Nos órgãos próprios, com as justificações devidas, os colegas da Escola Secundária D. Maria II, Braga pegam o touro de frente, sem medo, à valente...
Os professores do Departamento de Línguas e Literaturas, da Escola Secundária D. Maria II, Braga, na sua reunião ordinária de hoje, 5 de Março,abordaram, inevitavelmente, o modelo de avaliação que nos querem impor. Após demorada, participada e viva discussão, os respectivos professores decidiram redigir e aprovar o documento que, de seguida, transcrevo na íntegra:*
Atendendo a que, sem fundamento válido, se fracturou a carreira docente em duas: professores titulares e não titulares;
Atendendo a que essa fractura se operou com base num processo arbitrário,gerando injustiças inqualificáveis;
Atendendo a que os parâmetros desse concurso se circunscreveram, aleatória e arbitrariamente, aos últimos sete anos, deitando insanemente para ocaixote do lixo carreiras e dedicações de vidas inteiras entregues àprofissão;
Atendendo a que, por via de tão injusto concurso, não se pode admitir, sem ofensa para todos, que seguiram em frente só os melhores, e que ficaram para trás os que eram piores;
Atendendo a que esse concurso terá repercussões na aplicação do assim chamado modelo de avaliação, já que, em princípio, quem por essa via acedeua titular será passível de ser nomeado coordenador e, logo, avaliador;
Atendendo a que, por essa via, pode muito bem acontecer que o avaliador seja menos qualificado que o avaliado;
Atendendo a que o modelo de avaliação é tecnicamente medíocre;
Atendendo a que o modelo de avaliação é leviano nos prazos que impõe;
Atendendo a que o modelo de avaliação contém critérios subjectivos;
Atendendo a que há divergências jurídicas sérias relativas à legitimidadedeste modelo;. Atendendo a que o Conselho Executivo e os Coordenadores de Departamento foram democraticamente eleitos com base nas funções então definidas paraesses órgãos;
Atendendo a que este processo, a continuar, terá que ser desenvolvido pelos anunciados futuros Conselhos de Escola, Director escolhido por esse Conselho e pelos Coordenadores nomeados;
Nós, professores do Departamento de Línguas, da Escola Secundária D. MariaII, não reconhecemos legitimidade democrática a nenhum dos órgãos da escolapara darem continuidade a um processo que extravasa as funções para as quaisforam eleitos;
Mais consideram que:
Por uma questão de dignidade e de solidariedade profissional, devem, esses órgãos, suspender, de imediato, toda e qualquer iniciativa relacionada com a avaliação . Caso desejem e insistam na aplicação de tão arbitrário modelo, devem assumir a quebra do vínculo democrático e de confiança entre eles próprios e quem os elegeu, tirando daí as consequências moralmente exigidas.
*Notas:*
*1 - Dos 22 professores presentes, 21 votaram favoravelmente e 1 votou contra:
**2 - Para além de darem conhecimento imediato deste documento aos órgãos,ainda democráticos, da escola, os professores decidiram dá-lo a conhecer atodos os colegas da escola;
**3 - Decidiram também dar ao documento a maior divulgação pública possível, e enviá-lo directamente para outras escolas e colegas de outras escolas;
**4 - Pede-se a todos os professores que nos ajudem na divulgação destedocumento, e que o tomem como incentivo e apoio para outras tomadas deposição;
**5 - Este documento ficou, obviamente, registado em acta, para que a senhora ministra não continue a dizer que nas escolas está tudo calmo, e que só se protesta na rua;
**6 - A introdução e as notas são da minha exclusiva responsabilidade;
**7 - Tomo a liberdade de agradecer com prazer aos professores da Escola Secundária D. Maria II, Braga, e principalmente às mulheres, as mais aguerridas, pelas posições firmes que têm assumido, e por rejeitaremqualquer outro lugar que não seja a linha da frente da luta pela dignidade docente. É um orgulho estar entre vós.
**António Mota*Escola Secundária D. Maria II, Braga
Director-geral
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