O nosso adversário financiado na sua campanha por grande construtoras e por um centrão de interesses verificou que a melhor maneira de permanecer no poder seria proteger a falsa iniciativa privada que vivia às custas do Estado.
Para satisfazer a gula dessas empresas e a gula dos militantes, o PS encostado contra a parede pelo déficit deixado pelo pai Guterres e por Dona Manuela, apontou como adversários, valendo-se da nossa histórica mesquinhice e inveja tradicional, os funcionários públicos, como os parasitas do Estado e do regime.
Vai daí surge a grande ofensiva contra os funcionários públicos.
Os magistrados valendo-se dos enormes poderes de que dispunham colocaram o governo na ordem.
Os médicos ameaçaram fugir para o privado.
Os enfermeiros à custa de greves maciças conseguiram fazer recuar o governo.
Os funcionários das finanças lá continuaram com as suas regalias porque um dia de
greve causa enormes prejuízos ao Estado.
Os professores do ensino superior politécnico viram aceites a maioria das suas reivindicações depois de uma greve de longa duração aos exames, sem que houvesse qualquer requisição civil.
O pilotos da TAP com um simples sopro de ameaça lá fizeram recuar o Lino da
“jamais”.
Todos os grupos, que constituem os funcionários públicos, conseguiram de uma forma totalmente vantajosa ou com vantagens substanciais fazer recuar o governo.
Todos, menos os professores do ensino não superior porque não se deram ao respeito.
Conhecedores da mentalidade oportunista de uma percentagem substancial da classe docente, o governo humilhou-nos, colocou-nos à beira de uma ataque de nervos, lançou-nos contra a opinião pública, dividiu-nos sempre que lhes deu na real gana, enfim reduziu-nos à nossa insignificância, poupando à nossa custa vários milhões de euros que deu para financiar as empresas dos afilhados, construir auto-estradas e ainda construir escolas.
A culpa foi toda nossa. As únicas raras excepções foram as 3 mega-manifestações, o aparecimento de movimentos e de alguns blogers-bandeira que lá conseguiram colocar uns pequenos grãos na engrenagem.
Que imagem têm de nós os partidos?
Não será a mesma que uma tal senhora tem de nós, ou seja que somos fáceis de torcer tal como o esparguete!
Quem sofre mais nos tempos de crise?
Obviamente os fracos, ou sejam aqueles que não lutam porque não podem, ou porque não querem ou porque têm medo.
Chegou a hora de reflectir estes 4 anos passados no consulado PS, fazer balanços, meditar onde falhamos, construir pontes de entendimento mínimo, deixarmos para trás as vaidades mesquinhas.
Não contem que os partidos façam o trabalho que deve ser feito por nós.
Não nos podemos esquecer que vamos passar por tempos que eu julgo nos serem favoráveis. O governo que sair das eleições terá na assembleia quanto muito o apoio parlamentar de 30% a 35 % dos deputados. Os líderes de cada um dos partidos são incompatíveis entre si, excepto o caso de Paulo Portas em relação a Sócrates e a Manuela Ferreira Leite, mas com um CDS a ter nas eleições uma percentagem que não excederá, quanto muito, os 6%, não haverá peso suficiente para que este partido seja suporte de uma coligação com maioria absoluta.
Chegou a hora de termos juízo e de uma vez por todas acabar com a divisão na carreira, acabar com as quotas, ter um sistema de avaliação civilizado como na maior parte dos países da UE, solicitar mais autoridade dos professores nas escolas. Mas isto requer trabalho, solidariedade e persistência.
Mas atenção não puxemos a corda! Temos que dizer ao próximo governo que estamos dispostos por mais um ou dois anos a ficarmos congelados nos escalões mais altos até que o PIB volte a crescer de forma sustentada.
Como já disse, temos que em primeiro lugar respeitarmos a nós próprios, para que sejamos respeitados.
Sinceramente não consigo ter raiva ao Zézito. Tenho sim raiva de me sentir tão impotente e de termos sido muito fracos para um adversário que no fim de contas, desculpem a expressão, foi um “cagarolas” para os mais fortes.
E sinceramente nestes últimos 4 anos demos poucas razões para nos respeitarem. Vendemos a nossa dignidade por cinco réis de mel coado. Com os pedidos de desculpa aos que desde o primeiro momento não deitaram por terra a sua dignidade.
Pedro Castro
Reitor
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