quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Compreendo a Tua Preocupação: a Educação Dos Portugueses Melhorará Se Os Professores Puderem Escolher Quem Manda Neles. É Um Ponto De Vista. Errado, Obviamente.




Porque o MEC tem um projecto desenquadrado da nossa realidade, mas os sindicatos já mostraram como se souberam submeter ao novo modelo de gestão.

A chave para esta questão passaria por ... recuperar alguns hábitos de democraticidade nas escolas, como a eleição dos coordenadores de departamento e a possibilidade de lideranças colegiais


Tenho dúvidas que seja o MEC a ter um projeto desenquadrado da realidade.
Pendo mais para a ideia de que somos nós, portugueses, que não sabemos a realidade que temos.
Ou que a vemos com olhos de não ver. Ou, como penso que queres, que vejamos a realidade pelos teus óculos ou que a vejamos como tu querias que ela fosse.
A democraticidade nas escolas não tem propriamente caráter instrumental nem obedece a nenhuma relação causa-efeito do género:
mais eleições = mais democracia
maior colegialidade = mais democraticidade

Não há mais democraticidade nas escolas pela eleição dos coordenadores ou pela introdução da colegialidade gestionária. Como não temos uma escola mais democrática se forem os alunos ou os pais a eleger os professores de uma turma qualquer. Ou os professores da turma a eleger o diretor de turma. Ou os contínuos a eleger o seu chefe, ou...

A profusão de órgãos e cargos preenchidos por "eleição" no interior das escolas não responsabiliza ninguém pelos resultados escolares nem pela qualidade do serviço "educação" prestado pela escola. Dispersa (até à irresponsabilização total) as responsabilidades (que nunca são individuais), encobre as más práticas e foca a escola não nos alunos mas nos professores. Perde a Escola, perde a Educação.

No sistema "democrático" que defendes para as escolas têm lugar os professores, os professores e os professores. Não têm lugar nem os contínuos, nem os administrativos.
Muito menos têm lugar aqueles para quem verdadeiramente existem as escolas: os alunos, as famílias e a sociedade. Esses não contam no teu sistema "democrático" de governança das escolas.


O MEC até pode não saber para onde quer levar a coisa. Mas sabemos que o caminho não é por aí, por onde nos queres levar.


Reitor



4 comentários:

  1. portanto, atualmente, há maior democracia nas escolas e maior responsabilização, certo?

    já agora, porque não posso eleger o chefe de finanças da minha zona? ou a conservadora?

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  2. este ratão não é rato: não percebeu nada.

    A questão é justamente essa: não se pode eleger nenhum superior hierárquico excepto... nas escolas. E não digam que a eleição é «indirecta», no fundo vai dar no mesmo. Nas escolas estava-se habituado ao "referendo" permanente, sendo o conselho pedagógico uma câmara de representação. No fundo tem-se saudades desse tempo.

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  3. Bom, concluo que a ironia não está ao alcance de todos os iluministas. Paciência!

    De uma coisa tenho a certeza: o modelo atual é uma forma de perpetuação no poder dos mesmos «ad eternum». O Conselho Geral está sob o domínio do diretor e só se este for uma grandessíssima besta não será sucessivamente reeleito. É o que está previsto: no final do mandato, se o CG considerar que o diretor está a desenvolver um bom trabalho, pode reconduzi-lo de forma automática.

    Por outro lado, noto que a reitoria (não a rataria) considera que os diretores, as escolas, os professores devem ser responsabilizados pelos alunos.

    Muito bem: sempre que um doente morrer, responsabilizem lá os médicos e enfermeiros que o trataram.

    «Si transit gloria mundi!»

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  4. Ainda alguém há-de estudar a forma como a democracia era exercida pelos professores na maioria das escolas... Só para falar nos coordenadores de departamento (ou nos delegados de grupo)havia em muitas escolas a tradição eleger o que menos "chateava", logo, o mais "baldas" do grupo... A não ser que o cargo desse redução lectiva (e deu durante muito tempo) e aí a coisa era mais disputada...

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