segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Cartilha Educativa De Paulo Rangel III

Paulo Rangel tem um programa político para melhorar a educação e a escola pública portuguesa. Já o defendi em dois postes anteriores - Parte I e Parte II - e termino essa defesa com este terceiro

Sobre a avaliação dos professores

...Eu estou a falar de uma avaliação externa de que, aliás, os professores não gostam muito. Mas eu acho que a melhor avaliação é sempre uma avaliação externa.
A avaliação feita dentro de um corpo é sempre uma avaliação muito parcial, que ou prejudica ou beneficia …Sabemos que o corporativismo tem estes dois lados odiosos: ou beneficia ou prejudica a pessoa. Raras vezes é justo.


Paulo Rangel defende uma avaliação externa dos professores. Ou, pelo menos, que uma componente da avaliação dos professores seja externa. Vai no bom caminho, pois uma das críticas que os professores faziam ao Milúmodelo de avaliação era, não só a falta de credibilidade dos avaliadores, mas também os constrangimentos de serem todos colegas na mesma escola e no mesmo grupo disciplinar.

A existência de exames nacionais obrigatórios no final de cada ciclo educativo é também de saudar para quem quer recolocar no centro da escola os valores do rigor e da exigência. Já me parece mais difícil a utilização – ainda que ponderada e corrigida - dos resultados dos exames para avaliação externas das escolas e dos professores. Não só porque o ME já o tentou, salvo erro em 2002 ...ou 2003?, e subverteu os rankings que foram publicados nesse ano, mas também porque seria necessário, antes de mais, criar uma estrutura externa ao ME para produzir exames nacionais (veja-se o que diz o prof. Nuno Crato sobre a qualidade dos exames nacionais produzidos pelo ME). E este professor também defende a avaliação externa dos professores com recurso a exames nacionais.

Mas, Paulo Rangel vai mais longe. Muito mais longe. apresenta-nos um autêntico programa político para a educação. Rompe com a “ideologia pedagógica” em que se tem banhado a escola nos últimos anos:

  • Opõe a escola inclusiva à escola da igualdade de oportunidades;
  • Opõe a obrigatoriedade do pré-escolar à escola obrigatória até ao 12º ano;
  • Opõe a escola das competências à escola do saber e do conhecimento;
  • Opõe a escola a tempo inteiro à escola vocacional desde o 7º ano;
  • Opõe a escola da exigência à escola do facilitismo

Mas eu não me centraria muito por aí. Estar cinco anos a dizer que o problema da educação em Portugal é o problema da avaliação dos professores é pura e simplesmente estar a falar ao lado.
O problema é a transmissão dos conhecimentos. Eu até vou terminar com uma coisa que é muito importante. Dizem-me que na Europa a tendência tem sido esta, nos últimos anos. É verdade, mas parte do seu declínio decorre daí.
… Mas o que eu digo é que as pessoas têm que sair do sistema de ensino a saber ler, escrever, contar e falar uma língua estrangeira e nós não garantimos isso aos nossos alunos.
É isto que eu quero dizer quando uso este exemplo. Aliás, acho mais importante que o
pré-escolar faça parte do ensino obrigatório do que o 12º ano de escolaridade.

Fosse Rangel o líder da bancada do P.S.D. e os professores não teriam sido traídos.

Reitor

Sem comentários:

Enviar um comentário