sábado, 19 de janeiro de 2008

O discurso dos cínicos, parte II

Na página da propaganda, o ME coloca mais um rebo sobre a dignidade da profissão docente e o respeito pela Escola:
As alterações ao Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário,publicadas no Diário da República, reforçam a autoridade dos professores e a autonomia das escolas,ao mesmo tempo que simplificam e agilizam procedimentos,conferindo maior responsabilidade aos pais e encarregados de educação
Observem bem o nº 3 do artigo 26º e vejam como o professor sai com a sua autoridade reforçada:
3— Fora da sala de aula, qualquer professor ou funcionário não docente, tem competência para advertir o aluno, confrontando -o verbalmente com o comportamento perturbador do normal funcionamento das actividades da escola ou das relações no âmbito da comunidade educativa, alertando -o de que deve evitar tal tipo de conduta.

Vêem: não fossem os deputados da Nação aprovarem esta Lei (aqueles que o fizeram) e os professores não tinham competência para advertir o aluno fora da sala de aula, nem sequer para o alertar de que deve evitar comportamentso reprováveis! E esta hein?

Reparem nesta outra pérola, também no artº 26º:

4 — A aplicação da medida correctiva da ordem de saída da sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar, é da exclusiva competência do professor respectivo e implica a permanência do aluno na escola, competindo aquele, determinar, o período de tempo durante o qual o aluno deve permanecer fora da sala de aula, se a aplicação de tal medida correctiva acarreta ou não a marcação de falta ao aluno e quais as actividades, se for caso disso, que o aluno deve desenvolver no decurso desse período de tempo.
Ou seja, nem o futuro Director da Escola nem o DT terão competência para ordenar a qualquer aluno que esteja a perturbar que saia das instalações onde decorre a actividade. Passou a ser uma competência exclusiva do professor respectivo. E funciona tipo cartão amarelo no basquetebol: sai durante 3 minutos e volta a entrar. Edificante para a educação dos jovens portugueses.

Reforço da autonomia da escola e da autoridade dos professores? Não pode haver maior hipocrisia.
Este estatuto do aluno é um hino ao eduquês e à deseducação pura e dura.

Reitor

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