quinta-feira, 9 de abril de 2009

GLASNOST

Se perguntarmos aos portugueses se preferem uma Administração Aberta ou uma Administração Fechada, eles dirão que preferem uma Administração Aberta.
Se lhes perguntarmos se querem um Estado transparente, no qual os cidadãos possam escrutinar as decisões que se tomam e examinar a forma como são tratados por esse mesmo Estado, a quem entregam parte dos seus proventos, todos responderão que sim.
Como já sabemos do que a casa gasta, não perguntamos a nenhum português se acha bem que o processo de licenciamento da sua habitação seja de acesso público. Muito menos perguntamos a qualquer funcionário público se acha bem que qualquer cidadão possa aceder à sua folha de vencimentos anuais. Já sabemos as respostas...

No passado dia 1 de Abril, não por ser esse dia, levantou-se uma nova polémica: a avaliação dos professores, depois de concluída, é de acesso público.
Não tardaram os mas...
Os tradicionais "defensores" dos professores, padroeiros da transparência, já vieram aplaudir a novidade... Com almofadinhas nas mãos. E todos eles eram contra o modelo de avaliação, entre outros motivos, porque o modelo não permitia uma avaliação justa e equitativa.
Transparência sim, mas, cuidado...

"Fenprof receia que acesso a documentos possa aumentar conflito entre docentes"

A FNE defendeu que o acesso ao processo de avaliação dos professores deve ser, na generalidade, reservado, embora considere que possa ser consultado em caso de reclamação ou recurso"

Não demorará muito a que os professores venham dizer que... pois... tá muito bem, mas...
Aliás, o professor José Matias Alves, o dos afectos, já lançou o barro à parede enaltecendo a portuguesíssima tese de se ser, simultaneamente, a favor de uma coisa e do seu contrário:

"Enfim, admitindo e defendendo o princípio da transparência, parece-me que neste caso o que se conseguiria seria uma maior opacidade e um acesso ilegítimo a dados que não devem estar na praça pública".

Bonitos exemplos estes a favor da transparência e da Administração aberta, ambas exigências de qualquer Estado que se diga de Direito, ambas com dignidade constitucional em Portugal...

Reitor

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