domingo, 24 de agosto de 2008

A liberdade de escolha e a autonomia NÃO passam por aqui

Esta notícia publicada no Jornal de Espinho fez-me pensar que estávamos, apenas, perante mais uma asneira da inevitável DREN que, na ânsia de mostrar serviço político – que não educativo, note-se - convenceu o pobre Conselho Executivo da Escola Secundária Manuel Laranjeira de Espinho a fazer um disparate: literalmente, pescar alunos à linha. Não lhe liguei nenhuma…

Acontece que outros ligaram… E, pelo que leio hoje no Umbigo, até ligaram em demasia.
Paulo Guinote (PG) deu-lhe a importância que não tinha, amplificou-lhe os particulares efeitos e as ténues consequências na defesa, obvia, da sua indefensável tese: a possibilidade de os pais escolherem as escolas dos filhos é prejudicial à educação dos portugueses e do sistema educativo pois gerará a ampliará “fenómenos de elitização/guetização entre estabelecimentos de ensino e das turmas no seio dos próprios estabelecimentos de ensino” e não melhorará o “desempenho ou a harmonia do sistema”.

No melhor pano cai a nódoa. E ao Paulo só faltou explicar como é que uma asneira da inefável Margarida Moreira, acolitada pelo esconso conselho executivo de uma única escola do país, pode vir a ter consequências tão trágicas para a educação dos portugueses.
Diz o Paulo que quando se advoga uma postura de «liberdade de escolha» por parte de escola e famílias, e uma maior autonomia na gestão dos estabelecimentos de ensino, o resultado - em especial quando validado pelas DRE -acaba por ser este.
Este qual? Em que parte da notícia vê você, Paulo, liberdade de escolha dos pais? Eu só vejo tentativas de limitar a liberdade dos pais. Só consigo ver acções que mostram como o Estado – através das suas repartições políticas – DREN e administrativas – Escolas – tem tendência a controlar, a condicionar e, no fundo, a enganar os pais e os portugueses. Não no interesse da educação dos seus filhos, não no interesse da educação daqueles portugueses, mas sim no interesse de insignificantes políticos e no interesse de breves objectivos de agentes pouco escrupulosos.
Em que parte da notícia vê o Paulo “competição” ou “concorrência” entre estabelecimentos de ensino? Será que há concorrência quando se telefona em surdina para alguns pais convidando-os para matricular os filhos numa escola? Será que há competição quando todas as escolas envolvidas não conhecem as “regras do jogo”? Quando se pretende jogar um “jogo” diferente daquele que está previsto na Carta Educativa?
Só se for competição viciada e concorrência desleal .

Penso que apenas se deve falar em competição e concorrência entre escolas quando as regras forem claras para todas e os critérios de acesso a cada escola puderem ser escrutinados e contestados também por todos.
Não tenha dúvidas de que a competição e a concorrência entre estabelecimentos de ensino e, a todos os níveis, no interior do próprio estabelecimento, serão benéficas e melhorarão a qualidade geral do ensino.
E, ao contrário do que sugere PG, mesmo que melhorasse apenas a qualidade de algumas, isso também seria benéfico para o desempenho e a harmonia do sistema educativo, no seu conjunto.
Porque tem medo que os pais escolham as escolas dos filhos? Você não escolheu a escola dos seus filhos? E não escolhe os seus médicos? E a sua seguradora? E o seu Banco?
Contrariar a possibilidade de os portugueses escolherem os serviços públicos que mais lhes interessam é negar um direito de cidadania apenas a alguns - os portugueses mais fracos e de menor condição social e económica - e proteger uma boa parte que, através do conhecimento, da cunha, do dinheiro e de outros expedientes, faz todos os dias aquilo que todos os portugueses deviam poder fazer e não podem: escolher, tomar decisões, acertar, errar, crescer...
Reitor

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