sábado, 25 de julho de 2009

Utilizando Uma Pulga Para Sustentar Um Elefante

A esmagadora maioria dos argumentos utilizados para manter as regras de distribuição dos alunos pelas escolas públicas resume-se à dificuldade da sua operacionalização.
Os comentários ao post anterior suscitaram-me algumas reflexões sobre a liberdade de escolha das escolas e os problemas a jusante dessa escolha.

1 - O Estado tem obrigação de assegurar a todas as crianças e jovens portugueses o ENSINO e a EDUCAÇÃO.
2 - Assegurar a todos o Ensino e a Educação não é o mesmo que assegurar que todos os portugueses frequentem uma escola do Estado.
3 - Esta distinção é essencial: o Estado assegura a educação/ensino de todos e os pais escolhem a escola onde querem que isso aconteça. Ou optam por não escolher escola nenhuma, o que também é possível no actual quadro legal.
4 - Para se compreender bem o que está em jogo, pode-se colocar a questão assim: O Estado reconhece constitucionalmente aos pais (e não a ele Estado) a responsabilidade primeira pela educação dos filhos.
5 - Assim sendo, não se pode aceitar que seja o Estado a escolher a escola onde os cidadãos hão-de colocar os filhos. Mesmo que essa escolha seja feita pelo critério do número da porta.
6 - O critério da rua ou do número da porta, é um critério como outros critérios. Apenas mais estúpido, mais facilmente subvertido, enfim, um descarado balde de areia para os olhos...
7 - As classificações anteriores, o sorteio, a altura e a cor dos olhos seriam critérios incomparavelmente melhores que ao critério da residência. Por um motivo apenas: são escrutináveis.
8 - "Todas as escolas têm a obrigação de serem boas". Mas não são. Ou melhor, são todas tão boas como os políticos são todos sérios.
Reitor

4 comentários:

  1. Já aqui disse uma vez. Não se trata da escolha da escola pelos pais, mas sim da escolha dos pais (e dos filhos) pelo reitor, digo, director da escola. É por causa deste peditório que há colégios privados que foram "abençoados" com dinheiros públicos e que são "referências". O que importa é que continuem a escolher os alunos e o Estado que pague... isto sim, é liberdade de escolha!!!

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  2. Director, digo, Reitor: não se esqueceu de pôr a sua cara entre os "inimigos da escola pública?" O ASSALTO À ESCOLA PÚBLICA PELOS PRIVADOS ESTÁ EM MARCHA! Com a vitória de MFL tudo ficará mais facilitado, não é?

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  3. Meus caros.
    O Estado tem de assegurar a educação de todas as crianças e jovens portugueses. Deve fazê-lo com qualidade e controle. Ou seja, as grandes metas do Estado para a Educaação deveriam ser apenas duas 1 - uma educação de qualidade para todos os portugueses assegurada por um 2 - sistema educativo controlado, fiscalizado e avaliado, onde convivam as escolas "públicas" e as escolas "privadas".
    O Estado não tem conseguido garantir nem uma educação de qualidade para todos os portugueses. Nem, muito menos, foi capaz de construir uma sistema educativo racional, controlado, fiscalizado e avaliado.
    Daí que, na actual "escola pública" escolas há que selecionam os alunos e alunos há que escolhem as escolas, tal como nas escolas "privadas". Para além de que, é na actual "escola pública" - não controla, não fiscalizada e não avaliada - que surgem e medram todos os disparates educativos de que, quase diariamente, se dá conta nos órgãos de comunicação social. É na escola "pública" que campeia a indisciplina e, às vezes, o crime. E nada acontece a ninguém.
    Para além de que, a actual escola pública é incomparavelmente mais dispendiosa para os contribuintes do que a escola privada.
    Os inimigos da "escola pública" NÃO são os que defendem a escola privada NEM os que defendem a sã convivência/concorrência entre as duas (porque é possível e desejável concorrerem).
    Os grandes inimigos da "Escola Pública", são aqueles que, diariamente, lançam sobre ela o descrédito. São aqueles que à boleia de um discurso em que a expressão "escola pública" aparece palavra sim, palavra não, lançam lama sobre a escola, sobre a educação e sobre a capacidade de discernimento dos portugueses.
    Os maiores inimigos da "escola pública" são aqueles que mentem descaradamente, aqueles que, defendendo a "escola pública", obtêm habilitações duvidosas em escola privadas.
    Os verdadeiros inimigos da "Escola Pública" são aqueles que a defendem para os outros e colocam os seus filhos nas escolas privadas.
    São aqueles que, usando o poder e os recursos que pomos à sua disposição colocaram a Escola onde ela está hoje.

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  4. Este Reitor nunca me enganou.


    A escola privada é mais barata, dizem que sim.

    Mal seria se não fosse visto a generalidade dos seus funcionários ter remunerações muito inferiores aos das escolas públicas.

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