domingo, 25 de janeiro de 2009

Manual de Tácticas da Acção Docente

Os professores perderam apoio em todos os fóruns políticos.
Não podem recorrer ao Governo, seu carrasco.
Nem ao Presidente da República, completamente surdo.
Nem ao Parlamento, totalmente arrebanhado.

Parece que estão isolados, mas não estão.
Parece que perderam a guerra, mas ainda não a perderam.
Perderam alguma artilharia, é certo, mas mantêm intacta a razão.

Onde podem ir buscar apoios para continuarem a lutar pela revogação do actual modelo de avaliação?
Que caminhos devem ser seguidos nesta fase de maior descrença?
Que armas e que tácticas devem ser utilizadas para vencer o inimigo e arrancar a erva ruim que se tenta semear nas escolas?


O Manual de Tácticas da acção Docente tenta responder a estas questões:

MANUAL DE TÁCTICAS DA ACÇÃO DOCENTE


Parte Um - O inimigo

O inimigo a abater é o modelo de avaliação de professores criado pelo decreto regulamentar 2/2008
É o Estatuto da Carreira Docente
É o Governo, o Ministério e toda a Administração Central e Regional da Educação.
São também inimigos os Presidentes e Directores de Escolas mais papistas que o papa Inginheiro José "FreePort" Sócrates..
E os deputados-professores socialistas que votaram contra a suspensão.

Parte Dois - O campo de batalha

A batalha desenvolve-se em todas as escolas do país, na rua e na comunicação social, sempre dentro dos limites legais

Parte Três - As armas

São armas admissíveis nesta guerrilha a palavra, o texto, a imagem, o voto e, em casos particularissímos, alguns ovos

Parte Quatro - Acções tácticas a desenvolver

1 - Acções jurídicas
Contestar legalmente o Governo, o ME, e os decretos que criaram os monstros. A este respeito, ouvir TSF e ler General Guinot

2 - Acções musculadas
a) Os Presidentes de Conselho Executivo, especialmente aqueles que e reuniram em Santarém ainda podem fazer mossa. Serão sempre um real foco de contestação ao governo e a esta política.
b) Pedido de demissão de umas boas dezenas de Presidentes de CE. Se muitos dos actuais presidentes se demitissem criariam um engulho ao Governo e, independentemente, da “resposta” preparada para este cenário, seria um sério problema para o Ingº. Note-se que o pedido de demissão dos PCE está previsto na lei. Ou seja, é uma acção real, legal e que causaria danos importantes no processo.
c) Os professores não devem entregar os OI. Nada na lei os obriga a tal acção. Deixem que sejam os avaliadores a definir os OI
d) Não permitir nenhuma aula observada: ou porque ninguém as requer ou porque, alguém as requerendo, elas não se realizam por greve, doença, ou qualquer outra indisposição que impeça a observação das aulas. Esta medida táctica fará mossa e será fácil de suprir: estamos quase no Carnaval e as aulas observadas são marcadas pelo avaliador…
e) Mais greves em momentos cirurgicamente escolhidos que não faltarão com o decorrer do FreePort. (Não às greves por tempo indeterminado)
f) Esperas. Sempre que se realize um acontecimento público em que estejam membros do Governo, o povo docente deve ir para a rua. Com cartazes alusivos à luta.

3 – Propaganda
a) Como já aqui escrevi: para esta guerra, deve-se utilizar as armas do inimigo. Comprar publicidade e fazer propaganda na televisão que descredibilize o Governo e as políticas educativas.
b) Abrir uma conta bancária e recolher fundos (5 euros/prof, por exemplo) para contratar os Gatos Fedorentos e outros entertainers para bater no Governo e na avaliação dos professores.
c) Colocar outdoors com publicidade que ridicularize o modelo de avaliação dos professores
d) Associar os seus argumentos utilizados pelo ingº e pela sinistra à mentira, à desonestidade intelectual, ao embuste. Sublinhar as suas facetas de impostores.

4– Representação
a) Os professores devem representar. Fazer de conta que se avalia, representar que se é avaliado e avaliador, disfarçar que a avaliação é exequível, representar que a avaliação é justa e rigorosa.
b) No primeiro acto desta peça, os professores não entregam objectivos individuais. Desta forma mostram tanta segurança na sua competência e tanta confiança no avaliador que até deixam ao seu critério a definição dos seus objectivos.
c) O segundo acto é a definição dos objectivos pelo PCE (dizem-me que constam do projecto educativo, do regulamento interno e do plano de actividades, o que não me admira pois está lá “tudo”). Um bom PCE define objectivos tão vagos, imprecisos e incomensuráveis que, chegados a Julho, oh! Olha! Não é possível delimitar, nem isolar nem, muito menos, medir estes objectivos. Que diabo? E agora? Não se pode prejudicar nenhum colega…
d) O terceiro acto é a ficha de auto-avaliação. Os professores devem seguir a máxima socialista: Todos Diferentes, Todos Iguais.
e) O quarto acto é a ficha de avaliação. Os avaliadores devem seguir o princípio socialista da igualdade: tira daqui põe ali e, bem somadas as notinhas dos parâmetros, olha, olha... Todos os 150 professores avaliados têm BOM. Como é isto possível?
ATENÇÃO: não se pode fazer como fez este Conselho Pedagógico. Nem pensar em aprovar ou deliberar ou decidir que todos os professores têm BOM. Para além de ser ilegal, dá processo disciplinar e o povo não perceberia. Os avaliadores não declaram nada, não decidem nada, Estão caladinhos como mochos. No final do ano, após recolha dos dados, fazem uma avaliação rigorosa e ponderada do desempenho dos seus avaliados e dão notas. Claro que nem todos os professores podem ter a mesma nota em cada parâmetro. Seria muita coincidência. Já seria menos coincidência se todos tivessem notas diferenciadas mas não ultrapassassem o BOM. Perceberam ou querem uma explicaçãozita mais detalhada?
f) O quarto acto é da responsabilidade da comissão de avaliação. É que pode mesmo haver alguns professores que, inadvertidamente, cheguem ao muito bon e até ao excelente. Aí entra a comissão para "validar" essas "excepcionais" classificações.
g) Termina a peça com todos os professores avaliados, por mero acaso, com nota BOM. Já sei, já sei. Os Bons são diferentes uns dos outros pois distribuem-se por toda a escala quantitativa (de 6,5 a 7,9 pontos).

E assim será aplicada uma medida política emblemática desta Governo. Os professores serão avaliados como sempre foram antes destes senhores inventarem este modelo de avaliação, a diferenciação ocorrerá dentro da mesma classificação e pode ser que já nos tenhamos visto livres deles.

9 comentários:

  1. Brilhante! Já o coloquei no ProfAvaliação! Dá-lhes forte, magnífico Reitor!

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  2. Há uma vaga - muito vaga - possibilidade de ser descendente do Junot, mas daí a herdar o generalato vai uma grande distância.

    Agora a sério:
    Concordo globalmente com o que aqui está escrito.

    Mais importante: era de muito interesse que, em nome próprio ou sob nick, me contactasse por mail ou de outra maneira para falarmos.

    Seria mesmo muito importante.
    Aliás uma parte do dossier que estou a preparar contém a nossa antiga disputa sobre o DL 75/2008.

    Quanto à reserva de identidade, acho que já dei provas de a respeitar.

    Na expectativa de...

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  3. Paulo G quer saber quem é o magnifico Reitor

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  4. Reitor, talvez o teu inimigo número um seja o de uns 2 ou 3 mil. Mas da maioria asseguro-te que não é. A maioria dos professores prefere este modelo à avaliação externa.

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  5. Paulo.
    Podemos conversar através do mail: educacaosa@gmail.com.
    Com reserva de identidade, claro. Por causa do SIS, obviamente :-)

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  6. Tão conspirativo...Eu cá gosto que o SIS vigie o meu tlm. Reitor, hoje foste magnífico.

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  7. Subscrevo inteiramente.
    Sempre defendi que a não entrega dos OI não e deixá-los ao critério do avaliador (PCE) não é uma ilegalidade mas apenas o abdicar de um direito que nos assiste. Isto porque, caso não haja acordo, prevalece o critério do avaliador.
    Também acho uma estupidez pedir aulas assistidas para o Muito Bom e o Excelente, porque isso legitima o modelo, bem como a divisão da carreira e as quotas.
    Se todos tivermos Bom através de uma ficha de autoavaliação, as afirmações do Armani com Luvas de que nos avaliou de forma diferente da anterior caem no ridículo.

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