O professor Paulo Guinote podia fazer carreira na política. Tem a retórica dos políticos e, sempre que interessa, usa a demagogia nas doses adequadas para vender as suas ideias.
Pena é que os partidos políticos ainda não o tenham tentado. Ou, tendo, não o tivessem feito com o empenho necessário.
Vem isto a propósito de um arrazoado que ele postou com o título "Estava Na Gaveta...". Tivesse lá ficado e eu não perdia 10 preciosos minutos.
Talvez seja por isso mesmo - um arrazoado de asneiras - que não o publicam, hem?
Vamos ver o que diz este professor anti-liberdade de escolha da escola.
Primeiro, começa por glosar ao conceito de liberdade de escolha da escola com outras liberdades que nada têm a ver com aquela, lançando fumo sobre a questão central: as famílias deviam escolher a escola onde querem educar os filhos.
Depois, a demagogia escorre como a lava do vulcão da ilha do Fogo:
a) Liberdade das escolas para escolherem os alunos mais adequados ao seu projecto educativo
b) Liberdade dos alunos para escolherem o ritmo e estilo de trabalho mais apropriado ao seu perfil de aprendizagens e aos seus interesses pessoais
Inversão de liberdades: não é livre o fornecedor que escolhe os clientes (a isso chama-se monopólio). São livres os clientes que podem escolher de entre os vários fornecedores.
O alunos escolhem o seu ritmo e os seus interesses pessoais nas atividades de lazer. Ou depois dos 18 anos. Não no seu trabalho. Não enquanto materializam o seu dever de frequentar a escola. Não enquanto são menores.
O professor Guinote talvez ainda não tenha percebido que a liberdade dos jovens é menor que a dos adultos. Ou acha que não é?
c) Liberdade das comunidades escolares para adequarem o modelo de gestão a esse projecto e à sua identidade específica.
Cegueira conveniente: este Governo deu autonomia a centenas de escolas precisamente para que elas passassem a ter identidade, projetos e modelos de gestão próprios.
Importa dizer ainda que as escolas já podem criar estruturas de gestão dos seus projetos e estruturas de gestão que respondam a problemas específicos das comunidades. Há escolas com gabinetes disto e daquilo, com conselhos pedagógicos e conselhos gerais diferentes no número de membros, no tipo de membros e na própria organização interna.
Mas eu acho que o professor Guinote se refere à estrutura de topo, o diretor. Aconselho-o vivamente a defender a municipalização. Certamente as comunidades escolares ganharão autonomia para adequar o modelo de gestão das suas escolas.
d) Liberdade dos professores para escolherem as metodologias e práticas mais apropriadas ao trabalho com as suas turmas e alunos, à gestão dos conteúdos e à avaliação dos alunos
Falsidade mal vestida: os professores nunca fizeram outra coisa na vida que não escolher metodologias e práticas apropriadas, gerir os conteúdos previstos para cada disciplina e avaliar os alunos. Da forma como o Professor Guinote o diz, até parece que não é isso que fazem, o que não é verdade. Quem escolhe as metodologias e práticas utilizadas pelo professor Guinote nas suas aulas? Quem gere os conteúdos e ritmos de lecionação nas aulas que dá? Quem avalia os seus alunos?
Não se trata de distração. Trata-se de demagogia. Barata.
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