- A primeira marca do filho da puta é o cabelo ralo. Fabián Minguela tem o cabelo desordenado e escasso. - E de que cor? - Depende dos dias. (p.15)
- A segunda marca do filho da puta é a testa aguçada: vês a de Fabián Minguela?, bom, pois é uma coisa assim. (p.21)
- A terceira marca do filho da puta é a cara pálida, como os mortos?, sim, ou como Fabián Minguela. (p.34)
- A quarta marca do filho da puta é a barba mal semeada, Fabián Minguela é efemindado e suspiroso. (p.41)
- A quinta marca do filho da puta está nas mãos, que são moles, húmidas e frias, Fabián Minguela tem as mãos como lesmas. (p.49)
- A sexta marca do filho da puta é o olhar fugidio, Fabián Minguela não olha a direito nem na escuridão. (p.50)
Mazurca para dois Mortos”, Camilo José Cela, Difel
Diz-me quem sabe que este mail da DGRHE é tudo menos inocente. Que tem todas as marcas da indecência.
A história é simples e faz todo o sentido. Comecemos pelo princípio:
Com a discussão em tribunal sobre a ADD e o concurso de professores, o ME percebeu com alguma profundidade que uma das mais aberrantes situações de desigualdade gerada pela ADD era da sua própria responsabilidade e da interpretação que havia dado à forma como se calculava a classificação de cada professor avaliado.
A DGRHE, para ultrapassar uma das últimas fases em que o processo de avaliação iria entrar em colapso - o apuramento das classificações - criou uma ferramenta electrónica a utilizar pelos conselhos executivos para avaliarem os professores.
Até aqui, nada a apontar.
Acontece que a dita aplicação arredondava as notas dadas aos professores, fazendo com que, quem tivesse 7,5 passasse a 8 e desde logo a Muito Bom. Muitas escolas perceberam esta asneira e continuaram a utilizar as normas legais de classificação dos professores de modo que que um professor só obteria Muito Bom se, efectivamente, obtivesse 8 ou mais pontos. Ou seja, aos professores que alcançaram apenas 7,5 pontos foi atribuído um BOM. A utilização da aplicação não era obrigatória.
O M.E. para fugir à sentença de desigualdade que seria proferida pelo tribunal emitiu esta nota, tornando, agora, obrigatória uma aplicação que era facultativa:
Para que não existam dúvidas sobre a igualdade de tratamento dos candidatos, o ME adoptou as medidas necessárias para que todas as escolas utilizem a aplicação informática disponibilizada pela Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE) no apuramento das classificações dos docentes, assim eliminando qualquer dúvida quanto às classificações. As menções qualitativas não serão alteradas por este procedimento.
Em simultâneo mandou o mordomo defecar internamente, digo, mandou o mordomo despachar internamente, dando um dia (uma noite) às escolas para lançarem na aplicação as classificações de cada professor avaliado em 2009.
A indecência não está apenas em universalizar uma aplicação que faz cálculos errados (a matemática é safada: ao colocarem as classificações que estão em papel na aplicação do M.E., sem alterar a menção qualitativa, os PCEs vão ter de aldrabar as classificações atribuídas em cada item de avaliação de forma a que o arredondamento electrónico resulte numa classificção final igual às das fichas em papel).
A indecência está também no facto de o dito despacho interno não ter sido dirigido a todas as escolas mas apenas àquelas que não tinham utilizado a aplicação.
É isso mesmo que estão a pensar.
Como pode saber a DGRHE quais as escolas que utilizaram as fichas da aplicação e as que utilizaram as fichas em papel?
Esta é a questão a que devem responder.
Todos nos lembrámos de a DGRHE , na altura de maior contestação à avaliação, ter jurado a pés juntos que a aplicação era segura e mantinha o anonimato da avaliação. Os dados não ficavam registados centralmente, mas sim gravados nos PCs das escolas que utilizassem a aplicação para preencher as fichas de avaliação (tal como os OIs que os professores lançassem na aplicação também ficariam guardados apenas nos seus PCs pessoais, percebem?).
Se assim era, como é que a DGRHE sabe quais foram as escolas que utilizaram a aplicação para avaliar os professores?
Reitor
Camilo José Cela é levado da breca.
ResponderEliminarNão percebo por é que não assumiu que foi o autor de "A familia de Pascoal Duarte".