Num belíssimo texto (PÚBLICO de ontem) em defesa das liberdades individuais, o professor Pedro Picoito, põe o dedo em várias feridas do nosso Estado.
O Estado de Direito Democrático construído após o 25 de Abril de 1974, ainda não foi capaz de oferecer aos portugueses uma escola de qualidade.
Nem de "conciliar a igualdade de oportunidades com a procura da excelência".
"O Ministério da Educação esquece que este admirável mundo novo da igualdade acaba também com o incentivo à excelência. Para quê estudar se Maria de Lurdes Rodrigues dará a todos os alunos, no fim do ano, outro milagre das rosas"?
Mas será isso verdadeiramente democrático? Condenar todos os alunos à mediocridade, mesmo aqueles que pelo seu esforço chegariam mais longe, é o melhor que a democracia portuguesa tem para lhes oferecer?
Estas perguntas encerram em si mesmo as respostas! E atingem na muge, não só as erradas políticas educativas dos últimos anos mas atingem, sobretudo, os alicerces ideológicos que sustentaram os nossos políticos nos últimos 30 anos. Aqueles que nos têm governado têm desvalorizado a escola pública, cuja imagem está hoje de rastos perante o cidadão comum; têm desvalorizado o esforço, o trabalho e a disciplina na formação dos indivíduos; têm convidado os jovens ao esquema, à preguiça, à cunha e ao subsídio eterno.
E são sempre os mais débeis e os mais pobres a pagar a factura da mediocridade, da falta de horizontes, da falta de emprego, da falta de perspectivas...
Só o regresso a uma política de exigência que valorize uma escola onde todos são diferentes. Só uma educação que exiga aos alunos esforço e disciplina, que valorize o mérito, que favoreça e encorage atitudes de respeito pelo conhecimento, de autonomia, de responsabilidade pelas escolhas e de respeito pelas diferenças pode salvar a escola pública portuguesa.
E torná-la mais democrática! E mais justa! E formadora de Homens e Mulheres livres.
"Nisso, como em tantos outros aspectos, o Portugal de hoje prolonga o antigo regime. A não-inscrição não data de agora, é um velho hábito que vem sobretudo da recusa imposta ao indivíduo de se inscrever. Porque inscrever implica acção, afirmação, decisão com as quais o indivíduo conquista autonomia e sentido para a sua existência. Foi o salazarismo que nos ensinou a irresponsabilidade – reduzindo-nos a crianças, crianças grandes, adultos infantilizados" José Gil
Reitor
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