As comemorações do centenário da República têm de falar desses crimes. Eles foram cometidos sob a batuta de uma das figuras mais sinistras da nossa história. Graças a Afonso Costa e aos seus apaniguados organizados em milícias de malfeitores, a Primeira República, activamente respaldada pela Carbonária (e, mais tarde, por uma confraria de assassinos chamada Formiga Branca), nunca recuou ante a violência, a tortura, o derramamento de sangue e o homicídio puro e simples. Instaurou friamente entre nós o pragmatismo do crime. Institucionalizou a fraude, a manipulação e a batota generalizadas em todos os planos da vida portuguesa. Manipulou e restringiu o sufrágio, excluindo dele os analfabetos, as mulheres e os padres. Perpetrou fraudes eleitorais sempre que pôde. Perseguiu da maneira mais radical e intolerante o clero católico, por vezes até ao espancamento e à morte. Levantou toda a espécie de obstáculos ao culto religioso e à liberdade de consciência. Cometeu as mais incríveis violências contra as pessoas. Apropriou-se do Estado, transformando-o em coutada pessoal do Partido Republicano Português…
Reitor
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ResponderEliminarQue certo que bate: bota e perdigota!
Se assim é...
O PS quer desesperadamente celebrar estes heroísmos de que fala VPV..
Errata: leia-se VGM
ResponderEliminarA monarquia constitucional em Portugal foi um regime podre, tresandava. Quem se interroga sobre os motivos por que foi tão fácil derrubá-la?
ResponderEliminarA monarquia atolou-se no desgraça geral das instituições que superintendia, deu azo à criação de um regime corrupto de grandes “tubarões”, de interesses inconfessáveis que, no fim, resultavam sempre em prejuízo do povo.
A moda de querer denegrir a República parece querer vingar. A República, apesar de todas as vicissitudes, asneiras e excessos que marcaram o seu nascimento, continua a ser o regime que orgulha Portugal.
Viva a República!!!
De facto, para o sr. Vasco Graça Moura (e seus correligionáros) foi muito melhor o tempo da ditadura porque aí não houve mortes, nem atrocidades, nem tortura, nem violência, nem nada... Foi tudo um mar de rosas!
ResponderEliminarO senhor Moura começa por referir-se ao "centenário" da República. Que, não precisávamos de dizer, mas reforça a nossa opinião, abrange 100 anos. E a seguir desanca em Afonso Costa, um dos ditadores portugueses (da infeliz e longa lista que temos), que viveu durante a 1ª. Aparentemente, por intermédio de Afonso Costa, os 100 anos comem por tabela. Não me parece lá isto muito "científico".
ResponderEliminarExcelente post - comemorar um golpe militar que deitou abaixo uma democracia, para criar uma ditadura de uns poucos, é motivo para celebrar alguma coisa?
ResponderEliminarO PS é o herdeiro natural da I República!
ResponderEliminarPARECE QUE a Iª República cometeu o grande pecado de ser uma balbúrdia, — mas por oposição a quê? Pelos vistos, deve haver quem ache que o resto do mundo era, naquele primeiro quartel do século XX, uma espécie de pacífico jardim.
ResponderEliminarNão era; desde ocupantes de cargos eleitos a cabeças coroadas, do primeiro-ministro de Espanha ao arquiduque da Áustria, houve homicídios para todos os gostos naquela época. Não excederam, contudo, a morte massificada da gente comum; entre os anos de 1914-1918 — não tinha a nossa República quatro anos — houve simplesmente uma Guerra Mundial, neste continente e nas suas colónias. Quando essa Grande Guerra e a sua estúpida e inútil mortandade acabou, tinham acabado também vastos impérios: o dos Czares, varrido por duas revoluções e desmembrado; o Austro-Húngaro, despedaçado; e pouco tempo depois o Império Otomano. No culminar desse processo, fez-se o ensaio geral aos genocídios que seriam levados às maiores consequências nos meados do século XX europeu. A República Portuguesa lá aguentou, mas entre a Iª e a IIª Guerra Mundial nasceram o fascismo na Itália, o nazismo na Alemanha, e regimes seus aparentados — como a ditadura nacional em Portugal — um pouco por toda a Europa. Desfez-se o sonho da Sociedade das Nações. Como eloquentemente diz a historiadora Zara Steiner, esta foi a época em que — por quase todo o mundo e sobretudo na Europa — “as luzes falharam”.
Perante isto, — ou melhor, esquecendo isto — há gente que faz da leitura da Iª República uma única lenga-lenga sobre como os líderes políticos portugueses da época eram defeituosos. Pois eram. Sem querer ser preciosista, esse é exatamente o sentido da República: sermos governados por gente imperfeita.
Precisamente porque não existe gente perfeita, nem gente que herde a predisposição para governar vitaliciamente um país, o princípio republicano é o de que nem o nascimento nem a classe social devem vedar alguém de eleger e ser temporariamente eleito.
Isto é uma coisa boa, e uma coisa simples. Às vezes há coisas assim. É pueril alegar que ser governado pelo filho do rei da Casa de Bragança tivesse sido melhor do que ter sido governado pelos Srs. Teófilo Braga ou Bernardino Machado, mas quer o sentimento anti-progressista que rasguemos as vestes por cada vez que este país deu um salto político. Pelo grande gozo que é “irritar a esquerda”, pratica-se o contorcionismo da mioleira. Mesmo assim, o liberalismo continua a ser melhor do que o absolutismo; e a república melhor do que a monarquia, a democracia melhor do que a ditadura. Melhores porque regimes mais livres e mais iguais, mais próximos do princípio de que a sociedade se pode — e deve — auto-governar.
Isto não faz destes regimes isentos de críticas; mas fá-los certamente dignos de comemoração, dignos de serem lembrados em conjunto. Mas, lá está; Pedro Passos Coelho faltou ontem ao lugar onde se proclamou a República; como a direita portuguesa em geral faz por ausentar-se do 25 de Abril. É uma atitude de ignorância voluntária que só poderia desculpar-se se ao menos fosse clara e assumida.
Mas enfim, não se pode exigir vontade a quem não a tem. A melhor comemoração da República é viver querendo governar-nos a nós mesmos. Uns dias melhor e outros pior, lá vamos insistindo.
RuiTavares.Net