domingo, 29 de novembro de 2009

Muito Estado, Péssimo Estado.

Um excelente texto de António Barreto em favor da Sociedade Aberta e da Liberdade.
E que acerta na mouche. Aqui ficam as balas mais certeiras.

"É minha convicção que é o carácter fechado, protegido da emulação e da concorrência, avesso à comparação, governado pelos próprios interessados, organizado com modalidades de “closed shop” e submetido a muito fortes influências ideológicas que faz com a Justiça e a Educação estejam no estado em que estão, resistam à mudança, se oponham a reformas profundas e acabem por ter nefastas consequências na sociedade por inteiro.

O que têm em comum [ a Educação e a Justiça]?
São "sectores muito fortemente integrados, unificados, centralizados, regulados directamente pelo Estado, nos quais os principais responsáveis e operacionais são sobretudo funcionários públicos, estarem fechados a influências exteriores da sociedade ou das ciências, serem dominados por corpos profissionais organizados que capturaram a decisão e a organização dos respectivos sistemas"

A comparação entre a Educação e a Saúde, por exemplo, é elucidativa. Nesta última, o “ethos” científico é preponderante, enquanto na Educação é a “cartilha” ideológica que domina. A saúde está aberta e exposta à comparação internacional e às influências da ciência universal. A Educação está aberta às modas, é certo, mas as suas estruturas de poder protegem-na de transformações e mudanças"

A Justiça é imune às influências sociais, tal como a Educação é invulnerável às intervenções dos pais, dos autarcas e dos cientistas. Curiosamente, em ambos os sectores, a força dos sindicatos é enorme e traduz-se numa quase incontestada detenção do poder efectivo

... a maior crise pública do último ano, a que criou uma quase situação de guerra civil nas escolas, resulta igualmente da organização fechada, centralizada e unificada do sistema educativo, à margem dos cidadãos, dos pais, das comunidades locais, das empresas e dos autarcas, mas em proveito do ministério e dos sindicatos

Barreto sintetiza de forma eloquente os cancros da Justiça e da Educação.
Ambas se fecham à sociedade, ambas se protegem da concorrência, são avessas e repudiam as comparações, os rankings, as avaliações públicas e o confronto de resultados.
Ambas são governadas pelos próprios interessados. Interessados que gozam da irresponsabilidade e da inimputabilidade daqueles que não têm de prestar contas à sociedade, cuja manifesta incompetência acaba, na maior parte das vezes, protegida pelo próprio Estado.
Enquanto a Justiça e a Educação estiverem submetidas a fortes influências ideológicas e não se abrirem à sociedade, dificilmente se reformarão.
Ler também aqui

Reitor

1 comentário:

  1. Reitor
    Não me admira que não tenhas percebido que o texto é uma fortíssima "porrada" no sistema que tu e os teus pares defendem com unhas e dentes.
    A explicação para não teres entendido está no próprio texto. Pede a alguém que te explique.

    ResponderEliminar