segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Mito da Visão

O PSD tem-se esmerado ultimamente em debater o estado da Educação em Portugal.
Criou até um blog no qual têm sido publicadas interessantes e pertinentes reflexões e artigos de opinião.
Encontrei lá a intervenção do líder parlamentar, Paulo Rangel. Excelente e prova de que algo está a mudar no PSD...
Primeiro mito (socialista), o mito ideológico

O Governo PS e os seus arautos nesta Câmara arrancam da premissa ideo­lógica de que uma escola aberta e aces­sível a todos, democrática ou “inclusiva”, como tanto gostam de di­zer –tem de ser complacente, tem de fazer concessões ao “fa­cilitismo”, tem de renunciar a quaisquer critérios de seriação e de selectividade.
Nada de mais falso. Nada de mais erróneo. A exigência é uma condição sine qua non para uma verdadeira igualdade de oportunidades. É mesmo um pressuposto indispensável da correcção das assi­me­trias de origem entre os alunos portugueses (que vão da condição económica-social ao ambiente cultural das respectivas famílias). Ao contrário de um preconceito muito divulgado, a exigência e a profundidade no ensi­no são o primeiro requisito da cha­mada "escola inclu­siva". O laxismo e o facilitismo não são apenas facto­res de atraso no desenvolvimento glo­bal do país; são responsáveis directos pela mar­gi­na­lização definitiva dos alunos mais desfavo­re­ci­dos sócio-culturalmente

O segundo mito (socialista): o mito burocrático.

O Governo PS e os seus oráculos nesta Câmara transformaram a avalia­ção da escola – da escola no seu todo – no alfa e no ómega das políticas de educação. O que significa que deslocaram a rotina das escolas, o seu dia-a-dia, da equação “en­sino-aprendi­zagem” para o binómio “re­porte-ava­liação”. Perde-se muito mais tempo a aferir e avaliar – alunos, professores, escolas, funcionários – do que a ensinar e a aprender. O arranque do ano lectivo – da vida das escolas (ou das escolinhas, como, com aquele toque de ternura de que só a propaganda é capaz, o Governo agora lhes chama) – está irremediavelmente marcado pela burocracia e o melindre da avaliação, em especial da avaliação dos professores, feita nos ter­mos que todos conhecem.
Houve um dia em que a senhora Ministra disse – numa frase infeliz e errada – disse que o sistema educativo está demasiado centrado nos professores.Mas cabe perguntar – e perguntar-lhe também a ela –, esta atribulada avaliação não será um dos principais factores de concentração do dito sistema educativo em torno da classe docente? Enquanto se preenchem for­mulários, se escrevem relatórios, se marcam reuniões e se fazem entrevistas, quantas aulas ficam por pre­parar, quantos alunos repetentes ficam por assistir, quanto empenho e energias de profes­sores se gastam em secretarias e corredores?

Estes mitos também se podem fundir num único MITO.
O Mito da Visão: Em Terra de Cegos, Quem Tem Olho É Rei
Reitor

5 comentários:

  1. Gostava era de ver escrito o que o PSD se compromete a fazer em relação à educação...

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  2. Ora aí está! O que antes disseram sobre educação metia medo ao susto!
    Não venham agora apanhar o comboio vestidos de anjinhos!
    Não acredito neste PSD nem nunca acreditei.
    Nem vou em cantos de sereias ...
    Professora em Cascais

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  3. Boa noite Sra. Professora em Cascais. Gostava de lhe perguntar o seguinte: O que disseram antes (presumo que se refere aos responsáveis pelo PSD) sobre educação que lhe meteu medo ao susto?
    Obrigado

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  4. Boa tarde Sra. Professora de Cascais. Sou o anónimo de ontem às 23h25.
    Pelas interrogações e exclamações que coloca nos extractos do programa do PSD, posso concluir que aquilo que lhe meteu "medo de susto" foi isto:
    "· Flexibilizar os sistemas remuneratórios complementares de professores e educadores
    introduzindo incentivos à excelência, ao mérito e ao sucesso do desempenho pedagógico e ao envolvimento em dinâmicas de desenvolvimento local. – COMO??????"
    e isto:
    "· Criação de um sistema de empréstimo público dos manuais escolares que elimine a necessidade da sua aquisição pelas famílias (permitindo uma poupança familiar de cerca de 75% em manuais). – Já existe!!!!"

    Portanto, assustou-a a "flexibilização do sistema remuneratório" dos professores pela introdução de incentivos e a "poupança familiar de cerca de 75% em manuais).
    Percebo o seu susto: Não quer professores com remunerações diferenciadas dnem manuais mais baratos.
    O seu susto vai na linha do susto de muitos professores, especialmente atemorizados com a avaliação.

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  5. Ó anónimo que não sabe ler textos! E pedi-lhe eu que lesse nas entrelinhas! e até lhe dei as palavras-chave! Mas nada... continua na sua!
    Só explico 2 ou 3 coisas:
    - os manuais já são distribuídos/emprestados pelo governo PS e, por muitas escolas e, até por mim. Não é, portanto, nada de novo. Daí o comentário: Já existe.
    - incentivos à excelência e ao mérito: há bons textos em blogues de educação - que julgo que consultará - que desmontam estes conceitos. Nenhum dos dois é universal, nenhum deles é imutável. Prefiro sempre falar de BONS PROFISSIONAIS que sabem tirar o máximo partido da situação concreta e que, todos os dias, pensam em novas maneiras de trabalhar com os alunos. Numa coisa tem razão: não vejo por que razão estes BONS PROFISSIONAIS precisem de ser mais bem pagos. Afinal, é este que é o nosso trabalho e pagam-nos para os fazermos. Ponto final.
    - O que me mete medo é a transformação da escola numa EMPRESA. Mas para perceber isso tem que ler os excertos do programa com atenção e inteligência.
    - O que me assusta também é que, sob o manto diáfano da liberdade de escolha, a sereia diga que um menino do Casal Ventoso vai ser recebido com sorrisos e boa vontade no Colégio São João de Brito. Devem estar a brincar comigo! Ou que, eu tenho que pagar - com os meus impostos - a estadia nesse colégio dos filhos dos senhores De e De, quando a 100 metros há escolas públicas que os ensinam muito bem.
    - Podia continuar ... mas não me apetece.
    - Só lhe digo, para acabar, que não tenho medo da avaliação, não senhor. Tenho 36 anos de tarimba, uma formação científica e pedagógica acima da média, gosto muito do que faço, continuo exigente, o clima das minhas aulas é saudável e descontraído, não têm conta os projectps em que me meti, ...
    - E, também sei que a "avaliação" de que fala é uma treta. Não avalia nada, só impede os professores de se dedicarem aos alunos, é um subterfúgio para pagar menos a uns milhares e, em breve (muito em breve) vai rebentar. Não há organização nenhuma que aguente tanta complicação e burocracia ... Imagine só que um médico - no fim de cada consulta, de cada intervenção - tinha que explicar o que tinha feito e porquê. Consultava aí 5 ou 6 doentes por dia. Achava isso nornal? Pois é isso que o ME nos está a obrigar a fazer: explicarmos cada gesto, cada papel, cada encontro .... Não há paciência!
    E com est me vou
    Continuo a viver em Cascais

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