O Governo já decidiu que os portugueses têm de completar o ensino secundário ou frequentar a escola até aos 18 anos. E
mai nada!
DEPOIS desta importante decisão,
foram ouvidos os peritos na matéria.
Ainda não se ouviram vozes contra esta medida do Governo. Nem devem ouvir-se, tal o carácter social e até paternalista da medida. Mas...
Estranha-se, isso sim, que sendo uma medida do programa do Governo só agora, em final de mandato, seja anunciada para se executar. Obviamente, não será este Governo a alargar o número de anos de escolaridade obrigatória.
Pôde fazê-lo e não o fez. Agora, porque não o pode fazer, anuncia.
Esta medida política poderia vir a ser boa se não brotasse de uma visão errada da sociedade e dos Homens: a visão socialista.
A ideia de que o Estado deve empurrar - é esta a linha mestra do pensamento destes governantes - os jovens para a escola até perfazerem 18 anos é peregrina e gerará graves conflitos. Numa jogada demagógica e de antecipação, estes governantes, na tentativa de reduzir as taxas de desemprego, retirar os marginais das ruas e, com isso, reduzir as taxas de criminalidade, querem obrigar os jovens a estar na escola
mesmo que nada estejam lá a fazer. Este é o caldo original.
Simultaneamente, o mesmo Estado que, coercivamente, obriga os jovens a
estar - esta é a chave - nada faz para valorizar, em cada cidadão Português, a Escola e educação que ela lhe proporcionou. Pelo contrário, continua a Administração Pública, excessivamente politizada, a distribuir empregos a
boys e
girls não lhes exigindo, sequer, o currículo escolar; não escolhendo os que obtiveram melhores resultados escolares, nem os que tiveram percursos escolares exemplares ou até meritórios. Nadinha. Nem sequer olham para os processos escolares de cada português que admitem ou escolhem para o exercício de funções públicas.
É certo que, mesmo que olhassem, nada viam porque este é também o Estado que manda retirar dos processos escolares dos alunos todas as referências negativas, penas ou medidas disciplinares que lhes são aplicadas. Não há registos das tropelias que cada um faz enquanto frequenta a escola.
A sociedade civil faz o mesmo que o Estado. Emprega por "cunha". Favorece o "amiguismo" e o compadrio. Para a sociedade civil e salvo raras excepções,
a escola não vale nada.
O próprio Estado que quer empurrar os jovens para a escola até aos 18 anos é o mesmo que cria a possibilidade a esses mesmos jovens de, a partir dos 19 anos, poderem concluir o ensino básico ou o ensino secundário em 6 ou 7 meses. Grande valor tem a escola e a educação feita na escola!
É incrível, não é! Eu repito: o mesmo Estado que quer obrigar os jovens andar na escola durante 12 anos a
passear os livros e a incomodar quem trabalha, também lhes oferece, literalmente, uma certificação de 12 anos de estudos feitos em ...6 meses.
Portanto, difícil não é sentá-los, como dizia Marçal Grilo.
Nem é difícil empurrá-los, como quer fazer este Governo.
Difícil, difícil é atraí-los à escola. Difícil para o Estado é dar o exemplo valorizando a Escola e a Educação Escolar. Mais difícil ainda do que c. leis é desenvolver práticas e implementar políticas que, junto da sociedade, sublinhem o alto valor da escola. Mas isso não se consegue fazer até Outubro...
Reitor