Passos representou ainda um modo diferente de fazer política. Não se intrometia nas decisões das empresas ou dos bancos, percebendo muito bem os limites do Estado e respeitando a liberdade económica. Colocou sempre os interesses do país à frente dos interesses do seu partido. Não distribuía afectos, mas dizia a verdade aos portugueses, por mais dura que fosse a realidade. Passos Coelho foi a maior ameaça ao establishment político português e este juntou-se para o derrotar. A geringonça mostra que o PCP pertence muito mais ao establishment do que julgam os portugueses e que teria muito a perder se Passos impusesse algumas das suas ideias. Também demonstra a ambição do BE de beneficiar do poder do Estado. Como alguém disse, acertadamente, o BE é cada vez mais um PS pequeno. Mas derrotar Passos Coelho não chegava. Era necessário transformá-lo num radical de direita, para a oligarquia continuar a defender perante os portugueses as ‘virtudes’ do regime.
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