Carta Aberta a Mário Soares
Trento, 30 de dezembro de 2014
Sr. Doutor
Quero agradecer-lhe, em primeiro lugar, o gesto altruísta, e muito digno, diga-se de passagem, de ter enviado uma carta ao seu grande amigo em prisão preventiva, José Sócrates. É um gesto que mostra bem o valor da solidariedade entre amigalhaços.
Sabe como eu o admiro pela forma como tem estado na política portuguesa - à margem, digo-lhe, que os europeus já se arrependeram mil vezes por não lhe terem dado aquele tacho de Presidente do Parlamento Europeu. Morcões. Dizia eu que a minha admiração por si advém do facto de o senhor ter sabido viver à custa do erário público português, durante dezenas de anos, obviamente pelo facto de o povo lhe reconhecer mérito. Sabemos os dois que os portugueses em França foram também seus amigos enquanto esteve no exílio.
Os poucos portugueses - cada vez menos, na verdade - que ainda lhe dão ouvidos, e crédito, são muitos mais do que aqueles que visitam o seu camarada e amigo socialista Sócrates, na prisão de Évora.
É por serem já poucos a dar-lhe crédito, que não se ouviu ninguém a apontar os disparates e aleivosias que V. Exa. diz e escreve na carta que dirige ao seu grande amigo na prisa.
Só um pequeno grupo de anti-democratas, capitaneados por V. Exa., pode dizer que o seu amigo está a ser tratado "vergonhosamente" pela justiça - que afinal está a funcionar - e pelo juiz de instrução.
Os que defendem o Estado de Direito, a Democracia, a separação de poderes, os princípios da equidade, do justo tratamento e da justiça para todos, as pessoas decentes, afinal, estão calados à espera pacientemente que a justiça faça o seu curso, que os culpados sejam punidos e os inocenets absolvidos.
Viva a República e a Democracia
Viva Portugal
Aceite um abraço de um seu velho admirador, que tanto o estimou e que agora, mesmo em retiro invernal nas propriedades italianas, fica triste com a figura patética que vai fazendo sempre que fala ou sai à rua.
Reitor
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