O professor José Matias Alves concedeu uma entrevista ao DN no passado dia 6 de Agosto, já o Verão ia a pino.
O Professor Matias Alves é um professor de gabarito. Edita o Terrear , é Coordenador do Serviço de Apoio à Melhoria das Escolas da UCP, tem responsabilidades de destaque, juntamente com o Major Valentim Loureiro, na definição dos destinos do município de Gondomar, entre outros serviços à comunidade.
Portanto, aconselha o bom senso que devemos ouvir/ler com muita atenção as suas entrevistas.
E esta que concede ao DN, não só mantém as elevadas expectativas como também se constitui como uma autêntica sebenta que as escolas (e os políticos e toda a sorte de técnicos que se penduram nas várias estruturas do M.E.) podem utilizar para vender o Projecto de Combate ao Insucesso (PCI), perdão, para apoio à melhoria das escolas...
Que diz então de notável o professor José Matias na entrevista ao DN?
- Diz que o Fénix se funda no princípio de que todos têm de aprender mais. Para isso criam-se turmas homogéneas com alguma... diversidade. E compõe com chave de ouro: "o modelo pedagógico baseia-se no princípio da diversidade da resposta, mas há uma grande mobilidade" (sic).
- Diz que em turmas de 8 alunos cada todos aprendem mais (a turma base é dividida em três grupos ou, de outra forma, diz o professor Matias que uma turma de 24 alunos tem três professores por disciplina).
- Diz que os PCI exigem mais recursos mas ficam mais baratos que os chumbos (só não percebe isto quem estiver com reserva moral).
- Diz que, cada aluno custa cerca de 3.300 euros por ano.
Nota aos economistas da educação: Fica sempre bem a um professor universitário apresentar números. Como ninguém sabe ao certo o custo efectivo de cada aluno ao erário público - nem a própria Ministra - o professor atirou um número, digamos, mais ou menos. Eu preferiria o valor de 5.000 euros. Sempre é um número mais redondinho.
-Diz que fica mais barato ao país [do que 3 300 euros, subentende-se] investir em projectos que evitem a retenção.
Nota aos jornalistas: esta é a afirmação menos conseguida do professor pois, apenas por lapso da jornalista, note-se, divulgou o custo por aluno mas não divulgou o custo dos projectos que evitam a retenção. Diz apenas que são mais caros...
- Diz que os PCI têm como objectivo que nenhum aluno fique para trás.
Nota aos incautos: os PCI que o nosso professor lidera e de que é mentor não têm como objectivo, como maldosamente alguns pensam, angariar fundos extra para manterem os lugares nas universidades, escolas superiores de educação, e outras instituições, privadas nos lucros e smipúblicas nos financiamentos, que vivem muito encostadas ao Estado e à custa de projectos inovadores que conseguem - dadas as circunstâncias de tempo e modo - vender aos políticos amigos. Não, nem pensar. Estes projectos pedagógicos põem todos os alunos nos lugares da frente.
- Diz que os pais, inicialmente, eram contra a discriminação dos alunos por grupos de nível de conhecimentos - como resulta objectivamente dos projectos de combate ao insucesso que estão em voga - mas, melhorando os resultados, os pais compreendem e aceitam a coisa.
Nota aos desatentos: Há quem pense que a única forma de os vendedores de PCIs terem mercado é a obtenção de resultados escolares positivos. Em conformidade, para se manter o financimento é necessário dar umas positivas aos alunos. Este pensamento só pode estar errado, pois, a estar certo, destruiria a credibilidade dos projectos TurmaMais e Fénix, ambos apadrinhados pelo M.E.
- Diz que os alunos não são todos iguais.
Nota aos professores mais jovens: vocês que por vezes não têm a paciência que se exige ao sábio, tomem nota desta asserção do prof. Matias: um aluno que viva em Bragança, reside em Bragança e outro que viva em Setúbal, reside em Setúbal. Portanto, não são iguais.
- Diz que Mega-agrupamentos até 2 000 alunos são governáveis e podem justificar-se. Com 2001 alunos já a porca torce o rabo.
Pronto. Este é o resumo dos aspectos principais focados pelo Professor José Matias na entrevista ao DN. Qualquer lapso ou falha de interpretação são da minha inteira responsabilidade.
Reitor
Ainda não li esta entrevista. Vou ler.
ResponderEliminarParabéns pelo Blogue, pelos furos que espreita e pela perspicácia com que interpreta a realidade.
Estou um bocadinho farto dos Blogues que se limitam a colar entrevistas longas tiradas de jornais.
Interpretações precisam-se!