domingo, 22 de março de 2009

Desta Toca Já Não Espero Grande Coelho

Dezenas de Presidentes de Conselhos Executivos têm vindo a realizar encontros de contestação ao modelo socretino de avaliação dos professores. Deus os tenha.
Ontem reuniram cerca de 180 para, novamente, tomarem posição sobre a avaliação dos professores e sobre uma associação de directores. Bem hajam.
Foi esta sua tomada de posição, pello que se sabe por unanimidade:

Os Presidentes dos Conselhos Executivos reunidos em Lisboa, continuam a manifestar a sua preocupação na defesa da Escola Pública. A não suspensão do modelo em vigor, proposta em ocasiões anteriores é susceptível de inviabilizar, no espaço da actual legislatura, a construção de um sistema de avaliação de desempenho docente digno e justo.
Conforme assinalámos a seu tempo, a aplicação em curso do modelo de avaliação esgota-se num conjunto de procedimentos de natureza administrativa que não cumprem os princípios e finalidades da avaliação do desempenho dos docentes.
As objecções e as reservas anteriormente manifestadas em relação ao modelo de avaliação estão, assim, a ser confirmadas na prática.
Neste quadro de análise, a leitura da legislação no que respeita à entrega dos objectivos individuais, determina a recusa, pelos Presidentes dos Conselhos Executivos, da adopção de medidas arbitrárias que possam, de alguma forma, penalizar os docentes.
Os Presidentes dos Conselhos Executivos aqui presentes reafirmam a sua total disponibilidade para contribuir na construção de soluções de avaliação do desempenho docente sérias, credíveis e justas.
Por considerarem importante promover a uniformização de medidas – já de si ferida pela adopção diferenciada de procedimentos nos Açores e na Madeira – entendem ser indispensável divulgar e fazer subscrever junto de todas as escolas do País a posição aqui assumida.

Há quem veja nesta tomada de posição, fortes sinais de luta e de vitalidade dos PCEs e quem seja mais céptico e veja um recuo. Atirar a coisa para trás das costas, como diz o Guinote.
Também sou de opinião que o texto contém muitos mais sinais de precaução e de cautela que de afirmação e coragem. E que a precaução em demasia é favorável à aplicação do modelo socretino de avaliação dos professores. E que a excessiva cautela pode não resultar apenas do facto de os PCEs quererem atirar a coisa para trás das costas, nem apenas de receio. É que nestes 180 PCES também haverá alguns com tef tef (para quem não saiba, os PCEs também têm um orifício ao fundo das costas).
Há sinais óbvios que indiciam uma alteração estratégica no posicionamento destes PCES e que deve merecer mais atenção: note-se que em Santarém começaram por colocar em cima da mesa a demissão, em Coimbra recuaram para uma posição mais elevada: já não estava em causa a demissão (isso era deixar os professores, coitados, abandonados à sua sorte!!!!) mas sim uma forte oposição ao modelo de ADD e um esclarecimento sobre a não necessidade de entraga OIs. Agora, em Lisboa, que decisões tomaram?
Criam ou não uma associação?
- Fica para mais tarde
Rejeitam liminarmente o actual simplex de avaliação? Aceitam-no com reservas? Aceitam-no sem reservas?
- "As objecções e as reservas anteriormente manifestadas em relação ao modelo de avaliação estão, assim, a ser confirmadas na prática"
Vão aplicar medidas disciplinares aos docentes que não entregaram OIs?
- Nada diz no comunicado
E que se propõem fazer no futuro?
- Estão totalmente disponíveis para ajudar a construir um modelod e ADD justo e credível.

Alguém pode considerar isto um avanço? Uma posição de força? Um alento para aos professores? Uma mais-valia para as Escolas e a Educação?
E a condenação ao apartheid de Barqueiros?
E a condenação das palavras da Ministra ao transferir para eles a odiosa acção de abrirem processos disciplinares aos professores que não entregaram OIs?
E a crítica severa à confusão criada pelo Governo em torno da entrega/não entrega de OIs?
E a denúncia dos procedimentos ilegais que o Governo e as DRENs querem que as escolas executem?
E a denúncia à absoluta arbitrariedade associada à aplicação da ADD nas escolas do país?
E a crítica firme aos objectivos do Governo que, para poder dizer que avaliou os professores, não teve pejo em criar mau ambiente nas escolas, em perturbar o desenvolvimento do ano lectivo e perder tempo e recursos com a aplicação de uma avaliação de professores inconsistente, inexequível, remendada, enfim, estúpida?
E a denuncia ao prejuízo efectivo que este Governo está a causar à Escola Pública (a privada está em sossego), a qual, precisamente, ele próprio diz defender?
A estes quesitos, NADA.
Tenho pena
Reitor

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