quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Que chatice! Se ninguém tivesse visto...

A dra. Ludovina está com azar. Vai ter de trabalhar. Que chatice.
Doze alunos da escola do Cerco, no Porto, apontaram apontaram uma pistola à professora, em plena sala de aula.
Lamentável e criminosamente, um outro aluno da turma recolheu as imagens e publicou-as no youtube. Um bandido que deveria passar uns dias na choldra pelo abuso de filmar pessoas sem lhes pedir licença, segundo as "autoridades". Uma "irresponsablidade", segundo a directora da Escola. Para mim é absolutamente inqualificável a atitude e o modo como esta senhora doutora vê o mundo e exerce as suas funções.
Quanto aos alunos que ameaçaram a professora com uma arma, coitadinhos,

São 12 alunos normais e simpáticos, dos quais todos os professores gostam, e que se dão muito bem com a professora, que também é muito brincalhona", explica a Dra. Ludovina

Neste triste retrato só falta a Directora Regional lá do sítio: há-de chegar Margarida Moreira para nos vir dizer, como disse Paulo Guinote, certamente pelo excesso de doçaria que ingeriu nesta quadra, que não houve nada de grave.
Que foi uma simples brincadeira de miúdos como disse a pateta da directora da escola, que deveria ser demitida de imediato pela gravidade e irresponsablidade das palavras que proferiu.
Pobre escola pública portuguesa. Eu sei que não tens culpa dos desmandos daqueles que te dirigem e que fazem de ti o alfobre da violência e da preguiça. Não tens culpa que em ti medre o desrespeito, a facilidade, a violência, a indisciplina, o subsídio... Uma total inversão de valores, uma inadmissível relativização da maldade e da malfeitoria que faz dos criminosos vítimas e das vítimas algozes.
Bandidos é o que são os jovens que apontam armas a professores e a quem quer que seja.
É de plástico, dizem os de raciocínio boto que não percebem, nem nunca perceberão, que a gravidade do crime está em apontar a arma à docente e não em saber se a mesma era de plástico, porcelana ou aço. Se estava carregada ou descarregada.
Relativistas morais que ainda não perceberam que todas as armas são de brincadeira, excepto as que são empunhadas por mãos com vontade e capacidade para as disparar.
O Paulo Guinote sabe isto muito bem...
Este acto constitui-se, de facto, como uma ameaça armada dirigida a um professor no exercício de funções. Nada mais.
Reitor

Adenda em 26/10/2008
A Directora Regional sempre apareceu nesta fotografia. E também não nos surpreende: tudo "não passou de uma brincadeira de mau gosto que excedeu os limites do bom senso".

A directora regional de Educação do Norte (DREN) classificou o caso dos alunos queapontaram uma arma de plástico à professora de Psicologia durante uma aula na Escola Secundária do Cerco, no Porto, como uma "brincadeira de mau gosto", que "excedeu os limites do bom senso".

O Ramiro pede uma discussão serena e "sem "insultos" sobre a violência escolar. Sim, concordo. No entanto, para além da proibição de "insultos"acho que deveríamos estabelecer outros limites à discussão. Limites mínimos, patamares de decência: não desculpar a violência. Não relativizar a má educação e a indisciplina. Defender a punição dos responsáveis por actos de indisciplina e violência. Censurar todos os que velam e acobertam actos de violência, actos de indisciplina, actos de falta de respeito e de malvadez.
Estes também devem ser limites mínimos para se fazer uma discussão honesta sobre o assunto.

Comecemos por ouvir algumas das vítimas . Um pai, o filho e uma outra mãe:

"...como explica Mário Cardoso, (os pais) estão "demasiado habituados a ouvir histórias destas, quase todos os dias, mas com pistolas verdadeiras. E com navalhas e facas e cadeiras e vasos. Tudo serve para agredir professores e funcionários".

Diogo, o filho de 13 anos, confirma: "Se mostrares medo é pior. Por isso, entendo que os professores nunca façam queixa. Fazem como eu: afastam-se". O pai ...confessa que só "sossega quando ele chega a casa". E acrescenta: "A arma até pode ser de brincar, mas este comportamento numa sala de aula não pode ser considerado uma brincadeira. Mando o meu filho para a escola para ser bem comportado; não para fazer isso".

Justamente esse receio de contaminação, agravado pelo medo de ver alguém fazer mal à filha de seis anos, que leva uma mãe do Cerco (não quis dar o nome, tal é o receio) a colocar a criança na escola do Lagarteiro. "Fica mais longe de casa e a miúda até tem que dormir em casa da avó. ... Mas qual era a minha alternativa?", pergunta. "Metê-la aqui no Cerco, onde já vi um porteiro e uma professora a irem de ambulância para o hospital depois de terem sido espancados por alunos?" Para a mulher, que não deixa sequer a filha passear no bairro, "brincar com uma arma não é brincadeira nenhuma." E culpa os pais por isso: "São os primeiros a ir à escola bater nos professores. Quem não tem educação, não a pode dar, não é?"

Nada melhor que ouvir as vítimas para ser ver a dimensão do crime. Pois trata-se de crime e não de uma brincadeira, como disse a irresponsável que dirige a educação no norte do país.
Não são os cidadãos, nem os alunos violentos e indisciplinados que causam os maiores danos à Escola Pública. Não, não são estes.
Os responsáveis pelo desinvestimento e pela descredibilização da Escola Pública; aqueles que lhe lançam lama, que a pintam com as cores da iniquidade, do facilitismo, da má qualidade e da violência são os que dirigem a educação, nomeadamente as extensões locais do Governo - como é esta DREN. São estes que causam os maiores e mais graves danos à escola Pública Portuguesa. E que fazem com que os pais, mesmo os mais pobres, queiram mudar os seus filhos para escolas limpas, seguras, onde haja respeito e educação.
Não há pai nenhum, não há aluno nenhum não há cidadão nenhum que considere uma brincadeira apontar uma arma a um professor. Excepto se não estiver bom da cabeça, se a fidelidade ao Governo for tão canina (espero, Ramiro, que nenhum cão se sinta insultado) que lhe cegue o espírito ou como paga de favores, como é o caso de Miguel Valente, Presidente da Federação das Associações de Pais do Porto que deve favores, certamente:

«Este é um processo encomendado, não é por acaso que tudo aconteceu no dia 18 e só no Natal, um dia de festa, surge este problema para a comunicação social»,

O presidente da Federação das Associações de Pais do Porto admite que esta situação foi «encomendada por quem quer neste momento a política de terra queimada nas escolas, nomeadamente os próprios sindicatos, que lhes interessa um caso destes».

Só nestes casos de patologia clínica e de acentuada patologia de cidadania é que podemos encontrar respostas que desculpablizem actos desta gravidade ou, mais grave, que lancem sobre os inocentes e as próprias vítimas o estigma e a culpa.
A indisciplina e a violência - depois de verificadas - só podem ter uma resposta: censura social e penalização disciplinar/legal. O resto é conversa.
Reitor

5 comentários:

  1. Parabéns. Fiz link para este excelente post.

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  2. Meu caro reitor se um aluno meu me aponta-se uma arma leva uma cadeirada e depois logo se via

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  3. Obviamente, Francisco,quando se aponta uma arma a alguém deve-se esperar toda a e qualquer resposta. Um cadeirada, uma facada, um tiro...
    Na tropa ensinam que se apontamos uma arma a alguém é porque estamos dispostos a matar e ou a morrer.

    Mas, espere um pouco, que ainda faltam dois importanets acontecimentos relativos a este caso:
    Um: Ainda falta uma "autoridade" vir explicar aos portugueses, ceguinhos como eu, como foi possível dizer-se que a arma era de plástico se o inquérito vai iniciar-se na próxima segunda-feira?
    Dois: Não me admirava nada que ainda viesse a professora de Psicologia, a tal que estava a "brincar" com os alunos na aula, dizer que tudo não passou de uma brincadeira...

    Só falta mesmo isto para que a "cena" encaixe no cenário político em que vivemos: o da aparência. Aparência nos resultados escolares, aparência na melhoria da qualidade do ensino, aparência em se fazer passar por ser aquilo que se não é.

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  4. Aparentemente, o Dr. Francisco confunde aponta-se com apontasse. Também ele brinca ao ensino com os alunos? Com ou sem pistola?

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  5. Daqui a uns anos os resultados vão ser bonitos, vão...

    PS:Quem tem telhados de vidro não deve lançar pedras. Já que suicida nunca teve acento e se tivesse não era aí. (suicídio)

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