sexta-feira, 22 de setembro de 2006

' tou zangada!

Há vários dias que me debato com a indecisão de escrever sobre Educação e participar neste fórum. E se, por um lado, não é a matéria que falta - o que só dificulta a tarefa de ter de optar por um ou outro tema candente, por outro, invade-me o receio de resvalar na “ignomínia da má-língua do código pasquim”. E isto porque estou ZANGADA!
Sim, zangada … com o meu país, com a “inadjectivável” (desculpem-me o neologismo) classe política que o governa ou que se opõe ao exercício da governação na esperança de, numa qualquer eleição próxima, ocupar o benfazejo poleiro, zangada também, e claro está, com a Ministra da Educação.
Quanto ao meu país, sinto-me uma filha maltratada e desprezada. Sempre que sobre ele me debruço, sinto as lágrimas subirem-me ao cais e cresce-me aquela bola na garganta … Neste momento, por mais que ame o meu país e tenha orgulho de ser quem sou, portuguesa, só me apetece chorar perante o estado da nação e a sua incapacidade de sair do marasmo onde a cada dia que passa se afunda um pouco mais.
Com a classe política a minha zanga é mais racional e muito menos emocional; apenas constato: morreram definitivamente a causa pública, a noção de Serviço público! Vemos periodicamente um bailinho de cadeiras por esses gabinetes ministeriais onde grassa a incompetência, onde o que importa é ter o cartão do partido e não as qualidades e a experiência que devem possuir aqueles a quem compete mandar e decidir dos destinos alheios, e eis o busílis da questão!
Sobre Maria de Lurdes Rodrigues imploro a vossa paciência e comiseração, mas terei de me alongar um pouco mais neste post …
A Sra. Ministra da Educação iniciou o seu mandato atestada da prepotente convicção que encontraria as terapêuticas ajustadas para todos os males da educação nacional, envers et contre tous. À boa maneira dos sociólogos que tudo sabem, tudo analisam e a todos imputam culpas e responsabilidades… mas nunca são parte da solução!
A Sra. Ministra não percebeu que os problemas da educação são complexos, enraizados e estruturais, e se devem essencialmente à inexistência, neste país à beira mar plantado, de uma verdadeira Política Educativa coesa, coerente e consistente.
Bem sei que ao longos das últimas décadas num desnorte completo, tal embarcação sem rumo que navega ao sabor das marés, os sucessivos responsáveis pela pasta da educação realizaram sucedâneos de experiências pedagógicas mais ou menos bem sucedidas no estrangeiro e que teimaram em aplicar a uma realidade nacional que, tal balão de ensaio, andou a (de)formar alunos e a contribuir para os lugares de (des)prestígio que ocupamos nos relatórios Pisa e OCDE.
A Sra. Ministra não percebeu, ou teima em não entender, que não é com qualquer passe de mágica, ou toque de varinha de condão que, milagrosamente, se vão curar décadas de má gestão, incúria, reformas desastrosas – que ninguém teve a coragem política de travar, cedendo aos mais diversos lobbies que cercam a educação.
A educação em Portugal é uma manta de retalhos presa por fio pardo!
E de repente vem-me à memória uma tirada do douto colega - sentado à direita da Ministra, tal filho pródigo, no tão apalavrado debate (debate!!?? deixem-me rir!) dos Prós e Prós (é que os Contra estavam a vestir-se!) - o Sr. Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária das Taipas que afirmou exercer o cargo há dez anos e já ter conhecido sete ministros. Sim, sete!
Em suma: as escolas, os professores, os alunos e as famílias não mudaram, os dirigentes das escolas também não …. Agora sete ministros e outras tantas políticas (des)educativas numa década. Palavras para quê!
Desafio-o, caro leitor, a encontrar a anomalia.
E pergunto: não tenho todo o direito de estar zangada!?

Inspectora Geral

2 comentários:

  1. Aleluia.
    Seja bem-vinda sra. Inspectora Geral.
    Ai. Esta tirada: "Sempre que sobre ele me debruço, sinto as lágrimas subirem-me ao cais e cresce-me aquela bola na garganta …" é de Mestre. Linda.
    E, tens razão, em portugal confunde-se mudança com melhoria. A educação tem mudado muito...duvido que tenha vindo a melhorar.

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  2. De Director geral para a Srª Inpectora também geral

    Apoio e subcrevo o libelo contra todos os crápulas e quejandos que tanto mal têm feito ao país. Mas, Sr:º Inspectora, não é preciso tanta amargura! Amragurados é que não vamos a lado nenhum.

    A eles e em força!
    Hasta la victoria, siempre

    Director geral

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