sábado, 20 de fevereiro de 2010

Cartilha Educativa De Paulo Rangel I

Paulo Rangel, numa excelente entrevista ao jornal I, deixa aos portugueses uma das melhores Cartilhas Educativas de que tenho memória. É um autêntico programa político para a educação. Está lá tudo o que é preciso para que o país, de uma vez por todas, trilhe o caminho do desenvolvimento. Foram vários os bloggers a discorrerem sobre a cartilha de Paulo Rangel. Vi aqui e aqui e aqui alguns textos em sua defesa. Vamos então a uma recensão crítica da Cartilha:

Capítulo I

Qual é a sua ruptura na educação?

É o sector onde temos mais de mudar as políticas, embora com alguma prudência. Acho que houve um modelo de educação baseado no facilitismo e na ideia de que o aluno é o centro da educação. Ora, eu penso exactamente o contrário. Penso que a escola deve ser visto como um valor colectivo, é um centro de transmissão do saber, de transmissão geracional do saber. O que é fundamental na escola é exigência e rigor no ensino. Considero que é muito mais importante, por exemplo, o sistema de avaliação dos alunos e de qualidade do ensino do que o sistema de avaliação dos professores. Considero mais importante a questão da autoridade e da disciplina na escola do que a questão da carreira dos professores. E considero que isto é feito em nome de um projecto de igualdade de oportunidades, porque uma escola facilitista é a escola que protege as classes mais altas. Uma escola pública facilitista é a que mais favorece a estratificação social. Porque as classes mais baixas do ponto de vista sócio-cultural ou económico-cultural não têm outro sítio onde aprender além da escola - não têm colégios privados. Neste momento, eu diria que temos quase uma escola classista que, cada vez mais, aumenta o fosso entre as classes privilegiadas e as menos privilegiadas.

Para Paulo Rangel, a educação portuguesa precisa das seguintes mudanças políticas:
1 - O aluno deve deixar de ser o "centro da educação" e da escola. O centro da educação e da escola deve ser o "ensino rigoroso e exigente".
2 - A avaliação dos alunos, a qualidade do ensino, a autoridade e a disciplina são dimensões fundamentais de uma escola pública.
3 - A avaliação dos professores e sua carreira profissional são dimensões secundárias de uma escola pública.
4 - A defesa de uma educação e de uma escola que proporcione a todos igualdade de oportunidades exige que as escolas públicas combatam o facilitismo, a indisciplina e a falta de autoridade dos docentes.
5 - Uma escola facilitista e pouco exigente (como a actual) promove e aprofunda a estratificação social, aumenta o fosso entre as classes sociais privilegiadas e as menos privilegiadas e prejudica de forma mais intensa e mais profunda aqueles que têm menos meios económicos e pior ambiente familiar, cultural e social.
Reitor

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