1 - A questão que coloco, porém, é a de saber até que ponto essa liberdade de escolha será justa. E digo essa liberdade de escolha, sublinhando essa, porque, justamente, o que está aqui em causa não é tanto a liberdade de escolha considerada em abstracto – no domínio teórico e filosófico –, como a liberdade de escolha na circunstância, no contexto da nossa actual situação social, económica e política. A astúcia da manobra ideológica neoliberal consiste em afirmar o primado incondicionado da liberdade – o que, em tese, é defensável, e até estimável -, escamoteando, porém, que a escolha é contingente e situada, opera com possibilidades ou termos de uma situação que ela não postulou.
2 - A questão que levanto é saber se a liberdade de escolha que as pessoas dispõem tem correspondência na igualdade de oportunidades – que, evidentemente, supõe uma série de requisitos sócio-económicos e até geográficos, num país tão assimétrico como o nosso -, possibilitando a todos escolher a escola que desejam para os seus filhos ou o serviço de saúde que pretendem para si e para a família.
3 - Porque, caso a liberdade de escolha tenha consequências sobre uma distribuição de recursos e meios que se reflicta negativamente sobre as oportunidades dos mais desfavorecidos, deveríamos ponderar como se deve orientar a liberdade de escolha de modo a que ela seja corrigida para que os que estão pior maximizem a sua posição relativamente a outros cenários possíveis. Ou procurar que nenhum mecanismo de acesso ou de frequência desses serviços possa prejudicar as oportunidades futuras dos menos favorecidos.
4 - A liberdade de escolha da escola ou do serviço de saúde, na medida em que suponha um sistema de atribuição insuficiente para maximizar a situação dos que estão pior – para que estes pudessem ficar em situação de decidir com iguais possibilidades -, será injusta
Traduzindo estas 4 inteligentes farpateses para português corrente, temos:
- A liberdade de escolha é boa, o contexto em que se opera é que pode ser mau.
- Em Portugal não podemos ter liberdade de escolha de saúde e educação porque o país é assimétrico social, economica e geograficamente.
- O Estado deve corrigir essas assimetrias para que todos os cidadãos possam fazer as suas escolhas livremente. Ou, mais simples ainda: o Estado é que escolhe o que é melhor para o cidadão.
- Como o Estado não pode garantir que todos possam ter um Ferrari, a liberdade de escolha torna-se injusta.
Donde se podem extrair quatro farpaconclusões:
- O Estado deve homegeneizar os contextos de forma a que as escolhas possam ser feita de igual modo por todos os portugueses
- O Estado deve aplainar o país, transferir o atlântico para a bordadura da EN 2, garantir o mesmo ordenado e dar casa e carro a todos os portugueses.
- Se, mesmo assim, o cidadão for estúpido, bandido, preguiçoso demente, o Estado deve escolher por ele.
- A liberdade de escolha será sempre injusta, por isso suprima-se.
Não mudes de nick, não!
Reitor
Assimétricas mesmo são as nomeações de Boys & girls para os diversos organismos do ESTADO, cujos vencimentos garantem os 13º e 14º meses.
ResponderEliminarBonito resumo da matéria
ResponderEliminarO sujeito almoçou feijoada e fartou-se da dar umas farpolas durante todo o santo domingo.