sexta-feira, 4 de junho de 2010

Lambe-Botas Sem Pudor

A raridade de uma política levada até ao fim

Até ao Verão de 2011 serão encerradas as 900 escolas do primeiro ciclo do ensino básico, espalhadas pelo Norte e o Interior, com menos de 20 alunos. É o que resta, depois de já terem sido desactivadas 2500 escolas com menos de dez alunos, ao longo da legislatura anterior. Esta é uma medida que a OCDE vinha recomendando a Portugal há mais de uma década: escolas sem meios, sem professores diferenciados, sem alunos, sem estímulos por parte das comunidades locais, são - em qualquer parte da Europa - centros produtores de insucesso escolar e de desqualificação profissional futura. Na primeira leva, mais de 20 mil crianças ingressaram em centros escolares - uns mais modernos que outros, é certo! -, ainda que se tenham visto obrigados a maiores deslocações para ir estudar. Agora, serão mais 15 mil.

Se conjugarmos este programa com o investimento esforçado em curso, para criar 400 centros escolares, modernos e bem equipados, com todas as ferramentas tecnológicas e instalações próprias de uma escola do século XXI, a concluir até ao Verão de 2013, então poderemos afirmar que o compromisso político, até ao fim desta legislatura, se torna ainda mais decisivo. Do que se trata é de, pela primeira vez na sua história, o Estado providenciar condições a cada criança, em qualquer ponto do território nacional, para um ensino de qualidade, da infantil até ao fim do ensino secundário.

Nada disto tem sido possível sem o compromisso empenhado e decisivo das autarquias. Se tudo for bem feito, até ao fim, como planeado, sem hesitações e ziguezagues, Governo e poder local bem podem orgulhar-se de terem posto de pé o instrumento fundamental de qualificação e inclusão social das gerações futuras.

Só não se percebe bem, neste editorial do DN, qual o papel do povo no meio de tanto maná oferecido pelo Estado.
O DN exulta com o encerramento de 3400 escolas do 1º ciclo, por recomendação da OCDE?! Mas essa senhora também recomenda trabalho, competitividade, combate à corrupção, ao compadrio e ao lambe-botismo... Enfim, porque é que o director do DN não vem á liça clamar - seguindo as recomendações da OCDE - para que se trabalhe, para que se persigam e prendam os criminosos e para que se removam os governantes mentirosos? Porque não clama contra estes escândalos cometidos em nome e à custa do Estado:

Pós-graduados passaram à frente de jovens com mestrados e médias mais baixas entraram à frente de médias mais altas

Porque está ocupado na mama.

Mas, voltando às graças que este Governo oferece ao povinho...
Diz o mordomo: "Do que se trata é de, pela primeira vez na sua história, o Estado providenciar condições a cada criança, em qualquer ponto do território nacional, para um ensino de qualidade, da infantil até ao fim do ensino secundário"
Se assim é, porque será que o povo e muitos autarcas não compreendem esta boa acção do Estado e vão para a rua contestar? Se o estadinho português providência tanta coisa boa, um ensino de qualidade a cada criança em qualquer ponto do país, porque será que as crianças e os pais não querem a esmola?

E termina, o lambão, com uma socratinice: "...Governo e poder local bem podem orgulhar-se de terem posto de pé o instrumento fundamental de qualificação e inclusão social das gerações futuras"

Podem orgulhar-se é de serem autores do pior ataque que se fez nos últimos 30 anos à Escola Pública, ao equilíbrio regional e à democracia.

Reitor


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