece acomodado.

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  4. Reitor!
    Muito oportuno!

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  5. Octávio!
    Concordo inteiramente contigo e o que dizes só vem reforçar mais a ideia de que é preciso anular toda este processo, que não passou de uma enorme palhaçada! Essa de ter havido colegas que foram avaliados sem entregar a FAA e outros que o não foram é gritante!

    Eu, que entreguei a FAA (embora contra vontade mas entreguei) estou preocupada com TODOS os colegas que o não fizeram porque acho que foi um grande acto de coragem e que foi uma forma de lutar como qualquer outra, não entendo como possa estar tranquilo com toda esta situação quando há colegas em situação de penalização!

    E de gozo pelos colegas?!...
    Sabes, Octávio, esse foi o verdadeiro motivo por que não vencemos este indigno PS - porque não somos uma classe...

    Mas...
    Vamos continuar a lutar, que é o mesmo que dizer vamos ser fiéis aquilo em que acreditamos! Não há outra forma!

    Quanto mais o mundo tem destas manifestações, mais precisa de quem consiga dormir tranquilo...

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  6. Completamente de acordo com o Reitor.
    parabens pela sua análise.
    A luta continua...
    lirio da Serra

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  7. Está-me a parecer que o General não se está a dar bem com a vitória.
    Que diabo, afinal a sua estratégia saiu vencedora.
    Ou então o cansaço de tantas batalhas - nas quais se bateu bem e como denodo - está a subir...

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  8. nenhum dos comentadores , que concordam a 100%, entregou na fichita?

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  9. De acordo com o seu pensar expresso no texto, alteraria nele a frase "A suspensão do modelo e a atribuição administrativa de BOM a todos os professores." por a alteração do modelos e a atribuição de Excelente a todos os professores", como a lei não é retroactiva, pelo menos no princípio, embora o seja quando os Poderes o querem, não se poderia retirar os méritos da vergonha, sob pena de contestações judiciais.

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  10. Que vitória? dava-me jeito que vitória ou qualquer coisa do género passasse por aqui,bem estou precisada, mas, sinceramente, não consigo sentir nada que tenha a ver com a dita.
    Interrogo-me: ó professor, temos Isabel Alçada como ministra, aprovada na assembleia o tal projecto, os sindicatos com o calendário da negociação, a certeza de que os professores que não entregaram o papelito não serão penalizados (não sabendo o que é que os senhores entendem por ” não penalizados)e que vai acabar o título para o professor titular.
    O que é que isto significa de mudança? Desde já, os que estavam ao “ataque”, os que se insurgiram, obtiveram o estatuto de “não penalizados”, não precisam, pois de se defender mais. Quanto ao resto, vou esperar para ver, neste momento, desculpem-me, mas não sinto vitória, porque, no essencial, não há nada que me permita entender mudança. Haverá quem sinta vitória, deixei-los sentir, também o Zé Maria ganhou o bib-brothere e disse e sentiu “vitória”.
    Receio que,como diria o nosso colega, sublime na arte BD, “fique tudo na mesma, mas agora com Beijinho”

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  11. Vamos esperar para ver o que significa acabar com a divisão os próximos. O Paulo sabe que vão arranjar meio de encontrar chefes. Serão, desta feita, chefes com canudo de doutores? serão estes o garante da chefia bem chefiada?
    Vamos ver.

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  12. Eu tenho vários "canudos"! Será desta que vou ser chefe?!

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  13. Tem razão, todas as trapacices ficam de pé.

    Mas a acomodação de tantos não me espanta. O modo como tantos aderiram ao papel de avaliadores, como tantos pariram grelhas e tantos se entretiveram dias e horas sem fim a discuti-las, a mudar vírgulas e percentagens disto e daquilo, o modo como tantos convictamente gritaram "avaliação sim" sem quererem discutir a essência da coisa, tudo isto preparava caminho para as cenas a que vamos agora assistir.

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  14. Tem razão, todas as trapacices ficam de pé.

    Mas a acomodação de tantos não me espanta. O modo como tantos aderiram ao papel de avaliadores, como tantos pariram grelhas e tantos se entretiveram dias e horas sem fim a discuti-las, a mudar vírgulas e percentagens disto e daquilo, o modo como tantos convictamente gritaram "avaliação sim" sem quererem discutir a essência da coisa, tudo isto preparava caminho para as cenas a que vamos agora assistir.

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