Quanto à questão de fundo - a presença maior ou menor dos privados na Saúde -, a esquerda argumenta que «a Saúde não é um negócio», pelo que deve ser garantida essencialmente pelo Estado.
Ora, trata-se de uma falácia.
As farmácias também são um negócio e ninguém se propõe nacionalizá-las. E os medicamentos? Há maior negócio do que o dos medicamentos? Portanto, o ser um negócio não é argumento. A questão é outra: tem o Estado condições para ser o único protagonista na Saúde, podendo dispensar praticamente os privados? Pode o Estado garantir todas as valências neste setor? Não pode. O Estado não tem condições para gerir sozinho um setor tão gigantesco - além de que as pessoas têm todo o direito de poder optar na Saúde entre o público e o privado. Exceto por preconceito ideológico, não pode dizer-se que o papel dos privados na Saúde é negligenciável. Até por uma questão prática: as greves tradicionalmente são no setor público e não no privado. É assim em toda a parte: nos transportes, na educação, etc. Ora, se o Estado tivesse o monopólio da Saúde, o impacto das greves dos médicos, dos enfermeiros, do pessoal auxiliar, seria ainda maior do que é. Basta isto para mostrar a necessidade de um setor privado forte. Idealmente, nos vários setores da sociedade os privados devem estar presentes. Isso dinamiza mais a sociedade, gera competição, favorece o crescimento económico. Querer uma Saúde só do Estado é asfixiante e remete-nos para os chamados ‘países socialistas’ de triste memória. Ora, esta é a tendência da nova lei. E é mais uma razão para Marcelo intervir.
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