Há anos que tornámos o radicalismo de esquerda numa questão estética. Não interessa o que pensam os radicais de esquerda. Eles são os românticos, os sonhadores e os utópicos que provocam a mudança e a alternativa. É o “escritor de esquerda” que há quarenta anos fazia poemas a Vasco Gonçalves, saneava os colegas e que na versão do século XXI escreve compungido contra “esta ditadura dos mercados”. O “actor de esquerda” que é de esquerda porque ser de esquerda é “ser melhor pessoa humana” (O que será uma pessoa não humana?) O cantor que se diz “de esquerda” porque, garante não se sabe se a pensar na URSS se na Venezuela, a esquerda se preocupa mais com as pessoas e é solidária. O “humorista de esquerda” sempre tão respeitoso para com os líderes de esquerda e cáustico para os demais. O “professor de esquerda” que está ali não para ensinar mas sim para provocar uma mudança de mentalidades. O “padre de esquerda” porque Cristo, afiança, foi o primeiro comunista na Terra. E claro o “intelectual de esquerda” que em Portugal é mesmo uma categoria profissional que nos diz que o sistema está podre e tem de ser reiventado.
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