Mesmo assim Marcelo transmitiu duas mensagens erradas. E tão perigosas como condenáveis.
A primeira foi a insistência na ideia, falsa, de que existe uma espécie de contradição entre a necessidade de rigor nas contas públicas e políticas de crescimento e emprego. É uma ideia errada, uma ideia que durante muitos anos nem sequer o Partido Socialista subscrevia, pelo menos no discurso. É exactamente o contrário: temos problemas de crescimento e problemas de desemprego porque temos um Estado e uma economia excessivamente endividadas, e temo-las porque durante muitas décadas não houve rigor nem contenção na gestão das contas públicas e nas mensagens enviadas aos agentes económicos privados, assim como às famílias.
A segunda mensagem errada foi a de que o sucesso de uma política orçamental que aposta no aumento do consumo não depende do rigor na execução orçamental: depende de um milagre, já que foram muitos anos de muito consumo que nos levaram quase à bancarrota sem nunca proporcionarem crescimento económico que se visse. As empresas portuguesas não necessitam de políticas de estímulo ao consumo das famílias – necessitam de reformas que contribuam para aumentar a sua competitividade, reformas que ou foram interrompidas ou foram revertidas com este Orçamento. Não é preciso esperar pelo “Plano Nacional de Reformas” para saber que se começou a fazer marcha atrás com o OE agora promulgado: Portugal volta a divergir da Europa por opção própria, por cedência à agenda dos partidos que apoiam o Governo".
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