terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Professores - O Cerco Das Velhas Ideologias

Agora que os agentes promotores do radicalismo inconsequente lançam poeira sobre os professores, tentado que não enxerguem os aspectos nocivos decorrentes do acordo entre os Sindicatos e o Ministério da Educação, é preciso abrir bem os olhos e contrariar a inacção dos professores e dos seus movimentos, que os sindicatos e ME vão entorpecendo para ver se escapam do buraco negro que criaram.

Finalmente começa a perceber-se a inutilidade do acordo.
Inútil porque, afinal, o velho modelo de avaliação dos professores se vai manter ainda por longos meses, o que não deixará de ser um óbvio sinal da derrota que sofreram todos os professores que participaram nas recentes lutas contra esse modelo.
Acordo inútil, porque veremos os dentes crescerem nas galinhas ainda antes de o ME e os sindicatos conseguirem fazer uma tradução adequada na legislação do que fixou acordado. Aguardemos serenamente.

Entretanto, o primeiro desafio dos professores é não adormecerem com a conversa sindical. Nem com os sorrisos ministeriais.
É lutarem por um modelo de avaliação justo – porque o que vai nascer do acordo não tem hipóteses de ser justo – e não perderem tempo a combater os horários de trabalho ou a distribuição de serviço ou o modelo de gestão, como defendem alguns agentes comunistas, há mais de 30 anos disfarçados de professores.
A batalha mais dura dos professores será a de se libertarem, de libertarem o seu trabalho e a sua acção enquanto educadores das perniciosas ideologias socialistas, comunistas e demasiado esquerdistas, que dominam a educação há mais de 30 anos, por sinal.
A verdadeira batalha dos professores tem de ser feita contra as ideias e contra aqueles que dirigiram a educação nos últimos 35 anos e que a puseram ao nível que está hoje.
Os sindicatos subjugaram os interesses da Escola Pública aos interesses dos professores. Confundiram a escola com os professores e, no entretanto, nunca se preocuparam com os interesses dos alunos. Os sindicatos manietaram sucessivos ministros da educação e sequestraram todas as políticas educativas capazes de credibilizar a Escola Pública.
Os ideólogos da esquerda dirão que, nos últimos 35 anos, a escola e a educação não poderiam estar muito melhor porque a escola se abriu a todos. Ah! A culpa foi da democratização da escola.

Professores! Não se deixem enganar.
Aqueles que defendem que para vocês horários de 20 horas semanais, enganam-vos.
Os que disserem que os apoios, as actividades de enriquecimento e complemento curricular devem estar na componente lectiva, enganam-vos. Não há Estado que aguente tamanho despautério.
Quem conhece as escolas e o mundo em que vivemos não pode querer voltar à gestão das escolas tipo comité central, onde manda o mais forte e vence a lei das votações de braço-no-ar. Escolas com “gestão democrática”, diziam eles. ..
Foram os saudosistas da "gestão democrática" que nos trouxeram até aqui. Que deixaram o Estado exangue com os seus horários de 6 e 7 horas de aulas por semana e com direito a um professor suplementar para dar apoio aos seus próprios alunos; com um ou mais "dias livres" com 4 meses de férias por ano; com dois dias de falta por mês por conta desses 4 meses de férias; com dispensas para formação, para consultas, enfim, com todas as condições para trabalharem se apetecesse e durante as horas que apetecesse. Uma autêntica "República dos Professores". Mamaram tanto que agora os professores mais novos passam fome.

São contra os Reitores e contra o "Estado Central" que tudo controla e tudo decide. Querem que os professores tenham mais "poder" nas escolas e que decidam. Quando houver responsabilidades para apurar e contas a pagar, é o Conselho-De-Qualquer-Coisa o responsável. Nunca nenhum deles nem ninguém em particular.
É isto que temos que combater, é contra esta matriz anti-democrática que é necessário cerrar fileiras.
Não se deixem enganar.

Reitor

2 comentários:

  1. Excelente Reitor! Chamas os bois (e as vacas)pelos nomes.
    Há muito tempo que não botavas uma tirada destas.
    Acordaste ao fim deste tempo todo?

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  2. Estado exangue... é para rir?

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