Com a aprovação da Resolução do PSD sobre o ECD e a avaliação dos professores pode-se já olhar para o campo de batalha e ver quem tombou e quem venceu, ainda que com algumas mazelas, a guerra governo-professores.
VENCEDORES
- Ganharam os professores com o fim anunciado da divisão da carreira. O P.S. acabou por votar a favor da resolução e, consequentemente, contra da divisão entre professores titulares e professores.
- Ganhou o P.S. porque não perdeu a face com a embrulhada que havia criado em torno da avaliação e consegue levar até ao fim o objectivo de diferenciar o desempenho dos professores, com base num modelo de avaliação cujos avaliadores não tinham competências para o efeito.
- Aliás, o P.S. vence esta disputa em toda a linha: mantém em vigor um modelo de avaliação declaradamente incapaz e mantém a divisão da carreira por mais uns tempos (ainda não se sabe até quando); mantém as quotas na avaliação dos professores e leva até ao fim - nas consequências e resultados - um dos maiores ataques que se fizeram aos professores portugueses. E tudo isto depois de perder a maioria no Parlamento e de os Partidos da oposição terem assinado declarações de intenção de suspensão da coisa.
- Vence o Governo, Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, não só por terem conseguido levar até ao fim a sua teimosia, mas também porque hão-de poder dizer, sem corar, que o modelo de avaliação deles era o único que conseguia diferenciar o mérito e o desempenho dos professores. Ao contrário do modelo que existia antes e do que veio a existir depois.
- Vencem os sindicatos de professores que, prevendo perder protagonismo na negociação protegeram a lagosta e deixaram o mexilhão à sua sorte. Como sempre, aliás.
- Vence a iniquidade, a ausência de escrúpulos, o ressentimento e a desconfiança que este modelo fez medrar entre os professores e que só uma medida poderia contrariar: A suspensão do modelo e a atribuição administrativa de BOM a todos os professores.
- Vence o Paulo Guinote que ensaiou e defendeu esta solução há cerca de um mês. Curiosamente a mesma solução que o P.S.D. viria a adoptar desde a semana passada... Por mero acaso, certamente.
VENCIDOS
- Perdeu o P.S.D. parte da pouca credibilidade de que já gozava junto dos professores. Não há qualificativo para um partido que coloca no seu programa eleitoral a suspensão do modelo de avaliação, a defende até 15 dias antes da votação e, numa espécie de flic-flac à rectaguarda, cede a outros interesses, não suspende nada e estatela-se ao comprido.
- Perdem as centenas de milhar de docentes que, genuinamente, marcharam em Lisboa contra este modelo de avaliação e viram o mesmo ser certificado por um Partido que, a bem da verdade, nunca soube o que queria.
CÚMULO DA DEMAGOGIA BACOCA
O cúmulo da demagogia e, talvez, a razão que tudo explica, está inteirinho nesta frase do Guinote "...Uma coisa que muita gente não reparou e que podia acontecer é que, se a avaliação fosse suspensa, milhares de professores podiam não progredir na carreira". Pois. Como vai acontecer na Madeira e nos Açores...
Alguém lhe lembre, porque não se trata de falta de inteligência, que o Parlamento legisla e as leis servem para isso mesmo: para fazer lei.
Reitor
Os professores marcharam contra o modelo de ADD ou contra a divisão da carreira, antes de mais?
ResponderEliminarQuanto ao resto, anoto algum azedume.
Divertido.
Caro Reitor,
ResponderEliminarSubscrevo a 100%.
E acho de uma incongruência e de uma falta de seriedade inusitadas (de que não estava à espera em alguns colegas) que se tenha qualificado o processo de avaliação como uma "mistificação" e agora se enverede pelo "faz de conta" e se lhe reconheça competência para diferenciar qualitativamente os professores. Além do mais, quando estas posições de meias-tintas vêm de quem não se incomoda nada em ter sido avaliado sem ter entregue a FAA, ao mesmo tempo que outros colegas que não entregaram a FAA se vêem privados de avaliação(enojou-me até a forma como a colega Ana Lima foi "gozada" e "insultada" em comentários colocados num blogue dado a guinadas de circunstância).
Abraço
100 per cent
ResponderEliminarConcordo totalmente.
ResponderEliminarem absoluto...
ResponderEliminarTenho estranhado algumas posições de quem já foi incomodo, mas agora parece acomodado.
Reitor!
ResponderEliminarMuito oportuno!
Octávio!
ResponderEliminarConcordo inteiramente contigo e o que dizes só vem reforçar mais a ideia de que é preciso anular toda este processo, que não passou de uma enorme palhaçada! Essa de ter havido colegas que foram avaliados sem entregar a FAA e outros que o não foram é gritante!
Eu, que entreguei a FAA (embora contra vontade mas entreguei) estou preocupada com TODOS os colegas que o não fizeram porque acho que foi um grande acto de coragem e que foi uma forma de lutar como qualquer outra, não entendo como possa estar tranquilo com toda esta situação quando há colegas em situação de penalização!
E de gozo pelos colegas?!...
Sabes, Octávio, esse foi o verdadeiro motivo por que não vencemos este indigno PS - porque não somos uma classe...
Mas...
Vamos continuar a lutar, que é o mesmo que dizer vamos ser fiéis aquilo em que acreditamos! Não há outra forma!
Quanto mais o mundo tem destas manifestações, mais precisa de quem consiga dormir tranquilo...
Completamente de acordo com o Reitor.
ResponderEliminarparabens pela sua análise.
A luta continua...
lirio da Serra
Está-me a parecer que o General não se está a dar bem com a vitória.
ResponderEliminarQue diabo, afinal a sua estratégia saiu vencedora.
Ou então o cansaço de tantas batalhas - nas quais se bateu bem e como denodo - está a subir...
nenhum dos comentadores , que concordam a 100%, entregou na fichita?
ResponderEliminarDe acordo com o seu pensar expresso no texto, alteraria nele a frase "A suspensão do modelo e a atribuição administrativa de BOM a todos os professores." por a alteração do modelos e a atribuição de Excelente a todos os professores", como a lei não é retroactiva, pelo menos no princípio, embora o seja quando os Poderes o querem, não se poderia retirar os méritos da vergonha, sob pena de contestações judiciais.
ResponderEliminarQue vitória? dava-me jeito que vitória ou qualquer coisa do género passasse por aqui,bem estou precisada, mas, sinceramente, não consigo sentir nada que tenha a ver com a dita.
ResponderEliminarInterrogo-me: ó professor, temos Isabel Alçada como ministra, aprovada na assembleia o tal projecto, os sindicatos com o calendário da negociação, a certeza de que os professores que não entregaram o papelito não serão penalizados (não sabendo o que é que os senhores entendem por ” não penalizados)e que vai acabar o título para o professor titular.
O que é que isto significa de mudança? Desde já, os que estavam ao “ataque”, os que se insurgiram, obtiveram o estatuto de “não penalizados”, não precisam, pois de se defender mais. Quanto ao resto, vou esperar para ver, neste momento, desculpem-me, mas não sinto vitória, porque, no essencial, não há nada que me permita entender mudança. Haverá quem sinta vitória, deixei-los sentir, também o Zé Maria ganhou o bib-brothere e disse e sentiu “vitória”.
Receio que,como diria o nosso colega, sublime na arte BD, “fique tudo na mesma, mas agora com Beijinho”
Vamos esperar para ver o que significa acabar com a divisão os próximos. O Paulo sabe que vão arranjar meio de encontrar chefes. Serão, desta feita, chefes com canudo de doutores? serão estes o garante da chefia bem chefiada?
ResponderEliminarVamos ver.
Eu tenho vários "canudos"! Será desta que vou ser chefe?!
ResponderEliminarTem razão, todas as trapacices ficam de pé.
ResponderEliminarMas a acomodação de tantos não me espanta. O modo como tantos aderiram ao papel de avaliadores, como tantos pariram grelhas e tantos se entretiveram dias e horas sem fim a discuti-las, a mudar vírgulas e percentagens disto e daquilo, o modo como tantos convictamente gritaram "avaliação sim" sem quererem discutir a essência da coisa, tudo isto preparava caminho para as cenas a que vamos agora assistir.
Tem razão, todas as trapacices ficam de pé.
ResponderEliminarMas a acomodação de tantos não me espanta. O modo como tantos aderiram ao papel de avaliadores, como tantos pariram grelhas e tantos se entretiveram dias e horas sem fim a discuti-las, a mudar vírgulas e percentagens disto e daquilo, o modo como tantos convictamente gritaram "avaliação sim" sem quererem discutir a essência da coisa, tudo isto preparava caminho para as cenas a que vamos agora assistir.