segunda-feira, 30 de março de 2009

E a cor dos olhos? E a altura? Será que também podem fazer subir as notas? E descer?

"Atitudes e comportamento dos alunos podem determinar subida de notas"

O Paulo escreveu umas coisas acertadas sobre este assunto, especialmente sobre os pesos, as variações, os círculos e a ginástica pedabógica que se faz para se chegar à nota exacta.
E, vai daí, também tratou de deixar uns engodos para que algum peixe os mordesse. Peixinho, vou pegar na isca devagarinho a ver se não mordo o anzol.

Vivi com todos estes sistemas e nunca deixei de dar a um(a) aluno(a) a nota que achei globalmente justa.

Por isso mesmo quase arrumo na categoria da bizantinice o debate em torno da consideração - e com que peso relativo - das Atitudes e Valores na classificação final de um aluno numa disciplina.

De facto, qualquer professor do ensino básico (no secundário o fenómeno não é tão linear) calcula as notas aos alunos com base nos testes de avaliação: de 0 a 20% (nível 1); de 21 a 49% (nível 2), de 50 a 74% (nível 3); de 75 a 890% (nível 4) e 90% ou mais (nível 5).
De seguida, "pesa a olho" as questões subjectivas e muito raramente registadas: o aluno faz o TPC, é sossegado, é educado, participa nas aulas e actividades, não é demasiadamente extrovertido, etc., etc. (gostei dos dois etcéteras utilizados pelo Paulo) e então se estiver perto dos 40% dá-lhe um 3; se estiver para lá dos 60% pode chegar ao 4 e nos 80 e picos leva 5.
Se o "peso" for negativo (aluno mal comportado, não faz TPC, não participa, não dar graxa, etc., etc.), não sai do sítio: fica com a nota média dos testes.
Também pode acontecer do aluno ser beneficiado pela sua mansidão.
Ou, mais frequentemente, prejudicado por um qualquer "comportamento-mal-definido-mas-que-não-é-objectivamente-do-agrado-do-professor".
Neste caso pode haver chumbo, mesmo que as notas dos testes sejam positivas. Arranja-se sempre uma "atitude" e um "comportamento", dignos de registo no dia tantos de tal, capazes de fazer qualquer velhinha abrir os olhos de espanto! - ai o menino (é comportamento que sai sempre aos meninos) fez isso? Ai se fosse no meu tempo! É uma falta de respeito! Não se admite!
E, curiosamente, estes comportamentos e atitudes que interferem nas notas dos alunos só se sabem, especialmente os comportamentos negativos, na maior parte dos casos, na reunião de avaliação ou na reunião em que os directores de turma os anunciam aos incrédulos pais. - Ah! É que, sabe, o Miguel portou-se mal....
Claro que há professores cada vez mais precavidos e que, ao longo do período, vão semeando umas informações sobre as atitudes e os comportamentos dos alunos não vá virem a ser necessárias...
Também é verdade que os pais dos alunos podem sempre perguntar ao director de turma porque é que os filhos estão a ser avaliados por coisas que os professores não lhes ensinaram previamente à avaliação. Nem constam das matérias a leccionar.
Ou então, porque é o que seu filho há-de ser avaliado na disciplina de Matemática pela atitude, pelo comportamento (que já é penalizado disciplinarmente, note-se) pela forma de ser, pela disposição, pelo olhar, pela sonoridade do riso, pela irrequietude, pela graxa que passa no professor, ou por estar a despertar para o amor com a Carolina, ali na carteira do lado?
Bizantinices, obviamente. Estafada discussão, sem dúvida! Mas, também, "elementos" a mais na avaliação dos alunos.
E, parafraseando o Paulo: que diriam os professores se fossem avaliados pelas atitudes e comportamentos?
Algo me diz que achariam muiiiiiiiiiiiiiiiito injusto!
Reitor

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