domingo, 23 de dezembro de 2018

Um Humano De Primeira


Penso que foi a música. Tocava numa orquestra alemã, tinha um professor extraordinário que dirigia 100 alunos, e éramos obrigados a praticar todos os dias. Disciplina, esforço, aprendizagem, tudo isso mudou a minha vida. Fizemos concertos um pouco por todo o mundo. Foi assim que aprendi a esforçar-me e a concentrar-me.
É que não são, de todo, valências soft. São as que vão ajudar-nos a fazer a diferença. Se for um professor de desporto, pode sempre treinar a resiliência, a coragem, a responsabilidade pelo seu desempenho e pelo desempenho da equipa. Quando toquei na orquestra, percebi isso. Cada um tem de fazer o seu papel num todo, é preciso muita disciplina, muito esforço, muito treino.

Afinal, um dos gurus das novas tecnologias da enseñanza, a tal que vitupera o treino, os exames, o trabalho, o esforço e exulta os projetos e as soft skills... enfim, a tal que fará dos outros humanos de primeira, não foi a que o formou a ele. O ensino e a escola que fez deste amigo o cidadão de segunda que é hoje - a escola do esforço, da disciplina, da aprendizagem, do treino - não é a indicada para as crianças e jovens portugueses, que almejam a ser cidadãos de primeira. De preferência sem precisarem de trabalhar...
Isto do rico andar a vender aos pobres o remédio de pobre faz-me logo lembrar dos defensores da escola pública que têm os filhos na privada.
É tudo farinha do mesmo saco.

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