A Ministra da Educação criou um novo prémio com a interessante designação de Prémio de Mérito Ministério da Educação - PMME.
Não. Não há engano. É mesmo "Mérito".
São 1000 euros por escola secundária: 500 euros para o melhor aluno dos cursos científico-humanísticos e 500 euros para o melhor aluno dos cursos profissionais ou tecnológicos.
O dia 12 de Setembro de 2008 vai ficar na história: Maria de Lurdes "Fotogénica" Rodrigues; Valter "Excesso Grave de Faltas" Lemos e Jorge "Sinistro" Pedreira vão correr o país com sorrisos de orelha a orelha, oferecendo cheques a esmo dando, sim, dando, o bodo aos pobres: quinhentinhos para aqui, quinhentinhos para ali, mais 50o para acolá, enfim, vai ser uma festa. Junte-se o livrinho para todos os alunos do 1º ano e o diploma para todos os alunos que terminaram o 12º ano e o trio não vai ter descanso. Cá para mim vai ser preciso chamar o mais importante "inginheiro" português e alguns dos seus ajudantes para fazer a festa. Afinal serão centenas de cheques de 500 euros e centenas de prendas para distribuir pelo país.
Há, contudo, um facto que me intriga: porque vai o Governo desperdiçar tantos foguetes num único dia? Como sei que a agência de propaganda do Governo não dorme, só vejo uma resposta plausível: para o Governo, todos os dias até às eleições serão dias de festa...
Vamos lá ao PMME.
Este prémio é prejudicial ao país, seja qual for o ponto de vista de análise.
1 - Do ponto de vista educativo e pedagógico é um retrocesso. Nunca se deveria entregar dinheiro aos alunos por obterem boas classificações. Este péssimo serviço está a ser feito por pais que têm dinheiro mas não têm tempo para os filhos. Pagam explicadores, pagam classificações, pagam para não se chaterarem com nada. A escola tem contrariado esta tendência de alguns pais abastados nunca oferecendo prémios em dinheiro. Vem agora o Governo desmentir todo o discurso e contrariar todas as práticas escolares dos últimos anos.
2 - É um prémio que carrega uma mensagem perniciosa: a de que as notas, as boas notas se compram.
3 - É um prémio injusto e iníquo que não distingue a qualidade das aprendizagens nem, muito menos a qualidade das notas. O melhor aluno de um curso profissional, ou outro, de uma escola pode concluir o 12º ano com média de 12 valores (e não será caso único). Porque é o melhor aluno dessa escola, receberá 500 euros. Por outro lado, nada receberão os alunos que, noutras escolas, concluiram o mesmo curso com médias muito superiores a 12 valores.
4 - É um prémio políticamente estúpido pois, ao invés de puxar a educação e a sociedade para cima, rebaixa-as ao nível de umas miseráveis centenas de euros oferecidos, não aos melhores alunos, não em bolsas de estudo, não em estágio e emprego; não em experiências científicas e ou profissionais, não. Nada disto.
É um prémio do género do insígne concurso "O Preço Certo em Euros". Simples, fáci e barato.
É um prémio tão básico, tão pouco académico, tão descontextualizado que só pode ser estúpido.
E existe porque quem o oferece não é quem o paga, não és verdad
Reitor
Acertou no alvo! Excelente argumentação.
ResponderEliminarObrigado
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