sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Melhor que a Co-Avaliação só a Avaliação-Co


A prática da co-avaliação implica que todos os elementos de uma determinada comunidade educativa possam ser avaliados mas também avaliadores. Mantendo-se a paridade profissional no reconhecimento de que estamos numa profissão em que todos temos a mesma habilitação de base e profissional, a co-avaliação resolve o problema do reconhecimento da autoridade do avaliador uma vez que há a co-responsabilização de todos os pares.

Dito de forma mais simples: todos os professores têm uma habilitação de base e profissional, logo todos são autoridades científicas e pedagógicas, logo todos são, simultaneamente, avaliados e avaliadores, percorrendo uma carreira única e cronologicamente ascencional.
De forma ainda mais simples: Todos os professores são profissionalmente iguais (pares)distinguindo-se, apenas, na antiguidade.
Esta tese sindical é FALSA, pretende contrariar a divisão artificial da carreira, imposta governamentalmente pela figura de professor titular e tem sido a principal razão da desgraça dos professores. Não há engenharia social nem profissional que sustente durante muito tempo uma falsa igualdade.
A verdade é que todos os professores são profissionalmente diferentes; uns melhores que outros, uns mais competentes, mais assíduos, mais responsáveis mais experientes, mais esforçados e mais capazes que outros, independentemente do tempo de serviço. Os melhores merecem ganhar mais e os piores menos!
A co-avaliação, avaliação partilhada, desenvolve-se de forma permanente, nos momentos considerados necessários pelas estruturas pedagógicas de cada escola ou agrupamento, contemplando registos escritos a ter em conta nos momentos formais do processo.
Esta modalidade de avaliação contempla o acompanhamento dos percursos individuais enquadrados nos critérios nacionais e nos decorrentes dos projectos educativos e curriculares da escola/agrupamento.
A co-avaliação é uma falácia pegada. E muito mal definida: dizem que se desenvolve "de forma permanente, nos momentos considerados necessários pelas estruturas pedagógicas". Parece haver aqui uma contradição: de forma permanente ou em momentos adequados? Decidam-se, p.f.
São as estruturas pedagógicas (que entes são estes?) que definem quando se desenvolve a avaliação? Mas, não seria melhor estabelecer uma cronograma para que cada docente pudesse saber quando está a ser avaliado? É que, senão, corre-se o risco de os docenets acusarem as indefinidas "estruturas pedagógicas" de arbitrariedade.
Alguém desse lado me consegue explicar o sentido desta curiosa frase: Esta modalidade de avaliação contempla o acompanhamento dos percursos individuais enquadrados nos critérios nacionais e nos decorrentes dos projectos educativos e curriculares da escola/agrupamento. Antecipadamente grato!
Este trabalho deve contemplar também o aferir dos êxitos e sucessos do grupo à luz dos objectivos traçados no início de cada ano lectivo, procedimentos a alterar ou melhorar, reflexão acerca das causas impulsionadores de sucesso e das causas de fracasso pedagógico, e ainda, apreciar as menções individuais que lhe forem presentes. O resultado espelhar-se-á num relatório crítico por ano lectivo, onde terão de ser registadas as propostas de menção individual aqui aprovadas.
Os sindicatos sempre acusaram de burocrático o modelo do ME! Pois, para além da Avaliação-Co vejam os procedimentos que o sindical modelo exigirá:
- definição de objectivos anuais, individuais e colectivos
- aferição de êxitos e sucessos à luz de objectivos anuais
- aferição de procedimentos a alterar ou a melhorar
- reflexão acerca das causas impulsionadoras de sucesso (o melhor item de todos)
- reflexão acerca das causas impulsionadoras do fracasso pedagógico
- apreciação das menções individuais que lhe forem presentes (também não sei a que "lhe" se referem)
- elaboração de um relatório crítico por ano lectivo
Nada mal para quem quer defender os professores...
Reitor

6 comentários:

  1. Merece-me um reparo a ideia dos professores melhores e dos professores piores: o que me dizem os meus 20 e tal anos de experiência profissional é que, na esmagadora maioria dos casos, há professores melhores numas coisas e outros melhores noutras coisas.
    Agora, a partir do momento em que a todos os professores são distribuídas turmas,o objectivo tem de ser que todos os alunos tenham bons professores. Caso contrário não estamos a assegurar um princípio basilar da democracia, a igualdade de oportunidades.
    Finalmente, a ideia, cara a MLR e pelos vistos também a este blogger, de encontrar a todo o custo, os "melhores" professores, para mim só pode ter um sentido: identificar aqueles a quem devem ser entregues as turmas e os alunos difíceis.

    ResponderEliminar
  2. Sim a duarte.
    Concordo consigo: há professores melhores numas coisas e outros melhores noutras coisas.
    Contudo, não era esse o ponto. O ponto é este: todos os professores são profissionalmente diferentes; uns melhores que outros, uns mais competentes, mais assíduos, mais responsáveis mais experientes, mais esforçados e mais capazes que outros, independentemente do tempo de serviço. Os melhores merecem ganhar mais e os piores menos.
    O 2º ponto é este: há professores, pouco admito, aos quais não deveriam ser atribuidas quaisquer turmas - para não cusarem prejuízo público.
    O 3º ponto é este: - Nem todos os professores são bons, nem todos os que são ajudados para melhorar, melhoram e, a qualidade dos professores nada tem a ver com a democracia, como V. afirma.
    Não, não quero "encontrar" os melhores professores. quero apenas afirmar que há professores que são melhores que outros e que o vencimento dos professores deve ter em conta a diferença qualitativa entre eles. Só isso.

    ResponderEliminar
  3. Ó caro reitor, tem razão ao dizer que há diferença, mas não tem razão ao pensar que esta ou outra avaliação vá permitir essa distinção. E o ter maior vencimento ainda vai atrapalhar mais essa longínqua possibilidade de avaliar.
    Aos verdadeiros baldas só os alunos e os pais podem "encostar à parede". E isso se não lhes for dada inteira cobertura pelas direções, como vemos acontecer.
    Os outros lá irão andando, melhorando na interação entre pares.
    Que diabo, eu que já sou do jurássico, tive professores entre o excelente e o mau e sobrevivi.
    Como querem agora impor à força a perfeição nesta profissão que implica tanta arte?
    Quem não cumpre minimamente com a sua tarefa deve ser incomodado - sobretudo pelas direções das escolas. Mas que direções temos?
    Se centrássemos o trabalho no conselho de turma, se tivéssemos tempo para preparar com o necessário cuidado o que vamos fazendo com os alunos, se as reuniões de grupo não redundassem num chorrilho de inutilidade e em vez disso tratassem de, na troca de experiência, ir encontrando o melhor modo de passar a "sabedoria", se as condições de muitas das salas onde trabalhamos fossem decentes, se as turmas tivessem dimensão que permitisse conhecer os alunos, os seus avanços e recuos, se ...
    Olhe, eu cá, que até acho que cumpro razoavelmente a função, gostaria que todos à minha volta a cumprissem ainda muito melhor. Mas talvez não me agradasse que ganhassem mais do que eu que me esforço por fazer bem. Quanto a isso não vejo volta a dar - ir aumentando o vencimento à medida que vamos juntando tempo de serviço.

    ResponderEliminar
  4. Acredito nas boas intenções do reitor, que pretende descobrir (duvido que seja com o actual modelo de avaliação do ME) os melhores professores para lhes pagar mais. A questão é que nenhum governo do centrão que há longos anos nos governa quer pagar mais a nenhum professor. Eles acham que os professores já ganham demais para o trabalho que fazem. Incluindo os bons professores. Porque no admirável ensino novo, à base de magalhões e quadros interactivos, powerpoints, portefólios e certificações a martelo, também não precisam de bons professores. Desde logo porque estes tendem a ser pessoas com um grau de autonomia e espírito crítico, a quem é difícil dar ordens e por isso complicam a vida de quem decide. Põem-se a descobrir as carecas de políticos, pedagogos e outros demagogos que têm comandado o ensino, e isso é uma chatice.
    Portanto, o que o governo decidiu não foi pagar mais aos melhores. É bom que isto se clarifique: o melhor professor do país, com as regras actuais de carreira e avaliação, progride mais lentamente do que um mau professor no anterior regime (isto partindo do princípio, falso, de que a progressão era "automática" para todos. E a maioria (não necessariamente os piores) não chegará ao topo da carreira.

    ResponderEliminar
  5. "- definição de objectivos anuais, individuais e colectivos
    - aferição de êxitos e sucessos à luz de objectivos anuais
    - aferição de procedimentos a alterar ou a melhorar
    - reflexão acerca das causas impulsionadoras de sucesso (o melhor item de todos)
    - reflexão acerca das causas impulsionadoras do fracasso pedagógico
    - apreciação das menções individuais que lhe forem presentes (também não sei a que "lhe" se referem)
    - elaboração de um relatório crítico por ano lectivo "
    Conseguiu encontrar isto tudo na proposta?
    Pois é! O grande problema está em alguns que se dizem professores!...
    Que procuram num texto aquilo que não existe. A não ser nas próprias cabeças.

    ResponderEliminar
  6. a duarte: Acho o modelo de avaliação o ME inaplicável, estúpido, burocrático e carissímo para os ganhos de eficiência propalados (e não comprovados).

    ResponderEliminar