domingo, 5 de dezembro de 2010

Carta Aberta Ao Manel, Um Director Que Muito Gostava De Ser Reitor

Caro Manuel

Li a tua instrutiva entrevista ao EXPRESSO de ontem. Também já vi que o Professor Guinote, esse safado que vos descobre a careca a todos (não a ti que és, permite-me a carinhosa expressão, cão velho, mas a muitos directores imberbes da nossa praça) já veio desancar-te no blogue dele. Não lhe dês importância. Sabes que é um daqueles professores que não tem que fazer e ...escreve. Era bem feito que a directora dele lhe duplicasse o trabalho com avaliação de colegas (ia-me rir...). O Octávio também merecia uma reprimenda (bom, bom, Manel era ele ser colocado na "tua" escola... Baixava logo a bolinha)
Bem, Manel, estava eu a dizer que li a tua lúcida entrevista e tenho esperança que, sendo ela lida pelos directores das restantes escolas do país, melhorá o estado da educação em Portugal. Haviam de decorar também este teu discurso. Fazia-lhes muito bem.
Gostei daquela tua crítica aos professores que têm receio de abrir as portas das salas quando, tu próprio, estou certo, sempre deste as tuas aulas (de mecânica, não era?) de portas abertas à comunidade. Já lá vão ... 20 anos, não é assim?
Também foste rato ao desvalorizar a questão da competência dos avaliadores. Isso foi chão que já deu uvas. Todos sabemos que os delegados de disciplina têm a competência para avaliar os professores. Afinal foram eleitos por eles, tal como o sucatas tem competência para Governar o país porque, também ele foi eleito pelos portugueses (o único risco que correste foi a jornalista não ter perguntado se tinhas competência para avaliares os coordenadores de departamento. Como não te elegeram... Mas a menina não te perguntou isso).
E as faltas dos professores? Pelo que dizes, vejo que continua a ser uma desgraça?
Claro que ninguém percebe porque é que as faltas dos professores não descontam na avaliação (menos um ou dois valores, vá lá). Não tem lógica nenhuma. Se faltam, dão menos aulas e não fazem aquilo que deveriam fazer, logo, no final do ano, têm menos trabalho feito de que se não tivessem faltado. A consequência só poderia reflectir-se na avaliação. Estás cheio de razão, mas olha que a jornalista foi tua amiga. Ai não, não foi?
Já vista se a Isabel Leiria te colocava a hipótese de seres tu a faltar, sei lá, um mês por doença ou qualquer outro motivo justificado? Ficavas entalado. Eu sei que sempre poderias responder que as tuas faltas não se reflectiriam na tua avaliação porque a vice-presidente te substituiria nas ausências ao trabalho. Mas, mesmo assim, não ias ficar bem no quadro de director que não quer para si o que defende para os outros.
Também estiveste ao teu nível quando afirmaste, categoricamente e com o conhecimento de muitos anos à frente de uma escola, que gostavas de escolher os professores da tua escola. Mesmo que muitos digam por aqui que o que tu querias mesmo era largar algum lastro, a ideia de os directores das escolas poderem escolher os seus professores é magnífica e dita com muita coragem da tua parte. Não a coragem do funcionário público que está alapado numa cadeira há décadas e que pensa que ninguém lhe tirará a mama, mas sim a coragem dos eleitos.
O nosso corajoso Governo ainda não conseguiu fazer o que tu queres, mas, com a crise que está pode ser que lá chegue.. vendendo.
Sabes mais, se eu fosse o Manel Esperança, fazia uma vaquinha com a Manuela Esperança, juntava as economias e ... comprava a ESJGF ao Estado. Matava-se o bicho, acabava a peçonha.
Enfim, Manel, estas letras já vão longas mas não posso terminar a missiva sem te dar os parabéns pela entrevista, e testemunhar que não tens receio da crítica, que és tão bom gestor, tão bom, que conseguiste que os gatos lá de casa elegessem o cão para os guardar.
E não és homem para temer uma avaliação justa do teu trabalho, pelo Courinha Leitão, por quem havia de ser?
Com os protestos da minha maior estima e
A Bem da Educação
Reitor

3 comentários:

  1. Olá Reitor!
    Excelente exercício de fina ironia.
    Quanto às minhas capacidades futebolísticas, quem me conhece sabe que nunca fui jogador de baixar a "bolinha", pois sempre preferi o jogo aéreo, ainda por cima quando os guarda-redes são anões, como é o caso de jogadores da selecção de "Esperanças".
    Abraço

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  2. Reitor
    Gostei desta!
    Vou fazer link no Contra.
    Obrigado

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