Se lhes perguntarmos se querem um Estado transparente, no qual os cidadãos possam escrutinar as decisões que se tomam e examinar a forma como são tratados por esse mesmo Estado, a quem entregam parte dos seus proventos, todos responderão que sim.
Como já sabemos do que a casa gasta, não perguntamos a nenhum português se acha bem que o processo de licenciamento da sua habitação seja de acesso público. Muito menos perguntamos a qualquer funcionário público se acha bem que qualquer cidadão possa aceder à sua folha de vencimentos anuais. Já sabemos as respostas...
No passado dia 1 de Abril, não por ser esse dia, levantou-se uma nova polémica: a avaliação dos professores, depois de concluída, é de acesso público.
Não tardaram os mas...
Os tradicionais "defensores" dos professores, padroeiros da transparência, já vieram aplaudir a novidade... Com almofadinhas nas mãos. E todos eles eram contra o modelo de avaliação, entre outros motivos, porque o modelo não permitia uma avaliação justa e equitativa.
Transparência sim, mas, cuidado...
Não demorará muito a que os professores venham dizer que... pois... tá muito bem, mas..."Fenprof receia que acesso a documentos possa aumentar conflito entre docentes"
A FNE defendeu que o acesso ao processo de avaliação dos professores deve ser, na generalidade, reservado, embora considere que possa ser consultado em caso de reclamação ou recurso"
Aliás, o professor José Matias Alves, o dos afectos, já lançou o barro à parede enaltecendo a portuguesíssima tese de se ser, simultaneamente, a favor de uma coisa e do seu contrário:
Bonitos exemplos estes a favor da transparência e da Administração aberta, ambas exigências de qualquer Estado que se diga de Direito, ambas com dignidade constitucional em Portugal...
Reitor
Excelente análise!
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