Sobre a avaliação dos professores
...Eu estou a falar de uma avaliação externa de que, aliás, os professores não gostam muito. Mas eu acho que a melhor avaliação é sempre uma avaliação externa.
A avaliação feita dentro de um corpo é sempre uma avaliação muito parcial, que ou prejudica ou beneficia …Sabemos que o corporativismo tem estes dois lados odiosos: ou beneficia ou prejudica a pessoa. Raras vezes é justo.
A existência de exames nacionais obrigatórios no final de cada ciclo educativo é também de saudar para quem quer recolocar no centro da escola os valores do rigor e da exigência. Já me parece mais difícil a utilização – ainda que ponderada e corrigida - dos resultados dos exames para avaliação externas das escolas e dos professores. Não só porque o ME já o tentou, salvo erro em 2002 ...ou 2003?, e subverteu os rankings que foram publicados nesse ano, mas também porque seria necessário, antes de mais, criar uma estrutura externa ao ME para produzir exames nacionais (veja-se o que diz o prof. Nuno Crato sobre a qualidade dos exames nacionais produzidos pelo ME). E este professor também defende a avaliação externa dos professores com recurso a exames nacionais.
Mas, Paulo Rangel vai mais longe. Muito mais longe. apresenta-nos um autêntico programa político para a educação. Rompe com a “ideologia pedagógica” em que se tem banhado a escola nos últimos anos:
- Opõe a escola inclusiva à escola da igualdade de oportunidades;
- Opõe a obrigatoriedade do pré-escolar à escola obrigatória até ao 12º ano;
- Opõe a escola das competências à escola do saber e do conhecimento;
- Opõe a escola a tempo inteiro à escola vocacional desde o 7º ano;
- Opõe a escola da exigência à escola do facilitismo
Fosse Rangel o líder da bancada do P.S.D. e os professores não teriam sido traídos.Mas eu não me centraria muito por aí. Estar cinco anos a dizer que o problema da educação em Portugal é o problema da avaliação dos professores é pura e simplesmente estar a falar ao lado.
O problema é a transmissão dos conhecimentos. Eu até vou terminar com uma coisa que é muito importante. Dizem-me que na Europa a tendência tem sido esta, nos últimos anos. É verdade, mas parte do seu declínio decorre daí.
… Mas o que eu digo é que as pessoas têm que sair do sistema de ensino a saber ler, escrever, contar e falar uma língua estrangeira e nós não garantimos isso aos nossos alunos.
É isto que eu quero dizer quando uso este exemplo. Aliás, acho mais importante que o
pré-escolar faça parte do ensino obrigatório do que o 12º ano de escolaridade.
Reitor
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